{....}H: Casada? Isso não faz o menor sentido. – Heidi murmurou tentando manter sua atenção no trânsito catastrófico.
Heidi cursava arquitetura na mesma faculdade de Charlotte. Por isso, havia encontrando a menina na saída do curso e lhe dado uma carona de volta para casa, já que o Tio Oscar como adorava chamá-lo, estava com muito trabalho na fábrica. A colheita estava próxima e os meses a partir dali seriam trabalhosos.
Soube por alto que sua amiga havia tomado uma advertência pelo uso da sala de tecnologias fora do horário de aula, mesmo sabendo que aquilo era proibido. Heidi não sabia se ria da situação ou se ficava preocupada com o fato de Charlotte estar tão atraída por Engfa que até fazer coisas indevidas, ela vinha fazendo.
No meio do caminho, depois do silêncio nada confortável da amiga, conseguiu arrancar dela o motivo que a deixava daquela forma. Por mais bizarra que fosse a informação que ouviu, aparentemente Charlotte havia descoberto através de uma matéria no Google que Engfa era casada. Não havia mais nenhuma informação além disso.
Contudo, Heidi apertava os olhos tentando juntar por A + B outro motivo que levasse Charlotte a se revirar no banco do carro que não fosse por puro ciúmes ou a estranha sensação de ter sido enganada pela CEO.
Charlotte encarou o vidro do passageiro buscando aquietar os batimentos cardíacos. Não queria ser injusta com ninguém. Odiava isso. Mas também não queria sair como a trouxa de uma história em que poderia estar na posição de 2ª opção.
H: Não vai falar nada? – tocou a perna dela, sem conseguir efetuar o contato visual por manter seus olhos no volante.
A menina resmungou um não preso com o nó na garganta. Não queria admitir, mas sentia naquele momento uma vontade absurda de que suas emoções tivessem sido controladas no dia anterior para que evitasse a si mesma a liberdade que deu a sua relação com Engfa.
Heidi assentiu sem querer pressiona-lá por enquanto. Seguiram o caminho em completo silêncio, se não fosse pela música que tocava no carro.
Chegaram na sede dos Austin's e Heidi foi estacionar o carro na garagem enquanto Charlotte se dirigiu diretamente para o seu quarto, sem cumprimentar qualquer pessoa que estivesse em sua frente. Não estava em seu melhor dia. E poderia listar aquele como um dos piores que teve nos últimos meses.
Trancou a porta do cômodo e se recostou sobre a madeira, secando no canto do olho uma lágrima, antes mesmo que ela pensasse em cair. Seu período menstrual estava próximo, então sabia que muito de suas emoções afloradas eram por isso.
Mas tinha ali as lembranças vivas, palpáveis e quentes de como enxergou os olhos de Engfa brilharem com a hipótese delas se beijarem no outro dia. De como o sorriso daquela mulher se alargou quando sentia Charlotte lhe beijar no pescoço.
Era mesmo possível que aquilo tudo fosse uma encenação? Ou uma diversão para ela? Eram tantos questionamentos, e quase nenhuma resposta.
Heidi bateu na porta incessantemente. Charlotte fingiu não ouvir. Não queria encontrar ninguém. Não queria falar sobre nada. Só queria sua própria privacidade e seu tempo sozinha para lidar com aquele sentimento desconhecido da forma que achasse mais viável.
H: Não vou sair daqui até falar com você. Eu posso sentar e esperar sua boa vontade de abrir essa porta e me deixar te ajudar. – pronunciou com a voz embargada.
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A toast to love. - Englot
RomanceDona de uma famosa empresa fabricante de vinhos, a CEO Engfa Waraha decide expandir seus negócios para além da Tailândia comprando algumas terras que trabalham com vinícolas pequenas, nos arredores da Inglaterra. Charlotte é uma jovem habitante de u...