em questão de segundos

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Annabeth

As vezes Annabeth se sentia uma farsa, como se de repente tudo que ela fez, tudo que ela deu sangue, suor e lágrimas tivesse vindo fácil demais. Agora ela tinha uma confirmação. O pior de tudo naquele momento era Percy lhe mostrando uma simpatia que não merecia, como se ela fosse de alguma maneira válida. Ela quase queria empurra-lo para longe e dizer que ele deveria repensar sua decisão. Era estranho pensar que naquele momento estava chorando em seus braços quando mais cedo naquele dia mal faziam contato visual por uma inocente vergonha.

"se sua mãe não vê a filha que tem então o problema é dela." - afirmou ele com os olhos brilhantes. - "ah! poderíamos bolar um plano, talvez eu ou Leo pudéssemos atear fogos de artifício no prédio, então poderia fugir...e tomar sorvete." - disse brincando. Por alguma razão isso se tornou a coisa mais engraçada do mundo naquele momento. Conseguia ver a cena completa, desejando verdadeiramente que acontecesse e nunca tivesse que enfrentar nada outra vez. Annabeth detestava chorar, mas detestou ainda mais sua risada de porco que simplesmente não conseguia segurar.

"Deuses porque tinha que gostar de alguém tão idiota?" - questionou se revirando e pondo suas mãos sobre a cintura do menino, era muito cômico quando fazia esse tipo de coisa pois Percy se tornava rosa e quase escondia o rosto. Como se um milhão de outras meninas não possivelmente tivessem feito aquilo antes. Ela sentia muito prazer em fazê-lo se envergonhar, porque ela mesma se esquecia de ficar vermelha.

"posso te contar uma história?" - perguntou o garoto.

"sou toda ouvidos."

"quando eu fui expulso de um colégio pela primeira vez eu morri de medo. Não tinha feito nada demais, só brigado com um cara e tirado umas notas ruins, mas eu pensava que se meu pai voltasse um dia ele ficaria muito decepcionado...bem, acho que não faz muita diferença agora mas, as vezes eu queria que ele tivesse me ligado para reclamar. Acho que eu sempre preferi raiva a indiferença." - o verde mar tornou-se distante, quase melancólico, ele tirou uma fotografia de debaixo do coxão. - "o pior é que sou a imagem dele, sempre vou parecer alguém que abandonou todo mundo, que deixou minha mãe pra trás. Mas você não tem essa mancha, você pode viver sua vida sem convidar quem nunca te deu amor, você pode ser extraordinária."

Talvez ele pensasse aquilo a muito tempo mas pareceu ser a primeira vez que realmente expressava em palavras. O jeito cauteloso que escolhia as palavras caiu por terra quando ela simplesmente o puxou para perto e sussurrou. - "você não é uma mancha cabeça de alga, você é a porra de um herói."

     Ele depois disso fez um movimento surpreende e pela primeira vez tomou a iniciativa de beija-la, puxando sua cintura e fazendo-a ficar quase sem ar. Da última vez ele tinha sido pego de surpresa e demorado alguns bons segundos para se situar, dessa vez parecia determinado a provar que podia fazer melhor. Ele pressionava seu torço contra o outro com força e deixava suas mãos deslizarem porem apenas onde já havia tocado antes.

"desculpa..." - sussurrou ofegante - "...eu devia ter perguntado?" - questionou tentando delimitar seu relacionamento. Ele ainda segurava a barra da camisa da loira.

"não! faz o que quiser comigo..." - ela corrigiu-o piscando. Agora soava desesperada por algo que tinha acabado de conhecer. - "...não literalmente, não daquele jeito. Quer dizer desse jeito." - finalizou. Ele riu de maneira charmosa em resposta. Como podiam ser tão desleixados? conhecer tanto e tão pouco.

      O mundo parecia um conto de fadas por um momento, preenchido pela embriaguez do amor jovem. Porem em questão de segundos tudo se foi, em um virar de chave Percy ficou atento como um guepardo.

Notas da Autora

     capítulo curto mas fofo pois o próximo é bem pesado em questões familiares

gente não vou mentir que minha família é um máximo mas escrever sobre famílias quebradas just tastes different

academia meio-sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora