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Pete

Soltei um grito me escondendo atrás do manequim que existia na sala. Olhei para Cau e vejo o mesmo dar de ombros. Eu não conhecia aquele homem, nem fazia idéia de como ele chegou ali se apenas subia pelas escadas.

Usando a frigideira, movi sua cabeça para o lado, tirando os fios de cabelo com o cabo da panela e: UAU

Eu não conheço muitos homens, até porque vivo trancado na torre desde que me entendo por gente, porém não conseguia explicar toda a beleza que ele exalava. Parecia que todos os traços do seu rosto eram combinado e perfeitamente calculado, e olhe que só estou vendo uma parte do seu rosto.

Estava tão perdido e distraído nele, que não percebo quando ele acorda de exato, apenas dou outra panelada em sua cabeça pelo susto.

O carrego, com grande esforço, até um pequeno guarda-roupa que tinha ali e tento de todas as maneiras o colocar dentro. Após muitos minutos e trabalho, finalmente o tranco e por segurança, encosto uma cadeira na porta.

- Tá bem, tá bem, tá bem... Tem uma pessoa no meu guarda-roupa. - Afirmo para mim mesmo. - Tem - uma pessoa no meu guarda-roupa - Falo pausadamente -Tem uma pessoa no meu guarda-roupa! Ah! Eu sou muito frágil para cuidar de mim mesmo, né, mamãe? - Falo comigo pelo reflexo do espelho - Pois é, fala isso pra minha frigideira! - Bati com a mesma na minha têmpora - Ai!

E foi quando notei algo brilhante na bolsa do homem que estava trancado no armário. Guiado pela curiosidade, fui até a bolsa e peguei a coisa brilhante, a analisando. Coloquei a mesma no meu braço e olhei para Cau, ele negou. Coloquei em frente aos meus olhos, negou novamente. E foi quando me virei para o espelho que levei até minha cabeça, arregalando os olhos com o resultado, mas não apreciei muito pois logo ouvi mamãe chamar.

- Peteeee, jogue as escadaas - Ela fala cantarolando.

- Espere um pouco, mamãe!

- Eu tenho uma grande surpresaaa! - Continuou falando.

- Ah, eu também tenhoooo! - A respondo animado para falar sobre o tal homem.

- A minha surpresa é maior do que a suaaaa!

- Eu tenho sérias dúvidaas... Sussurrei baixinho olhando para o armário, logo mamãe entrou.

- Trouxe muitas avelãs! - Falou da janela- Vou fazer sopa de avelã pro jantar, a sua favorita! Surpresa!

- Bom, mamãe, eu tenho que...Te contar uma coisa! - Falo dando um passo em direção ao armário.

- Oh, Pete, odeio te deixar sozinho depois de uma discussão, ainda mais quando eu não fiz nada de errado!

- Tá bem... Eu pensei muito sobre o que você disse hoje e... - Dei mais alguns passos.

- Espero que não seja conversa sobre as estrelas. - Ela me interrompi.

- Luzes flutuantes. E, sim, essa é a conversa, mas... - Continuei falando.

- Achei que o assunto estivesse encerrado, querido.

- Não, mamãe: a senhora acha que eu não sou forte o bastante pra cuidar de mim mesmo lá fora...

- Oh, querido, eu sei que você não é forte pra cuidar de si mesmo lá fora.

- Mas, se a senhora... - Dei mais alguns passos.

- Pete, esta conversa está encerrada.

- Confie em mim...

- Pete...

- Eu sei o que eu estou... - Toquei na cadeira preste a tirá-la.

- Pete! - Ela fala irritada.

EnroladosOnde histórias criam vida. Descubra agora