De repente pai

07. Mudança de humor

07. Mudança de humor

Por Kory

Muitas pessoas afirmam sentir-se caindo de verdade quando sonham estarem caindo de um penhasco ou de um avião, por exemplo, apesar de estarem imóveis e confortáveis em uma cama. Isso as faz acordar subitamente quando a sensação piora e o medo os faz despertar.

Tony não estava sonhando com nada disso, no entanto, ele sentia seu corpo ficar molenga, indo para cima e para baixo repetidamente, como se ele estivesse deitado em uma cama elástica. Ele não pulava em uma há muito mais de uma década. Portanto, foi estranho o suficiente para despertá-lo do que quer que estivesse sonhando. Seu corpo indo para cima e para baixo.

Tony gemeu, já prevendo dores nas costas por esses movimentos bruscos. Saindo aos poucos do mundo dos sonhos, ele foi ouvindo uma voz infantil, o que era incomum, o chamando para acordar.

Forçando seus olhos a se abrirem, Tony se depara com um garotinho pulando no seu lado da cama, tendo a imagem dele um tanto embaçada por estar acordando.

— Hum...

— Finalmente acordou! — A imagem do garotinho foi ganhando nitidez quando ele coçou os olhos. O menino parou de pular, ficando sentado de joelhos na cama, bem do seu lado. — Você dorme que nem uma pedra, Tony!

— O que... — Sua voz saiu rouca pela falta de uso. Bocejou. — Q-Quem...Como...você entrou no meu quarto?

— Hãn...tecnicamente, o senhor está no meu quarto, já que aqui é o quarto de hóspedes e o senhor disse para eu dormir aqui. Eu te pedi para contar história ontem e você acabou dormindo com a minha história, o que me faz lembrar que você tem que acreditar nas histórias de dormir.

Tony franziu o cenho, colocando sua mente em ordem e enfim se dando conta de que este garoto era Peter, seu recém descoberto filho perdido.

Ele bem se lembra de tentar contar uma história para o menino, mas acabou que Peter lhe contou uma no lugar dele e depois disso sua memória se tornava um breu, comprovando que tinha caído no sono ainda na cama que não era sua e nem de longe tão confortável quanto.

— Ótimo. Esplêndido! — Resmungou, ouvindo suas costas estalarem ao sentar-se. — Graças a sua historinha infantil, vou ficar com dor na coluna pelo resto do dia por não ter dormido na minha própria cama, que a propósito é feita sob medida para mim.

— Mas essa é a melhor cama que eu já dormi! Não que eu esteja reclamando da minha na casa da...mamãe, ela é ótima, só que essa...é como dormir nas nuvens!

Peter sorriu largo, deitando na cama.

— É porque você nunca dormiu na minha — Tony murmurou e estalou o pescoço. — Que horas são, hein?

— Sete e meia.

— SETE E...— Tony mordeu o lábio para não soltar palavrão na frente do menor. — Garoto, você não sabe ter um sono de beleza decente — disse, olhando-o horrorizado.

Peter riu.

— Tem que acordar cedo para aproveitar o dia, Tony!

Tony suspirou.

— Por acaso você comeu uma montanha de açúcar na minha cozinha sem permissão? Porque não é humanamente possível acordar a essa hora da manhã com tanta energia.

— Eu sou criança, oras! Tenho energia pra dar e vender!

— Pois eu sou velho, não tenho mais...Não! Esquece isso! Estou na flor da idade, só um pouco mais velho do que você para tanta alegria pela manhã.