Vou dormir com você

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O álcool era um dos mais antigos companheiros de Lucien Vanserra.

Quando requintado, tornava-se não só companheiro, mas também o melhor amigo.

E era muito fácil. Fácil demais.

Uma, duas, três garrafas em poucas horas.

A sensação era estupidamente boa. Sua mente vagava para lugares distantes, para lugares longe de tudo. Pensava nos últimos livros que leu, fazia planos para os próximos dias, montava uma rotina para colocar em prática os feitiços que leu no livro de Amren.

Esse era o primeiro estágio, onde ainda se fazia perfeitamente consciente, e até alegre por conseguir pensar em coisas que não fossem seus fatídicos problemas.

O segundo era mais difícil. Sua mente desligava, seu corpo simplesmente perdia a vontade de se mover. Já chegou a passar horas na mesma posição, olhando o fogo da lareira crepitar e tendo como único trabalho levar a taça de vinho aos lábios.

O terceiro e último estágio era o que Lucien almejava toda vez que colocava álcool para dentro do corpo. Passava pelos dois primeiros apenas para chegar ao último. Amava estar nele, perder a noção de tempo e espaço, rir por coisas idiotas e conversar o mais desinibidamente possível.

Vassa e Jurian diziam que era como se Lucien se tornasse um acadêmico que dava aulas. Nunca entendeu bem, até que um dia pegou-se recitando um livro de poemas para os dois e explicando o significado e valores semânticos de cada palavra. Certa vez até chegou a contar os acontecimentos históricos de Prythian, desde o surgimento das primeiras civilizações em ordem cronológica até os acontecimentos atuais. Sem contar na vez em que os ensinou de maneira didática as táticas de combate que havia aprendido com maestria em sua Corte de nascença, na Primaveril, e na Noturna.

E, por mais que resolvesse dar uma de professor, não era exatamente essa parte de Lucien gostava quando bebia o suficiente para chegar ao terceiro estágio. Na verdade, gostava do calor que sempre subia por suas coxas e acumulava em sua virilha, tudo devido à um pequeno estímulo mínimo, fosse uma mão lhe tocando no braço, fosse uma boca conversando perto demais de seu rosto.

Tornava-se um safado, cheio de olhares maliciosos e língua umedecendo constantemente os lábios. E que a Mãe tivesse misericórdia de quem estivesse bebendo com Lucien nessas horas.

E, bem, era naquele estado em que percebia que era sempre bom que suas bebidas viessem acompanhadas de algumas de suas coisas favoritas. Por isso, quando combinadas com o álcool, tornavam aqueles momentos ainda mais proveitosos. Lucien podia facilmente enumerá-las numa lista de poucas linhas.

1. Gelo.

2. Bolo de chocolate com limão.

3. Limão.

4. Sal, dependendo da bebida.

5. Música.

6. Um livro.

7. Calor.

8. E sexo.

E, orgulhosamente, teve todas aquelas coisas durante a noite toda.

Corte de Sombras e Pesadelos •LURIELOnde histórias criam vida. Descubra agora