Me beije na boca e me liberte, cante-me como um coro, eu posso ser o tema dos seus sonhos, seu desejo doentio, você não quer ver um homem de perto, uma fênix no fogo? Então me beije na boca e me liberte, mas por favor, não morda.
BITE - Troye Sivan.
— Chaewon, eu acho que a gente deveria começar a namorar – quebro o silêncio entre nós.
Ela não responde e nem olha para mim, parece estar muito concentrada no caderno a sua frente e por um momento eu me pergunto se realmente falei aquilo em voz alta ou se só imaginei que disse algo, mas antes que eu tenha a chance de repetir a pergunta ela levanta a cabeça e me encara.
A Chaewon tem essa coisa, esse tipo de olhar que eu não sei muito bem o que significa. Na maior parte do tempo ela sorri e parece normal, mas de vez enquanto ela me olha como se eu fosse um sapo deitado numa bandeja de prata e ela estivesse pronta para abrir minha barriga com um bisturi. É desconfortável para dizer o mínimo, mas eu tento não pensar muito sobre porque não acho que ganharia nada com isso.
— Seu cabelo tá molhado – Chaewon diz e aponta para as gotas d'água que pingam da minha franja e escorrem pelo meu rosto.
— Ah...eu sei – desvio o olhar para o lado de fora da janela enquanto coço a nuca sem jeito.
Quando eu cheguei em Seoul a primeira pessoa que conheci foi Jay e eu lembro de ter pensado que ele era alguém difícil de se ler. Agora já se passaram meses eu ainda tenho dificuldade de saber o que ele está pensando as vezes, mas tem ficado mais fácil de entender conforme eu aprendo sobre ele. A Chaewon é diferente, ao mesmo tempo que eu sinto que aprendo sobre ela aos poucos, eu também sinto que não sei nada.
A algum tempo atrás ela me contou sobre quando a Eunchae entrou no Serafim – o que foi uma surpresa porque pela forma como ela agia eu não esperava que ela fosse me falar disso nunca, mas não é como se ela tivesse entrado em detalhes também. Ela só me disse que os pais delas achavam que a Eunchae estava fazendo um curso de música, então a Chaewon fica responsável por deixar e pegar ela nos ensaios e quando tem alguma apresentação elas diz que é um recital ou coisa do tipo. Eu tive vontade de perguntar porque os pais delas não vinham a esses tais recitais, mas não fiz isso, eu já sabia que o que ela tinha me dito era muito para a quantidade de coisas que ela geralmente fala, então não quis abusar.
A Chaewon não gosta do Danish Girl então ela não fica para os ensaios ou vê as apresentações. Ela me disse que ficava vagando por aí até a Eunchae ligar avisando que já podia ir buscar ela. Eu não sei o que ela ficava fazendo nesse meio tempo e nem sei o porquê de a Eunchae estar na banda ser um tópico sensível, a Chaewon não parece gostar, mas ela mente para os pais dela sobre isso, e eu até poderia tentar entender, mas não é assim que as coisas funcionam com ela. A Chaewon é o tipo de pessoa que você só consegue entender o que ela quer que você entenda.
No final das contas eu cheguei a conclusão de que todos nós temos nossas pequenas mentirinhas e fazemos o que podemos para preservá-las. Isso me fez sentir que eu aprendi um pouco mais sobre ela, mesmo sem realmente aprender e que talvez nós até sejamos parecidos em mais áreas do que “gostar de ficar calados”.
Desde então eu me ofereci para ficar com a Chaewon no tempo em que a Eunchae está ensaiando e é isso que estamos fazendo agora. Os dois sentados num café ali pelo bairro, ela com os óculos no rosto e seus livros espalhados pela mesa e eu todo molhado e parecendo uma completa bagunça.
— É que eu demorei no banho e quando percebi já tava atrasado, daí vim correndo pra não te deixar esperando – sorrio curto tentando não deixar o constrangimento me engolir vivo.
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say yes to heaven | sunsun
FanfictionPark SungHoon é um jovem de vinte anos que nunca conheceu nada além da vida numa pacata vila do interior da Jeolla do sul. Sempre os mesmos lugares, as mesmas pessoas e as mesmas expectativas. Até que um dia diante a oportunidade de ir para a tão gr...