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jaden walton

— oi irmão, trouxe um brigadeiro pra você

javon entrou com um sorriso receptivo em meu quarto. ele carrega um prato com brigadeiro recém preparado. tento forçar um sorriso a ele como agradecimento mas meu irmão gêmeo me conhece melhor que ninguém. ele se senta na beirada da minha cama, e suspira fundo

— pode falar — ele diz

sei que jav está me dando abertura para um desabafo. então assim faço

— como é que uma coisa assim machuca tanto?— pergunto — preciso de um copo de cerveja e espero que nela esteja minha solução

— jad precisa ter outra solução. você tá a uma semana assim

— não tem dia nem hora pra acabar jav — suspiro — meu deus, não. eu não posso enfrentar essa dor do amor, não posso

ele me puxa para um abraço que logo solto

— estou ficando louco — sussurro

— ela mandou um convite extra — jav comenta— você foi convidado pra cerimônia

— vou me recompor logo — digo, tentando me conformar com isso — e ir ver ela. ela merece ser feliz, apesar de que não acredito que ela possa ser feliz com aquela gente

— temo que sim. ela parece feliz pelas fotos dos paparazzis da revista — ele da duas batidinhas em meu peito antes de se levantar — talvez devêssemos aceitar

— sei lá tem algo de estranho nisso. a casa dela era tão obscura quando eu a conheci. aquela família também. não tenho certeza que sabemos de tudo, jav

— isso não é mais problema nosso irmão

a imagem dele se distancia a medida que ele vai para a porta, e javon vai embora, cansado do que eu sempre tenho a dizer

eu passei cinco vezes na janela de lena desde aquela vez. e ela não me atendeu nenhuma das vezes. o detalhe é que eu sei que ela estava lá, eu a sentia, encostada na janela da sacada, querendo estar do outro lado.

mas prometi não desistir ainda. eu prometi

me levantei da cama, tomei um banho e arrumei o cabelo. não avisei ninguém em casa que estava saindo, mas peguei o passe de ônibus da minha irmã pra chegar mais rápido no bairro da elite.

me certifiquei de que quando eu parasse no ponto de ônibus, eu achasse uma floricultura pra comprar um buquê

— oi senhora tudo bem?— me encosto na sua bancada, analisando bem todas as flores — quanto é aquele buquê?

apontei para o maior de todos, e mais bonito buquê de lírios

— 289 jovem — a senhora diz e não finjo não estar surpreso. que tipo de flor custa tudo isso que droga

— nossa. qual buquê mais barato de lírios você tem?— pergunto

— este de 25

a gentil senhora segura e me entrega um buquê com pouquíssimas flores, e pra várias nem estavam tão vistosas. sei que esse é o máximo que eu posso pagar, por isso não temo com ela.

— aqui, é em dinheiro

lhe entrego tudo que eu tinha e agarro o buquê com força. porra de flores caras. mas valem a pena. nisso eu não tenho dúvidas

— eu posso escrever um cartão?— pergunto a senhora

— claro. aqui está

ela me entrega um papel e caneta e começo a escrever tudo que está na minha mente a muito tempo. tudo que ela deve saber que eu sinto, apesar de que é difícil pra ela acreditar que ainda tenho sentimentos. eu deixei lena na mão

agradeci a senhorinha e comecei a andar até a casa de lena. subi com certa dificuldade na sacada, complicações em razões da flor e do bilhete em minhas mãos

ela iria se casar em 1 semana. sei que minhas chances são nulas mas não posso deixar de tentar. ela nunca mais abriu a janela pra mim, mas eu a vi esses dias atrás, em uma das lojas de grife da cidade, experimentando um vestido de noiva.

meus olhos se encheram de água. obviamente eu não entrei na loja, mas a olhei de longe. ela tava sorrindo e tava realmente feliz

talvez ela possa ser feliz naquele lugar

mas eu ainda precisava falar

dei duas batidas simples na sacada e comecei a falar

— eu sei que não vou te ver hoje. mas eu estou deixando um presente aqui fora

dou um suspiro alto. eu sinto que ela está do outro lado me escutando

— você precisa pega-lo...

ela abre a sacada. helena abriu a sacada. ela estava com bobs no cabelo, sem maquiagem ou qualquer acessório. estava de pijama rosa listrado. eu me apaixono com cada versão dela que eu conheço

e ela segurava um buquê grande e formoso. tão grande que ela mal conseguia carregar direito. mas havia um detalhe

— não são lírios — digo olhando para as flores

ela vê que estou carregando um buquê também, e meus dedos prendiam entre eles um cartão rosa. ela solta o seu buquê grande e o deixa cair no chão. seu quarto está rodeado com vários daquele, mas de cores diferentes

— obrigada — seus olhos se enchem de água. mas não entendo o porque.

meu buquê é feio e quase não há flores. enquanto os outros em seu quarto, são enormes e coloridos, devem ter sido uma nota

mas mesmo ela o pega com muito cuidado

— tem um bilhete também

e eu o entrego, e ela segura com tanto cuidado quanto com as flores

— é melhor você ir agora ...— ela sussurra — obrigada pelos presentes

— eu não virei ao casamento

digo rápido

— e acho que vai ser a última vez que nós vamos nos ver. desculpa por toda dor que eu te causei, por te puxar pra bagunça da minha vida. e eu te desejo, toda, toda felicidade do mundo na fase nova da sua vida

— eu te amo jaden

não sei como reagir a sua expressão de afeto, mas sei o que eu quero dizer

— eu te amo

estava na hora de ir. desci pela sacada, enquanto lena ainda me olha, com tristeza no olhar, quando já estou um pouco distante, eu olho para lá uma última vez, mas ela já havia ido.

𝐖𝐀𝐕𝐄𝐒, jaden walton Onde histórias criam vida. Descubra agora