Voar

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Vida,

Quanto te custa?

Ser um pouco mais fácil?

Ser um pouco mais justa?

- Lene? - ouvi a voz de Range me chamar e então eu voltei a si

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- Lene? - ouvi a voz de Range me chamar e então eu voltei a si

- Sim? - respondi me virando para ela que me avaliava por inteira

- Você está estranha, tem certeza de que não encontrou nada no escritório de Hybern ontem? - ela perguntou franzindo o cenho, desconfiada.

Quando eu cheguei no quarto ontem, trêmula demais, até talvez pálida, não disse nada a ela sobre oque descobri, não por não confiar em Range, longe disso, mas não era o momento certo de contar. E quando ela me perguntou simplesmente disse que não havia nada lá de importante ou que explicasse o fato do Attor ter trazido o osso de Jurian e seu olho.

O olho que Amarantha carregava consigo, que amaldiçoara, para que Jurian estivesse de algum modo vivo. Que vivesse atormentado para sempre.

Não imagino o quão tortuoso foi ele ter que assistir tais coisas sob a montanha.

Chacoalhei a cabeça de leve e olhei para Range

- Não achei nada lá, mas não vou parar de procurar - eu dei de ombros e ela assentiu lentamente e eu sabia que ela não tinha engolido essa história.

Olhei para Orion que estava dormindo tranquilamente na cama. Ainda era sete da manhã, sequer dormi a madrugada toda, pensando em mil formas da informação chegar até Rhysand. Não era seguro eu mandar uma carta. Não confiava se chegaria sã e salva em suas mãos.

- Hoje é dia de entregar comida para os cidadãos do reino - comentou Range com uma certa frieza na voz e ajeitou sua armadura cor prata, lindamente polida e brilhante em seu corpo modelado.

Fundida a armadura estavam seus quatro sifões de cor roxo. Quando ela usava uma coisa mais simples, como um vestido ou coisa parecida, ela costumava usar dois braceletes, um colar e um anel, com os sifões, que passava-se despercebido se qualquer um que não tivesse o conhecimento deles, certamente achariam que fosse meras safiras.

- Eu até iria com você mas- engoli em seco e Range negou

- É o meu trabalho- ela me olhou através do espelho e ajeitou seus cabelos castanhos em um rabo de cavalo no topo de sua cabeça - sei que odeia pisar naquela cidade, eu também odeio, mas tenho que fazer se não, não tenho comida na mesa - ela suspirou e eu assenti lentamente.

Essa era a realidade de muitos desse reino. Miséria e desgraça. Hybern mandava distribuir para seu povo de três em três meses, pão, água e uma gosma que eles chamavam de sopa. Fui apenas uma vez com Range para testemunhar tal feito. Sai de lá traumatizada, pessoas brigando, crianças desnutridas, idosos fracos demais para se manter em pé na enorme fila para pegar um mísero pedaço de pão velho,uma cuia de água e uma tigela de sopa que mais parecia uma lavagem para porcos.

Corte de Sangue e MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora