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- Olá, querido!

- Mas... eu... eu não - Comecei a me embolar nas palavras enquanto a olhava. - Como foi que me encontrou, mãe?

- Ora, foi fácil, fácil. – Se aproximou. - Foi só seguir o som da completa e absoluta traição e chegar até aqui.

- Mamãe...

-Nós vamos pra casa, Pete, agora.

- Você... Você não entende!
Me afastei dela para poder explicar.
- Eu tô numa viagem incrível e eu vi e aprendi tanta coisa! - Parei para respirar e falei sorrindo. - Eu até conheci alguém...

- Sim, um ladrão procurado. Estou tão orgulhosa! Vamos, Pete!

- Mamãe, espera! Eu acho... - Parei por um momento olhando nos olhos dela para sorrir bobo novamente. - Eu acho que ele gosta de mim...

- Gosta de você? - Parecia ser o cúmulo para ela aguenta? - Ora, Pete quem vai gostar de alguém como você?

- Mas mamãe... - Insisti.

- Tá aí por que fugir foi uma besteira! - Resmungou.
- Querido, esse romance que você inventa só prova que é muito ingênuo pra estar aqui. - Passou por mim.

- Por que ele gostaria de você, sinceramente? Já se olhou? Acha que impressionou o rapaz?

Passou a mão em meus cabelos - Não seja tolinho, venha com a mãezinha. Sua mãe...
Abriu os braços me convidando para ir com ela.

- Não! - Gritei já cansado daquele joguinho de manipulação.

- Não? - Arqueou a sombrancelha - Oooh, eu já sei o que é isso... - Riu sarcástica

- Pete sabe mais, Pete é tão maduro agora. - Fala enquanto vem se aproximando de mim
- Um moço de juízo. Pete sabe mais, se tem tanta certeza vai enfrente entregue isso! - Me mostrou a mochila de Vegas que tinha escondido.
- Isso é o motivo dele ter vindo aqui

- Não é não mamãe!

- Ouça querido, ele vai sair correndo e sem excitação. Se ele mente não lamente. Sua mãe sabe mais. - Virou as costas sem esperar minhas explicações.

Respirei fundo olhando a coroa em minhas mãos e a mochila pendurada em meu ombro. Mas ao ouvir Vegas falar ao fundo, rapidamente escondi a mochila por trás de uma pedra e voltei para onde estava sentada antes de olhar a mesma direção por onde mamãe tinha sumido.

- Loiro, escuta, posso te fazer uma pergunta? Tem alguma chance dessa minha mão ganhar super força? Porque eu não vou te enganar, seria muito bacana! - Parou de falar para me olhar. - Ei, cê tá legal? -

- Ah, desculpe, só estou... - Procurei por um bom motivo distraído. - Só estou um pouco distraído.

Ele deu de ombros e continuou a falar: -Porque o negócio é o seguinte: super bonitão eu sempre fui, né, nasci assim! Mas "super força" dá pra imaginar as possibilidades disso??

E assim a noite seguiu, como ele conversando sobre a mão dele poder ter recebido um pouco da mágica do meu cabelo. Pude me distrair mais pois era impossível não rir com uma palavra que ele soltava e sem comparações, essa foi a melhor véspera de aniversário que eu pude ter pois além de ser fora da torre estava acompanhado por alguém que eu gostava.

Não sabia dizer ao certo qual foi exato momento da noite em que adormeci, apenas acordei com o sol esquentando meu corpo, o barulho dos passarinhos e braços fortes rodeando minha cintura. Levantei o rosto e vi Vegas dormindo. Era estranho, um estranho bom. Em todos meus 18 anos nunca tive uma experiência igual a essa, porém sentia que nos braços dele era meu verdadeiro lar, minha casa. Poderia está sendo precipitado e ingênuo como mamãe falou, mas tudo parecia ser tão real, tão sincero e verdadeiro que eu arriscaria confiar

- Olha loirinho, sem querer reclamar mas já reclamando, não é tão confortável assim não dormir no chão seco. - Vegas falou suave quase me assustando.

— Oh, desculpa. - Me sentei as pressas passando a mãos em meus cabelos para retirar as graminhas que grudaram durante a noite.

- Deixa disso, sabe que quando quiser pode me abraçar a vontade. - Piscou o olho.
- O problema mesmo é que não rola debaixo desse sol e deitados em um chão sem nada por cima.

- Ah. - Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - Claro.

- Bom, hoje é dia das lanternas, hoje é seu aniversário - Ele trouxe sua mão até meu rosto retirando algo que estava em minha sombrancelha - Aliás, parabéns. - Sorriu.

- Obrigado. - O encaro vendo ele fazer o mesmo e demos um leve sorriso um para o outro.

Antes mesmo de darmos conta que estávamos demorando muito, escutamos o relinchar do cavalo e ao olharmos, demos de cara com o mesmo cavalo branco. Assustado, Vegas se escondeu atrás de mim com seus braços por minha cintura como se fosse seu escudo.

· Opa amiguinho - Coloquei as duas mãos em frente a sua cara para ele se acalmar.
- Ei, relaxa.
Ele me olhou e levei minhas mãos até sua cabeça a acariciando. Ele foi se aproximando mais de mim esfregando sua cabeça em minha mão sinalizando que estava gostando do carinho. Olhei para seu pescoço onde tinha um cordão, com um pingente do reino, com o nome Maximus.

- Então seu nome é Maximus - Dei um sorriso gentil ainda o alisando.
-Prazer Maximus, sou o Pete!

— Sério mesmo que você está conversando com esse cavalo.
Vegas encostou seu rosto em meu ombro ainda atrás de mim e Maximus o olhou querendo avançar para cima dele mas eu o parei antes.

– Ele é um amor, Vegas.
Sorri e virei meu rosto de lado para o olhar.

- Claro que é, tanto que quer levar minha cabeça para os guardas.

- Talvez porque você tenha pego algo que não é seu, não é Maximus?
Olhei o cavalo que relinchou novamente.
- Mas hoje vocês dois irão se comportar e me obedecer pois é meu aniversário e eu quero que tudo saia perfeito, ok? - Os dois viraram a cara.
- Eu perguntei se estava tudo ok!

- Tsc, tá tudo ok — Vegas diz deixando um beijo em minha bochecha fazendo meu rosto esquentar.

- Maximus isso é para você também - Virei o rosto do cavalo para ele me olhar. Eu realmente agia como se ele pudesse me entender.

- Ótimo, já que está tudo certo vamos continuar por que já posso ver a ponte do reino.

Olhei para frente e foi impossível conter o sorriso pois meu sonho de pequeno estava para ser realizado em algumas horas. Coloquei Cau na cabeça de Maximus e os dois foram caminhando na frente enquanto Vegas e eu íamos mais atrás. E agarrado a Vegas, fui parando de segundo em segundo para apenas admirar um pouco de tudo que tinha ali no reino.

EnroladosOnde histórias criam vida. Descubra agora