Capítulo 01 | Objetos arremessados.

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Objetos arremessados.
Ponto de vista de Yoo Jimin.

Depois que eu completei 18 anos, tudo começou a piorar na minha vida. Procurar um emprego sem experiência, é complicado ainda mais para mim que vivi em um orfanato, isso atrapalhou o meu desenvolvimento como cidadã.

Eu fui contratada para ser garçonete em um dos restaurantes mais famosos em Seul. Foi assim que consegui dinheiro o suficiente para me matricular em uma faculdade de dança. De qualquer forma, a dança me deixa feliz, e faz esquecer meus pensamentos perturbadores. Foi difícil me acostumar com pessoas ao meu redor, principalmente quando tinha performances em grupo, eu sempre acabo explodindo de raiva.

Sempre me cobrei, toda vez que eu falhava, acabava descontando a raiva nos meus colegas, isso me fez ser excluída. Atualmente com 23 anos, não meu importo muito, mas quando vejo eles felizes e.. principalmente quando trazem algum parente, me faz ter crises.

Tudo piora quando eu trabalho de uma hora da tarde até dez horas da noite, lidar com clientes insuportáveis é realmente difícil, acabava me retirando e indo direto pro banheiro, eu choro e acabo jogando arremessando os objetos dentro de minha bolsa em direção a parede.

Fazer aquilo acaba me acalmando, mas ultimamente.. estou me irritando com mais frequência, eu tento disfarçar, mas.. está ficando óbvio por conta da minha expressão facial. A faculdade, emprego e traumas do passado acabaram transformando uma jovem completamente problemática, como seria a eu de agora se tivesse tido uma infância boa?

— A conta por favor. - O cliente fala calmamente enquanto olhava o horário em seu celular. — Você está me ouvindo? - Ele pergunta, e nota que eu estou distraída enquanto abria e fechava uma caneta rollerball. O homem ficou incomodado com aquilo. — Você deveria ser mais profissional! - Ele se irritou. Quando ele foi se aproximando até meu braço, voltei completamente pra realidade e seguro o pulso dele com bastante força.

Minha feição muda drasticamente, e acabo gritando com ele, mal eu sabia que ele era um dos empresários mais ricos de Seul, sua aparência e roupa dizia tudo. O segurança chega, e continuo apertando o pulso do empresário.

— Yoo Jimin, você está demitida. - O patrão chega no local, e eu tiro as minhas mãos do pulso do homem. — Ultimamente você está causando vários problemas! Principalmente com os clientes! - O meu patrão argumenta.

Eu fiquei com raiva, sem esse emprego eu.. não vou poder pagar o meu apartamento e faculdade. Com certeza vou passar por momentos difíceis, eu só queria descontar a minha frustração em algo...

O empresário sai após pagar a conta, as pessoas voltaram a comer normalmente após esse escândalo. Meu patrão me levou até o escritório dele, e começou s gritar comigo, e com razão. Mesmo assim queria destruir algo, eu vi outra caneta rollerball na mesa dele. Peguei sem pedi e ele aumentou o tom de voz...

Cheguei no meu limite, comecei a arremessar as canetas dele na parede, logo depois joguei os objetos da mesa na parede, isso me faz conter a raiva sem machucar as pessoas ao meu redor. Por quanto tempo vou conseguir me conter?

Eu estava parecendo um animal selvagem, os seguranças chegaram e foram pra cima de mim.. e.. senti uma agulha...

Nove horas da noite do mesmo dia

Eu acordo, ainda me sinto sonolenta. Me levanto rapidamente, fico tonta e percebo que estou em uma marca dentro de um hospital.
— Karina! Fico feliz em você ter acordado. - Aeri se aproxima de mim. Ela é a unica amiga que eu tenho, não sei como ela não cortou laços comigo sabendo que eu possa magoa-la.
— Eu ouvi uma conversa entre a enfermeira e o segurança daquele restaurante. Ele confessava que te deu uma injeção com Diazepam, depois que deu quinze minutos, você ficou adormecida!

Eu estava confusa, não lembrava em ter dormido, só me lembro em jogar objetos na parede enquanto chorava e gritava. Isso foi a gota d'água, o que será de mim? E se eu aparecer nos sites de notícia? Agora sim vai ser difícil procurar um emprego!

— Karina, como você se sente agora? Estou preocupada com você. - Aeri fala em um tom triste e ao mesmo tempo de medo.
— Não se preocupe, estou bem.. por enquanto. - Eu respondo insegura.
— Eu falei para você procurar ajuda psiquiatra, suas crises estão passando do limite! - Aeri cruza os braços.
— Eu sei, mas.. não achava necessário. - Eu falo enquanto evito olhar no rosto dela.
— Se você quer viver como uma pessoa normal, você precisa urgente se cuidar! - Eu sei que ela quer meu bem.. mas.. me sinto irritada com esse assunto.

— Vamos apenas mudar de assunto, beleza? - Acabo sendo grossa sem querer, a morena fica séria e me olha seriamente.
— Eu cansei disso! Você sempre acaba fazendo o errado! Você nunca percebe que você pode acabar com sua vida por conta dos seus surtos! - Aeri grita. — Você nunca me escuta! Estou cansada em te ver afundando mais ainda, de qualquer forma me sinto intimidada em sua presença!
— Se se sente intimidada, por quê ainda continua falando comigo? Eu não te forcei a ser minha amiga! - Acabo gritando, ela ficou calada.

Aeri ficou com cara fechada, olhando em silêncio para as mãos dela, enquanto Karina começa a se sentir mal com as próprias palavras. Ambos olham para o chão, e a Aeri se levanta para sair.

— Olha, Karina, me desculpe, eu realmente fiquei muito brava.. - Aeri diz dando uma olhadinha para Karina.

A garota saiu da sala com os olhos cheios de lágrimas, de alguma forma.. me sinto culpada. Sou apenas.. alguém detestável.. eu odeio isso, odeio de verdade, nunca consegui melhorar. Será que realmente ela tinha razão?

Duas semanas após o ocorrido.

Hoje faz duas semanas após aquele ocorrido. Minha casa está uma verdadeira bagunça, mal consegui comer e nem muito menos mexer no meu celular.

Após um longo banho, decidir ligar meu aparelho.. tinha várias notificações, quando eu ia apertar pra excluir tudo, sem querer acabei apertando uma delas, e era uma rede de notícias de Seul. Acabei lendo no "foda-se", falava sobre um acidente de carro.. e a Aeri foi identificada como uma das vítimas...

Pelo visto essa notícia até hoje está em alta, só agora descubro que ela é filha daquele empresário que eu gritei na segunda-feira!

A parte cruel disso tudo, foi o fato dela ter morrido no dia que eu gritei com ela.. isso significa que eu sou a culpada de tudo! Ela já foi enterrada e não tive chances de pedir desculpas! Sou uma egoísta! Era pra eu ter morrido, e não ela!

Começo chorar desesperadamente, e não aliviava o que sentia.. começou a me arranhar até sangrar, mesmo assim não ficava calma.. eu realmente preciso de ajuda. Pego meu telefone e ligo para o número que Aeri tinha anotado meses atrás.

— Bom dia, clínica de terapia psicológica, como podemos ajudá-lo? - A voz da atendente estava calma, ao contrário da da garota.
— Preciso de um terapeuta.. o quanto antes. - A voz dela tremia, mas ela conseguiu se segurar um pouco, tentando ao máximo se segurar, mas estava insustentável.

 - A voz dela tremia, mas ela conseguiu se segurar um pouco, tentando ao máximo se segurar, mas estava insustentável

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