The Red Stamp - Obsession (Billie Eilish)

Pingando de Desejo

Lilian estava inquieta esperando Billie, o céu já estava escuro, a cafeteria vazia prestes a fechar a maioria das luzes já estavam apagadas e Lilian quase cochilava na bancada seus braços apoiavam sua cabeça porque a bancada era desconfortável para ficar com a cabeça ali. Seus pés balançavam ansiosos e seus dedos formavam desenhos imaginários no granito da bancada.

Seus olhos desviaram em segundos para a porta de vidro quando ouviu o sininho apitar. Billie sorriu vendo Lilian quase pulando do balcão. A ruiva correu em direção a Billie. Lilian alisou os braços da loira, Billie notou ela analisar cada mínimo detalhe seu.

— Como foi? Ele não foi pra cima de você não, né meu bem? — Ela perguntou preocupada segurando o maxilar de Billie — eu juro que se ele encostar em você de novo eu pego ele para dar meia hora de surra, com relógio parado! — disse fazendo Billie rir

— Não, ele não fez nada Lilian! — ela negou com a cabeça — está tudo ótimo, não se preocupe! — Billie puxou as mãos de Lilian que estavam em seu maxilar e a puxou para se sentarem em um dos puffs perto da estante — agora podemos namorar, certo? — Billie disse sorrindo, o sorriso mais verdadeiro e brilhante que Lilian já viu em sua vida — era isso que ia me dizer?

Lilian respirou fundo, escolhendo as palavras certas, mordeu a bochecha e disse: Também, mas tenho algo que quero te dizer, e estou tentando te falar desde que fiquei sabendo, eu tentei te ligar ontem, quando aconteceu... — Lilian estava se enrolando e perdida em suas próprias palavras.

— Fala Lilian, eu estou nervosa agora! — a expressão alegre passava tornando uma preocupação e curiosidade.

— Ontem sua tia, Elizabeth, veio aqui... Ela estava acompanhada de um casal, era Finneas e a namorada dele! — ela disse tentando não embaralhar suas palavras pelo nervosismo, em instantes toda aquela felicidade de Billie parecia desaparecer deixando o vazio de sempre.

— Finneas?... Em Los Angeles, com a minha tia? Mas por quê? — ela engoliu o choro que estava prestes a vim — O que? Por que ela não me disse nada, não, não quero saber mais dessa história, melhor que ela nem me conte!

— O que? Billie é seu irmão!

— Não é mais, ele me deixou praticamente me largou na cova dos leões! — ela murmurou sentindo lágrimas caírem

— Não é pra tanto Billie! — Lilian tentou acalmar, Billie estava sentada no chão com a cabeça encostada nos joelhos de Lilian sentada no puff, foram seguidos para Billie levantar a cabeça e olhar a ruiva

— "Não é pra tanto"? Não é pra tanto porque não foi você que passou anos sendo tratada como um verme pela sua mãe, cada cicatriz que nunca sumiram da minha pele não é pra tanto? — Lilian engoliu o seco tentando formular uma frase, ela imagina, Billie já tinha comentado algo do tipo. Agora ela precisava pensar e tomar cuidado em dobro no que falava.

Sem palavras, puxou Billie para se sentar no puff, ela estava igual uma criança, sentada em metade do puff, suas pernas em cima das de Lilian e se afundava ainda mais no peito da ruiva procurando o conforto que em anos só conseguiu encontrar nela.

Billie sabia que Lilian não tinha falando por mal, ela mesma nunca se abriu diretamente com Lilian sobre seus traumas, não conseguiriam nem tão cedo.

Nada que Lilian pudesse falar poderia acalmar Billie, o jeito foi ficar agarrada nela dando apoio e segurança que ela precisava.

O tempo passava tão rápido quando estavam juntas,Billie já estava mais calma, brincava com as rendas da regata verde musgo de Lilian. A ruiva por outro lado alisava o cabelo de Billie admirando a menina.

Nos olhos dela, um oceano profundo, reflexos de segredos, de um mundo fecundo. Sua pele, era suave como a névoa daquela noite, carrega a fragilidade que o tempo não vem. Os fios brancos dos cabelos, balançavam a cada toque, seu sorriso, um sussurro, um toque de dor, desvela a beleza que brota da flor. Sua voz, um eco de sonhos perdidos, fala sobre tristeza, os risos profundos e tristes. Cada palavra, um lamento, uma brisa a passar, um retrato de vida, uma arte. E assim, ela vivia, entre luz e melancolia.