Não era eu ali

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— Pode entrar Hina... – Observei Hanabi se mover com uma mão segurando as costas. Ela me viu parada ainda na entrada e me olhou intrigada – O que foi?

— Achei... Que você nunca moraria em um apartamento – Perguntei, entrando de maneira tímida, lembrando que ela repetia muito isso.

— Ah, nem eu acredito. Mas, o Konohamaru gosta e está pago, então...

— O Konohamaru? – Repeti abismada. Ele era nosso vizinho e amigo de infância. E sempre demonstrou interesse em Hanabi, porém ela nunca deu bola para ele.

— O próprio... – Ela falou animada – Eu mesma não acreditei quando percebi que gostava dele. Até tentei resistir, mas, enfim... Vem, senta aqui. Quer beber alguma coisa? Só tenho suco... Mas vou fazer um café rapidinho. Ou quer tomar um banho primeiro?

Falou enquanto se movia rapidamente pela cozinha. Era dessa Hanabi, mais enérgica, que eu me lembrava. Porém ela estava diferente. Tão madura...

Adulta.

E claro, tinha a barriga.

— De quanto tempo você está?

— Sete meses.

— Sete? – Perguntei incrédula.

— Sim! Não vejo a hora desse meninão nascer. Dá muita dor nas costas.

— É menino? – Falei empolgada, pois sempre conversávamos sobre ter filhos e nós duas queríamos ter meninos.

— Sim! Nós surtamos quando descobrimos, Hina, olha... – Hanabi pegou o celular dela e veio até mim, mostrando algumas fotos e um vídeo do chá revelação dela – Alias, você já sabia antes de mim, foi quem organizou o chá.

Mas, claro que eu também não me lembro disso.

As fotos mostravam um dia alegre e divertido, porém tão distante para mim. Ela parecia feliz. Eu parecia feliz... Mas, não era eu ali.

— Vai mesmo se chamar Neji? – Perguntei emotiva, vendo o nome nas fotos.

— Foi o que combinamos, certo? Quem tivesse um menino primeiro usava o nome. E Konohamaru não se opôs.

Neji era nosso primo. Morreu nos salvando de um afogamento, quando ainda éramos crianças... Então, nos duas queríamos usar seu nome se tivéssemos um menino, para homenageá-lo.

— Aqui, come um pedaço – Ela pegou um bolo que já estava pela metade e colocou na mesa – É de laranja. Fazia um tempão que eu não comia. Acredite ou não, esse pedaço faltando eu comi sozinha – Falou rindo.

— Eu fiz um ontem... – Falei baixo, fitando o bolo – Bem... Por causa da apresentação...

— Nossa! Verdade... Você fez mesmo – Ela colocou a mão no rosto, fitando o nada, como se a lembrança fosse muito distante – Saiba que você não mudou nadinha. Na noite antes do seu casamento, você fez umas quatro tortas, se não me engano – Ela sorriu.

— Sério?

— Sim, enormes e todas com sabores diferentes – Ela pegou o celular sorrindo e abriu um aplicativo – Dá uma olhadinha na sua vida.

Eu peguei o celular e comecei a olhar as fotos no instagram, uma por uma. Tinha muitas fotos! De projetos, lugares, pessoas que eu não conhecia. E muitas fotos minhas... Tantas, que eu não conseguia acreditar, já que eu nunca gostei de tirar fotos.

— Como tem tantas fotos minhas? Eu odeio tirar fotos...

— A culpa é do seu marido... – Falou rápido – Ele adora fotos e adora tirar fotos de você... Até onde eu sei, você se rendeu porque quando percebia, ele já tinha tirado várias...

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