ᰔ capítulo 4 ;

78 14 3
                                    

Yang Jungwon

É meu segundo dia sem falar com Sunoo e já quero surtar. Não tenho com quem desabafar. Tenho medo da minha mãe soltar alguma coisa para meu pai, então nem conto a ela.

Caminho até meu armário como de costume, porém, vejo um papel pequeno e colorido colado na porta do mesmo, seja lá quem o deixou aqui, tem uma caligrafia impecável e estava escrito em inglês.

"Não se feche. Se abra. Se todo mundo não quiser te escutar, tenho o prazer de dizer que não sou todo mundo. - P.J"

É o tal do Jongseong? Não sei o sobrenome dele para tirar essas conclusões.

Tirando Sunoo, não converso com mais ninguém da escola, improvável ser outra pessoa além do "desconhecido" de ontem.

Tiro o bilhete e abro meu armário, o deixando lá dentro e pego o material que eu utilizaria naquele dia.

O sinal para o intervalo ecoou pelas paredes dos corredores, fazendo os alunos saírem de suas salas para o refeitório.

Andando pelos corredores, percebo outro bilhete no meu armário, fala sério.

"Biblioteca - P.J"

Nego com a cabeça, Jongseong só pode estar maluco, vou lá apenas para tirar satisfação com ele, um pouco bravo.

Assim que entro, percebo o quão a biblioteca fica vazia naquele horário da manhã. Vejo o garoto responsável pelos bilhetinhos do meu armário sentado em uma das mesas.

Ele nem tenta esconder, já que quando me vê, a primeira coisa que ele faz e abrir um sorriso de orelha a orelha e acenar.

Aquele sorriso fez a minha raiva se esvair do meu corpo e ser substituída por uma pequena onde de batimentos cardíacos mais frenéticos e quentes, deixando meu peito aquecido.

Me aproximo lentamente dele e me sento ao seu lado.

- Bom dia, Jungwon. - ele continuou sorrindo.

Eu abri a boca para retribuir o bom dia, mas ele fez um sinal com a mão para não falar nada, então assim eu fiz.

- Chamei você para dizer que não vou insistir se não quiser contar sobre o que está havendo, - fiz uma feição aliviada. - mas, gostaria de lhe dizer que eu quero ser sua companhia.

- Minha companhia? - faço uma pausa entre minhas duas únicas palavras.

- Te observando ontem e hoje na entrada, percebi que anda muito solitário. Então, podemos apenas ficar em silêncio na companhia um do outro.

Suas palavras são completamente acolhedoras e me deixam com a sensação de estar seguro e confiar nelas. Algo me diz para seguir o que ele diz então apenas assenti com a cabeça.

- Acabei descobrindo seu lanche favorito, peguei ele para você - ele me entregou um pote com o alimento dentro.

- Como descobriu? - arqueei minha sombrancelha, confuso.

- Relaxa, eu perguntei para a tia da cantina - ele soltou uma risada, me fazendo rir também.

Fiz uma breve reverência com minha cabeça em sinal de agradecimento e passei a comer. Como ele havia dito, tudo o que ele fez foi ficar em silêncio, me observando as vezes.

Ficamos assim o intervalo todo daquele jeito e posso dizer que foi uma ótima companhia. O intervalo tem quarenta minutos, mas foram os minutos mais rápidos de toda a minha vida.

Nos levantamos e olhei para Jongseong, sentindo uma sensação incomoda no meu peitoe estômago, mas não era um incômodo ruim.

- Amanhã, se quiser repetir isso, vou estar presente na biblioteca - ele sorriu para mim.

- Certo... - dei um leve aceno e segui meu destino a minha sala.

Acho que essa é a primeira vez que eu sorrio assim com outra pessoa sem ser minha mãe ou Sunoo. A sensação de ser eu mesmo veio, mas eu me conti, não sei se é uma boa ideia mostrar o meu verdadeiro lado agora.

A hora de ir embora é um alívio.

Sunoo ainda insiste em falar comigo, eu até tentei avisá-lo, mas vi meu professor de física nos corredores durante essa tentativa, ele me olhou, esperando que eu desobedecesse meu pai, me fazendo recuar.

Essa situação é o que mais me deixa angustiado.

Decidi olhar o ranking de contos, querendo lembrar da sensação de chegar em casa e estar tudo bem, receber os elogios dos meus pais, saber que vou ser paparicado por eles.

Sinto meu estômago doer, porque eu sou um tolo.

Estou me enganando. Quando eu chegar em casa não vai estar tudo bem. Assim que eu abrir a porta, meu pai vai me questionar as inúmeras ligações de Sunoo no meu celular, já que está consigo. Ele vai me fazer estudar por horas, livros que nem a escola recomenda. Só de pensar nas horas que eu vou gastar lendo livros de teorias do universo, eu poderia estar curtindo com Sunoo e talvez meu novo amigo. O pior é minha mãe não fazer nada.

Não quero ser egoísta com ela, mas acho que ela também é egoísta comigo. Acho que nós dois somos um pouco egoístas.

Sinto que estou à beira de adoecer.

Ele Morreu | JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora