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- Eu não acredito no que eu fiz! - Foi a primeira coisa que disse ao adentrar a floresta que cercava a torre - Eu não acredito no que eu fiz - A ficha finalmente caiu. - Eu não acredito no que eu fiz!!! - Exclamo animado.

- Mamãe vai ficar furiosa... - Sussurro. - Mas o que os olhos não veem o coração não sente, né? - Pego uma plantinha em mãos. - Poxa, e agora? Ela vai sentir sim! - Suspiro. - Isso é tão legaaaal!! - Gritei correndo e chutando um montinho de folhas secas - Eu... sou um péssimo filho. Eu vou voltar. - Sinto o arrependimento bater.

- Eu não vou voltar nunca maaaaais!!- Exclamo correndo em volta da árvore - Eu sou um ser humano horrível. - Sento do chão colocando meu rosto entre os joelhos começando a chorar.

- Olha só, não dá pra deixar de notar que você tá vivendo um...conflito interno.

- O quê? - O olho.

- Eu só estou pegando uns pedaços da história, é claro: mãe superprotetora, te proíbe de viajar...pois é, isso é coisa séria! Mas deixa eu aliviar a consciência: crescer tem essa etapa! Um pouco de rebeldia, um pouco de aventura, isso é bom é até saudável!

- Você acha?

- É isso! Cê tá pensando demais! Vai por mim: a sua mãe merece? Não. Vai magoar e arrasar o coração dela? É claro! Mas você não pode evitar.

- Magoá-la?

- Em parte...

- E arrasar o coração?

- Pra caramba. - Ele me ajuda a levantar.

- Ela vai se decepcionar, você tem razão...

- Tenho sim, não é? É complicado... Tudo bem, eu não devia te dizer isso, mas... vou te liberar do acordo!

- O quê? - Franzi o cenho.

- É isso aí, nem agradece! Vamos dar meia volta que eu te deixo em casa, frigideira, sapo- Ele me entrega a frigideira e coloca teatae em meu ombro.

- Recupero minha mochila, você recupera o relacionamento "mãe-e-filho" baseado em confiança e... Voilà! A gente se despede com uma linda amizade - Falou como se fosse a melhor solução.

- Não! Eu vou ver as lanternas.

- Ah, para com isso!! O quê que eu tenho que fazer pra recuperar minha mochila? - Falou irritado.

- Eu vou te acertar. - Aponto a frigideira para ele, mas no mesmo tempo vejo os arbustos balançando. Assustado, pulo nele - São bandidos! Valentões! Vieram me pegar?! - Dos arbustos, surge um coelho.

- Calma... Ele pode farejar o medo.

- Ah, desculpe! Acho que eu tô um pouco... Assustado.

- Provavelmente, seria bom evitar bandidos e valentões.

- É... Provavelmente.

- Tá com fome? Conheço um ótimo lugar pra almoçar! - Ele fala com um tom diferente, animado talvez.

- Onde?

- Não se preocupe, vai saber pelo cheiro! - Segurou minha mão e começamos a caminhar em direção ao tal lugar que ele citou.

Durante o caminho fui olhando para todos os cantos, era tudo novo e tão encantador. Bichinhos que nunca vi, plantinhas desconhecidas por mim, era tudo um grande sonho, mal via a hora de ver as lanternas. Todo o trajeto, VT não largou minha mão, o que por um lado agradecia já que prestava mais atenção em minha volta do que para onde estávamos indo. Sem contar que sua mão era quentinha, me dava uma boa sensação, não queria a soltar mais, porém chegamos ao local e foi necessário.

EnroladosOnde histórias criam vida. Descubra agora