𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 - Agatha Volkomenn

𝘼𝙜𝙖𝙥𝙚

Sentir-se viva era algo que Giselle não presenciava há anos. Era meio irônico visto que o conceito de se sentir vivo para algumas pessoas significava se arriscar, viver intensamente, e isso era o que a Laurent mais fazia em sua vida devido ao seu atual trabalho, mas ela nunca se sentiu verdadeiramente viva, não até o momento. Gostava da sensação, teria que agradecer ao universo por isso depois.

Ela estava sentada no balcão da cozinha falando com Mia no telefone. Giselle conhecia muito bem a melhor amiga, sabia que se demorasse um pouco mais para contar sobre a sua 'relação' com Agatha a Aanchi iria surtar, e bem, ela já estava surtando agora.

— Eu sei, eu ia te contar ontem mesmo mas eu não te achei na ordem — A garota suspirou, dando uma risada baixa ao escutar a amiga reclamar no telefone — Mia, ninguém sabia disso também, relaxa, você sempre vai ser a primeira pessoa pra quem eu vou contar essas coisas.

— Mas e aí? Como tá indo tudo? — A voz de Mia soou na chamada via celular. Giselle cruzou as pernas, tentando ficar mais confortável no balcão.

— Não aconteceu nada demais, também não conversamos nada demais — Ela riu, sabendo onde a amiga queria chegar.

— Giselle! Toma iniciativa garota! Vai ficar no morno pra sempre?

— Ih, olha a hora Mi, a gente se fala mais quando eu chegar na ordem, beijo, tchau — Ela disse desligando na mesma hora, sem deixar que a chinesa respondesse.

Não sabia se era bloqueio ou medo que a impedia de ter uma conversa profunda sobre o andamento da relação com Agatha,  achava que ainda estava muito cedo, mas o quanto tempo ela deveria esperar para ser o suficiente? Talvez ela ficasse calada por enquanto, não queria impor nada.

Ela sentiu algo se apoiar em seu ombro, o que a fez dar um pequeno pulo enquanro ainda estava sentada. Ao virar, percebeu que Agatha estava com a cabeça apoiada em seu ombro, olhando para o que ela estava fazendo.

— Se você não quer se atrasar é melhor a gente ir andando — A morena falou, olhando de relance para a francesa — Mas se não, eu não me importo de ficar mais um pouco, sabe que pontualidade não é muito a minha praia.

— Que susto garota! — Giselle reclamou baixinho, revirando os olhos — Se fosse por mim eu demoraria mais um pouco, mas se eu atrasar muito Deméter come meu rim no almoço.

— Você se assusta muito fácil, tá devendo é? — Agatha se afastou, rindo enquanto pegava os capacetes — Então é melhor a gente ir indo.

Ela pensou em conversar naquele momento, já que estava reflexiva com as palavras da Aanchi. Do que Giselle tinha medo? Será se ela estava indo rápido demais por pensar assim? Ela deveria ter mais calma, olhe bem para os antigos relacionamentos dela! Ela não queria estragar o que estava construindo com Agatha. Que situação.

— Ô francesinha! Viajou foi? — Agatha estava de braços cruzados na frente dela, olhando para ela com uma cara confusa.

— Desculpa, acabei pensando demais....Vamos? — Ela comentou, vendo a garota assentir.

Agatha já estava bem desconfiada do que poderia estar se passando na mente de Giselle, visto que durante todo o caminho ela estava calada e não havia reclamado uma vez sequer da velocidade em que ela estava dirigindo. Com isso quero dizer, agora eram duas ansiosas que estavam vivendo algo genuíno pela primeira vez ficando insegura se estavam fazendo a coisa certa e se eram o suficiente uma para outra. As vezes a falta de comunicação faz as coisas ficarem realmente um pouco complicadas, principalmente se sua cabeça for uma zona de guerra.

— Ei, tá tudo bem mesmo? — A morena comentou enquanto descia da moto e tirava o capacete.

— Hm? Eu realmente viajei muito não é?....Mas não se preocupa Agathe! Não é nada demais, eu prometo, te vejo depois.— Com um sorriso sem graça ela se aproximava, era uma tentativa de um beijo na bochecha ou um abraço, mas o pensamento martelava "Não é cedo demais?". Elas apenas sorriram uma para outra e seguiram para suas devidas salas, ainda com um ar meio constrangedor.