𝐖𝐀𝐕𝐄𝐒, jaden walton

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helena bellezi

deixei jaden na mão.

não, ainda não havia deixado jaden na mão. mas foi por pouco

eu sentia tanta raiva dos meus pais. não demorou para que depois que eles cancelassem meu cartão, eu recebesse uma mensagem dizendo "quando parar de ser mimada, terá seu dinheiro de volta".

e esse é o ponto. não é meu dinheiro, eu não fiz nada pra ganhar esse dinheiro. e normalmente eu até deixaria de lado porque eu não preciso e nem quero o dinheiro deles.

mas é por jaden o que eu faço. eu o quero feliz e dei minha palavra que pagaria o campeonato dele

assim que ele adormeceu, sai de casa e peguei um táxi até a minha casa.

voltar aqui depois de tanto me dá arrepios. o sofá em que eu e jaden nos beijamos uma única vez ainda está no mesmo lugar. olho
um pouco para tudo antes de ir ao escritório do meu pai.

um pouco desorganizado, como sempre. cheio de papéis e contratos, espalhados por tudo. meu pai sempre trabalha até tarde, ultrapassa seu próprio limite e apenas sai quando já está exausto, sem organizar nada. ele é assim. minha família é assim

caminhei até a gaveta da mesa, aquela que estava trancada, diferente das outras. procurei a chave por todos os lugares e quando por fim encontrei, abri alegre a gaveta

— te achei

em minhas mãos, peguei aquela caixa que vale muito mais que muitos patrimônios dessa cidade. retirei apenas o necessário dela, a quantia que eu ia precisar para os próximos meses, pra manter minha qualidade de vida e o que jaden iria precisar para o campeonato

consegui sair de fininho de casa e deixei tudo como estava, meu pai é bitolado até com a própria bagunça.

peguei o ônibus e voltei para a casa dos walton, com cuidado para não acordar ninguém. delicadamente destranquei a porta da frente e a tranquei de volta, mas quando me viro pronta para subir e me esconder sorrateiramente debaixo dos cobertores ao lado de jayla, vejo jaden me observando com cara de surpreso da poltrona

— eu tava te esperando— ele diz com os braços cruzados

— desculpa. eu tava.... — pensei por alguns segundos antes de soltar o pior que eu poderia ter soltado — tava regando as plantas

— estranho porque eu fui lá fora e não te vi — ele disse dando uma risada desconfiada — para de mentir lena, onde você tava? e porque demorou?

— a quanto tempo tá me esperando?

eu sabia bem que a visitinha na casa dos meus pais não demorou menos do que uma hora

— tipo, o suficiente pra saber que você estava longe — ele se levanta ao meu encontro — achei que confiássemos um no outro

— eu fui na casa dos meus pais ta? é isso — abaixei a cabeça tímida — fui buscar dinheiro. eles não sabem que estive lá

— você tipo, roubou seus pais? por que?

— por você. você não tá só sendo meu namorado fake como tá me abrigando na sua casa. eu precisava do dinheiro, eu precisava

— e o que vai acontecer quando eles notarem?

— sinceramente, eu não sei — digo rápido — mas não estou pensando nisso. tô pensando no seu campeonato, no seu sonho

digo em tom alto, tentando me defender de algo que ele nem estava me acusando. eu não sabia o que pensar de mim mesma, não estava certo, mas não estava errado. eles tem o dinheiro da minha poupança, e peguei uma quantidade necessária, apenas

sem reação, cruzei meus braços agoniada, esperando uma resposta de jaden

mas calmo e compreensível ele caminha até mim e segura meu braço gelado. seu toque é leve, ele estava bem. e agora eu estava também

— eu sei que está na defensiva porque sempre brigaram com você, sem necessidade— ele me abraça cuidadosamente, e encosta o queixo na minha cabeça — obrigada pelo que você fez por mim

— é o único jeito que eu posso recompensar você, desculpa — senti que iria chorar, segurei o máximo que consegui

— não não, não é verdade — ele riu — sua presença me recompensa todos os dias, garota. eu não quero só o seu dinheiro, não. você é muito mais pra mim do que isso

funguei horrivelmente e dei um sorrisinho sem mostrar os dentes

— e o campeonato?

— eu vou dar um jeito — ele diz — minha prioridade agora é você ficar bem tá?

ele me abraça apertado.

sem dizer nada, ele acaricia meu rosto calmamente, e ficamos abraçados no sofá apenas com o silêncio de fundo. apaguei ali mesmo sem sentir nenhuma dor mais

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