climb to my room

Quatro

Seoltangie passou duas noites se hidratando, comendo bem e recebendo carinho, e eu já conseguia ver a diferença que isso havia causado nele. Eu estava muito orgulhoso por ter cuidado sozinho de um bichinho abandonado, e gostaria muito de ouvir o veterinário me dizer que Seoltangie estava saudável e pronto para ser meu gatinho, oficialmente.

Naquele sábado de manhã, depois de receber o endereço e o telefone do tal Kim Seokjin, eu fiz o meu máximo para não pensar na teoria que Taehyung havia inventado. Eles podiam ser só colegas, mesmo, certo? De qualquer modo, eu confiava cegamente em Jiwoo, então aquele veterinário devia ser realmente bom.

Foi um pouco difícil levar Seoltangie até o local, pois precisei recorrer a medidas extremas e colocá-lo dentro de minha mochila semi-aberta (e inventar um passeio na cidade com meus amigos) para conseguir sair de casa sem levantar suspeitas. Andando com minha mochila a frente de meu corpo, pude ficar mais tranquilo durante o caminho, pois o gato branco ali dentro queria poder apreciar a paisagem durante nossa caminhada. Seoltangie era realmente um gato de outro mundo, e eu me considerava o garoto mais sortudo da cidade por ter cruzado seu caminho.

Jiwoo havia deixado claro que Seokjin estava abrindo uma exceção, atendendo um paciente na casa de seus pais, então eu já estava muito receoso ao tocar a campainha daquela casa de dois andares. Não precisei esperar muito tempo, um sorridente homem abriu a porta antes mesmo de atender o interfone.

— Bom dia, Hoseok-ah! Meu Deus, você é idêntico à sua irmã! Ei, o que temos aqui? É você que iremos examinar hoje, hein?

Seokjin-ssi falava muito rápido, e muito alto. Com cuidado, e segurando a mochila rente ao meu corpo, eu me curvei a ele em sinal de respeito para então me apresentar.

— S-sim... eu sou o Hoseok, e... esse é o Seoltangie.

O rosto de Seokjin se iluminou ao ver o gatinho que espiava curioso o lado de fora da mochila.

— Uaaaau, bom dia, Seoltangie! Então você é o grande aventureiro do bairro, que encontrou um lar?

Eu ainda achava improvável que meu gato fosse tudo aquilo que falavam, mas Seokjin parecia realmente amar estar ali, com mais um animalzinho em pleno sábado de manhã, então resolvi apenas seguir sua deixa.

— Eu o encontrei essa semana, e não sei se minha irmã avisou, mas...

— Ah, sim, eu estou ciente. - Seokjin me interrompeu, chamando-me para entrar - Entre, eu vou atendê-los no consultório que meu pai costuma usar. Ele já não atende tantos clientes, então podemos ficar tranquilos quanto ao horário. A propósito, vamos fazer alguns testes rápidos para detectar algumas doenças muito comuns em gatos de rua, e eu quero que você saiba que se obtivermos algum resultado positivo, ainda é totalmente possível criar seu gatinho, ok? Você só vai precisar de alguns cuidados extra no dia a dia do Seoltangie. Mas nós não queremos isso, certo? Queremos um Seoltangie forte e saudável!

Era um pouco complicado acompanhá-lo, mas eu creio que eu consegui entender tudo conforme eu o seguia até uma sala branca ao fim de um longo corredor externo. O veterinário fechou a porta atrás de mim e vestiu um par de luvas brancas, indicando que eu colocasse Seoltangie sobre a mesa de metal à minha frente.

O pobre gato parecia acuado por estar naquele ambiente tão diferente e hostil e seu rabo fazia um movimento esquisito para baixo, demonstrando desconforto. Seokjin pareceu cuidadoso ao examinar seus olhos, ouvidos, patas, e passar seus dedos por alguns pontos do corpo de Seoltangie, fazendo o soltar um ou dois miados confusos.

— Hmm. Tudo parece em ordem. Os cortes que ele tem já estão cicatrizados, não é? Agora para fazer os testes eu só preciso de algumas amostras de sangue. Duas delas usaremos agora para os...