Boas lembranças

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No domingo, um dia antes de suas aulas começarem, Lilian foi a primeira em sua casa a acordar graças as luzes vermelhas e ao som barulhento de seu despertador, o sol ainda não tinha nascido, a garota mesmo assim decidida, resolveu colocar seus shorts, um moletom quentinho e seus tênis para caminhar na praia, coisa que ela não costumava fazer diariamente, apenas quando se sentia incerta.

Na beira do mar, o sol nascente tingia de um rosa avermelhado o horizonte e converte as nuvens esparsas em algodão-doce de framboesa. Mais a frente, sobre o centro do mar, nuvens escuras se formavam. Uma tempestade se aproximava, o que fez Lilian se lembrar de sua infância quando ainda morava no Brasil: as pancadas de chuva iluminadas pelo sol que sempre aconteciam em seu aniversário, a risada sincera de seu irmão e a preocupação de seus pais ao verem as nuvens chegarem. A forte tempestade vinha rápido, e os dois irmãos gritavam sem se importarem quem podia ouvir, enquanto gotas de água deslizavam pelos rostos dos quatro e pregavam as suas roupas contra seus corpos: Davi e Lily, Eric e Morgana pulavam girando girando em uma roda.

Todas as outras pessoas corriam em busca de algum espaço para se protegerem da chuva, com casacos sobre suas cabeças, mas Lilian e sua família dançavam, chutavam e pulavam sobre as poças embaixo da chuva que caía.

E essa foi uma de suas lembranças prediletas do Brasil.

Lilian foi surpreendida com os chuviscos que caiam sobre seu corpo, a garota tirou seu moletom ficando somente com o shorts e o sutiã do biquíni, começou a dançar como se não houvesse o amanhã sob a chuva que caia em cima da mesma na praia. Se tivesse 4 pessoas quando ela chegou já era muito, depois dos chuvisco estava deserto só ela e o mar a sua frente, não queria entrar no mar, mas queria ficar na chuva.

Aproveitou os próximos poucos minutos que restavam dos chuviscos, abrindo então, um arco-íris que deixava a garota fascinada. Ao mesmo tempo, um céu azul luminoso, chegava depois das nuvens carregadas, lançava raios de sol e iluminava os poucos pingos que restavam.

E tão rápido quanto a tempestade surgia, ela desaparecia, deixando árvores gotejantes e poças na rua que refletiam o céu. Era um fenômeno que Lilian amava. Pelo fato de tantas memórias boas que aconteciam nos dias de chuva, tornou-se uma marca especial em sua vida.

Lilian então caminhou até a beira do mar e respirou fundo diversas vezes para pôr a respiração sob controle devido ao pico de energia que acabara de ter.

Ela chegará à Califórnia dois anos atrás, foi difícil se despedir de sua vida no Brasil, mas sabia que começaria uma nova história nos Estados Unidos.

Lilian passou o resto de sua manhã na praia, estava totalmente desorientada sobre o tempo saiu sem relógio sem celular deixando apenas um bilhete sobre o colchão

"Fui caminhar na prainha, amo vocês" — e um coração.

A garota só voltou pra casa quando sentiu sua barriga roncar e a praia começar a encher de gente, dia de domingo, certo?

Caminhou até sua casa que não era tão longe uns vinte minutos de caminhada no máximo, okay! pode ser longo para algumas pessoas, mas Lilian não se importava. Estava segurando o moletom no braço pois estava fazendo um calor extremo de manhã, mas, tentava cobrir seus seios com ele para evitar olhares inapropriados de homens com o dobro de sua idade.

Não sabia de onde tinha tirado essa ideia de sair com esse moletom, o sol estava de rachar o que lembrava sua cidade, Recife...

Tinha saudade de seus amigos, família, sua vida.

Riu ao se lembrar de algumas vezes que sua mãe tinha xingado alguns dos pernambucanos que atravessavam com o carro em sua frente, gente errando a mão na hora de entrar nas ruas e virava aquela confusão.

The Red Stamp - Obsession (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora