Cinco

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Meu celular já estava vibrando em momentos aleatórios desde a primeira aula da manhã, e eu estava quase morrendo de curiosidade para tirá-lo da mochila ainda na escola. Fiz o meu melhor para tentar aguentar até o fim do dia, mas precisei escondê-lo em meus bolsos para verificar o que estava acontecendo ainda no intervalo, antes do almoço.

Eram inúmeras mensagens de Jiwoo, acompanhadas de capturas de tela que eu levaria muito mais do que o intervalo para ler. Bem, pelo menos eu teria alguma ideia do que estava acontecendo.

"Não me mate, Hobi. Eu estou fazendo o meu melhor para convencê-los, eu juro!!"

Abaixo estava a imagem de sua conversa com minha mãe, e mesmo sem ler com atenção eu já havia encontrado um milhão de acontecimentos inventados para me colocar como um adolescente prestes a se afundar na depressão, como se eu estivesse silenciosamente pedindo ajuda há semanas.

Jiwoo era realmente muito boa nisso, pois nas mensagens seguintes pude ver quão fácil foi fazer minha mãe concordar com todos aqueles absurdos. Isso até me fez pensar se eu realmente aparentava estar tão melancólico assim com a partida de minha irmã. Abaixo de tudo aquilo havia mais algumas mensagens de Jiwoo:

"Então você entendeu, não é mesmo? Quero que você aja como o garoto mais triste do país por uns dias"

"Logo logo vou colocar o Seoltangie nessa história."

"Força, maninho! Vamos conseguir tirar você dessa!!"

Eu sorria sozinho agradecendo a Deus por Jiwoo estar tão investida assim em me ajudar com meu gatinho.

-x-

Minha maior vitória era conseguir trazer meus amigos para minha casa tao facilmente agora que eu tinha Seoltangie. Eu nem cheguei a pedir para que a minha casa fosse escolhida todos os dias que resolvíamos nos encontrar depois da escola; Namjoon e Taehyung já faziam isso por mim.

— Vocês nem imaginam o que preparei pra vocês hoje. Hoseok-hyung, espero que você tenha rezado hoje pela manhã. - Taehyung dizia, andando de costas para poder olhar bem para nossos rostos ao dizer aquilo.

Era bem difícil para Namjoon levá-lo a sério quando ele dizia isso, mas eu fiquei bem quieto, aguardando o motivo daquela declaração.

— Como é? O que você quer dizer com isso?

— Eu quero dizer que nosso hyung não vai ser capaz de dormir por uma semana...

Engoli seco, fazendo o meu melhor para não demonstrar qualquer alteração em meu rosto.

Eles já sabiam que eu tinha minhas preferências, e filmes de terror nunca haviam sido uma delas. Mas o que víamos geralmente era algo tão exagerado que era bem difícil levar a sério...

Bem, Taehyung não estava exagerando. Eu esperava que haveria muito sangue, ou coisas nojentas como geralmente havia nos filmes que ele sugeria, mas aquele, naquele dia, era bem diferente. Normalmente, quando eu não gostava de alguma cena, eu apenas tampava os meus olhos e esperava que acabasse, enquanto Namjoon e Taehyung riam (de mim e do filme).

Acontece que eu não era capaz de tirar os olhos desse. Algo sobre a história (e realmente havia uma história!) que prendeu a minha atenção, ou a semelhança que os personagens tinham com a minha realidade... Nem mesmo o fato de que assistíamos ao filme em plena tarde ensolarada o tornava menos aterrorizante.

Era basicamente um filme sobre adolescentes como nós que acabam brincando com coisas sérias, e uma série de espíritos (ou demônios? Eu não me lembrava muito bem) começam a assombrá-los. Não era nada gráfico. Nada nojento. Mas muito assustador... e muito real. O final foi trágico, é claro. Dois dos amigos morreram de causas misteriosas, e o terceiro precisou ser internado em um hospital psiquiátrico.

climb to my roomOnde histórias criam vida. Descubra agora