Cap 29 {Um homem morto}

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          Taehyung olhava para aquele lugar deserto com apenas as companhias das aves. Ele olhou para aquele chão sujo em meio ao mal cheiro de sangue e morte, não havia vida ali, e isso era cruel e injusto.

-Me desculpem. -Sussurrou com a boca o que o seu coração gritava.

As memórias de seu pai e a expressão de Jimin ainda assombrava o garoto -Eu não sou digno de te ter como meu amigo, nem mesmo sou digno de ter uma amizade com um pequeno passarinho. -Se levantou com os olhos inchados, a boca seca, a respiração um pouco mais leve, a mente um pouco mais lúcida.

Taehyung foi até as gaiolas mal feitas e as abriu uma a uma enquanto dizia repetidamente -Me desculpa, por favor aproveite sua liberdade -ia ao próximo passarinho e repetia -Me desculpa, por favor aproveite sua liberdade. -Ele continuou o processo pacientemente, quanto mais gaiolas ele abria mais pesado ele se sentia.

           Abrir aquelas gaiolas e ver aquelas aves voando livremente até a saída deveria deixar Tae mais leve, mas foi justamente o contrário. Quanto mais ele as libertava, mais via a crueldade que ele mesmo fez, e entendia do porquê Jimin o temer, e a verdade doía mais do que qualquer mentira de mau gosto. Somos parecidos pensou Taehyung enquanto lembrava do pai, e esse pensamento fez até sua alma chorar em agonia.

Depois de se sentir o pior ser humano dessa terra, enquanto libertava os pássaros, ele se sentou novamente -Só mais um pouquinho. -Disse aconchegando no chão, abraçando os joelhos e colocando a cabeça em cima deles, e só mais um pouquinho ele se permitiu ficar ali, com lágrimas silenciosas, lembrava de quando era criança e não podia deixar seu pai o escutar chorando, então o pequeno Tae se escondia bem no cantinho debaixo de sua cama.

De repente ele escuta algo parecido com um pequeno "Piu" e em seguida levanta a cabeça -O que foi pequenininho? Não consegue voar? -O passarinho voou para um dos joelhos de Tae, como se tivesse entendido a pergunta -Por acaso não consegue achar a saída? A porta é bem ali, não é um truque, pode ir -O pequenininho voou para fora, e assim que Tae o viu saindo voltou a baixar a cabeça. Mas em menos de 20 segundos, escutou outra vez "Piu" que parecia um assovio, levantou a cabeça e olhou bem -Por que ainda está aqui? -O passarinho voou mais uma vez para o joelho de Taehyung e dessa vez passou seu pequeno rostinho no rosto molhado do outro.

Em seguida, a pequena ave pulou na cabeça de Tae e começou a mexer em seu cabelo, Taehyung finalmente conseguiu rir um pouco -Ei, isso faz cossegas.

          As aves, assim como os seres humanos, exibem uma ampla gama de emoções que revelam seu estado mental momentâneo. É possível testemunhar sentimentos como a felicidade ou tristeza em determinas situações. Aves felizes que aceitam o contato com o ser humano, podem inclinar a cabeça para pedir carinho, aproximar-se da pessoa, mexer no cabelo dela – como se estivessem “arrumando suas próprias penas” -, como sinal de afeto.

Ao olhar bem, Taehyung se lembrou, aquele canarinho foi o que ele salvou ao vê-lo com uma das asas quebradas jogado em algum lugar daquela imensa cidade que ele nem sequer lembra o lugar. Ele pegou o pequeno e levou ao veterinário, cuidou dele, mas depois acabou o trancando com os outros -Não precisa se sentir grato, eu fiz coisas ruins. -Suspirou enquanto fazia um carinho no pequeno -Você parece um pintinho. -Falou rindo daquele canarinho pequeno e gordinho, cheio das penas amarelinhas.

      O pequenino voou de volta para o joelho do jovem.

Vendo que ele não queria ir embora, Tae decidiu dar um nome -Que tal amarelinho? -O passarinho olhou para o lado como se sentisse chateado -Desculpa, não sou bom dando nomes -Riu sem se preocupar, sua mente estava mais relaxada -Que tal pintinho? -O passarinho voou para a cabeça e puxou o cabelo de Taehyung -Aí, tá bom, já entendi, não é minha culpa você se parecer tanto com um -O pequeno parecia mais inteligente do que muitos pássaros, ele voou de volta para o joelho do garoto e ficou a espera de um bom nome -Talvez você seja uma garota? -A pequena deu pulinhos como se tivesse entendido -Nossa, perdão então mileide -Brincou e a pequena parecia feliz -Mileide? Você gostou desse? -Voltou a dar pulinhos, deixando o jovem feliz -Muito bem, Mileide então.

Por algum motivo Mileide lembrava Jimin, talvez fosse que ambos apesar de terem uma certa idade, ainda pareciam filhotinhos com sua aparência adorável e seu pequeno tamanho. Então o garoto finalmente cria coragem -Eu não posso sempre ficar a espera do Jimizinho, não posso sempre o esperar me salvar, agora é minha vez de correr atrás. -Se levantou e a pequena voou para o seu ombro -Obrigado Mileide -Fez um carinho em suas penas -Eu estou indo Jimizinho.

Taehyung andou o caminho todo ensaiando em sua cabeça o que dizer, mas quando chegou em casa, ficou nervoso -É agora ou nunca. -Olhou para a menininha.

Ao entrar, foi direto para cozinha, colocou água no menor pote que encontrou e a menininha voou para mesa -Eu já volto Mileide, depois lhe comprarei algo para comer. -A deixou ali e foi direto para o quarto de Jimin.

          Taehyung já via a porta do quarto, e quanto mais se aproximava, menor eram seus passos, sem dúvida nenhuma estava com medo, apavorado com a ideia de Jimin o odiar, o achar uma aberração e não o perdoar.

          Quando finalmente chegou perto da porta, respirou bem fundo e colocou a mão na maçaneta, mas antes de abri-la poderia reconhecer aquela voz em qualquer lugar, era Jimin.

           Parado ali, ele poderia apenas abrir a porta, mas como ter coragem para isso? Ele escutou Jimin contando dos seus sacrifícios para o manter bem, ele escutou cada palavra de Jimin que fincavam em seu coração e espalhava um mal estar por todo o seu corpo como um veneno.

           Quanto mais ele escutava, mais forte a maçaneta ele apertava, queria ser forte, queria ser corajoso e abrir aquela porta, implorar por perdão, tenta ajudar Jimin de qualquer maneira, mas continuou ali, a mão tremendo firmemente naquela maçaneta e mordendo os lábios enquanto chorava mais uma vez.

            Se sentiu patético, um idiota, agora entendia da mudança drástica de Jimin depois da noite que foi abusado. Taehyung sabia que o amigo era alguém forte, e que por mais cruel e asqueroso aquilo fosse, Jimin continuaria a sorrir, porque era assim que ele era. Mas a verdade é que desde aquela noite, Towar já o ameaçava, e apenas fugir para outra cidade, não tornaria nada mais fácil.

           Taehyung finalmente soltou a maçaneta, e sem conseguir pensar com clareza apenas correu para o seu quarto, ou melhor, correu para Yoongi.

Ele abriu a porta do quarto deles, e viu Yoongi vindo correndo para si, e de certa forma isso o aliviou um pouco, mas não o suficiente -Eu o estou matando! -Falou isso enquanto pensava nas palavras de Jimin, pensava no inferno que o garoto passou sozinho e calado por todo esse tempo, pelo o inferno que passou por Taehyung.

           Pensou na promessa que fez de o proteger, e se sentiu um lixo, pois a verdade era que ele é quem estava sendo protegido por todo esse tempo.

          Enquanto Yoongi tentava acalmar e consolar Taehyung, ele estava tão preocupado que não percebeu, mas algo passou pela mente de Taehyung, a sua expressão mudou, ele ainda chorava, mas essas eram lágrimas de ódio, e um pensamento de irá corroeu sua mente naquele momento Se eu não posso proteger Jimin de você, então só a outra solução. Towar você é um homem morto!

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Autora: Quero nem vê.

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