Você está em uma estrada diferente, eu estou na via láctea, você me quer na terra, mas eu estou no espaço, você é tão difícil de agradar.
Icona pop, Charli XCX – I love it.
Passo meus dedos pelas prateleiras observando as plaquinhas de metal na frente de cada sessão. Ficção científica, biografias, terror, romance de época. Eu não tenho nenhuma opinião particularmente forte sobre nenhuma dessas coisas, mas não é por causa delas que eu vim até aqui hoje, então não gasto muito do meu tempo lendo os nomes escritos nas lombadas dos livros que tem ali.
Infanto juvenil, é disso que eu vim atrás.
Puxo o primeiro livro de capa dura que consigo encontrar e o analiso bem. É mais um daqueles clones de “Percy Jackson”, o que eu até entendo, acho que é normal querer surfar na onda de algo que está em alta ou então procurar algum tipo de fórmula para o sucesso através de outras pessoas que conseguiram antes, se não fosse assim tendências não existiriam, além do mais, no final das contas acho que todo mundo está atrás disso, independente de qual seja o aspecto da vida – um jeito de conseguir as coisas mais fácil. Não tem algum quote do Stephen King que fala isso ou coisa do tipo? Bom, tanto faz, a questão agora é que esse tipo de livro por hora não vai servir.
Volto a procurar pela estante e passo por vários títulos, tanto conhecidos como coisas que eu nunca ouvi falar antes. Eu não vou levar nada conhecido porque se eu sei o que é então o Jungwon com certeza sabe também, isso acaba com o propósito disso tudo. E sobre os desconhecidos, eu preciso de alguma coisa que me faça ter certeza que vai ser extraordinária e até agora nada me deu esse sentimento.
Bom, talvez eu esteja sendo meio exigente, essa é a quinta loja que eu vou hoje e até agora tudo que eu tenho é uma lista amassada cheia de “possibilidades de presentes” no bolso do meu casaco. Mas isso não é normal? Quer dizer, não é todo mundo que pensa demais quando está tentando fazer um gesto de afeição?
— Com licença! – me viro assustado para a senhora ao meu lado, ela tinha acabado de puxar meu fone de ouvido da minha orelha do nada – rapazinho...– ela me olha de cima a baixo daquele jeito que só gente velha consegue fazer quando está te julgando – isso aqui não é uma biblioteca pública, então se você não for comprar nada eu sugiro que volte quando tiver dinheiro.
Não respondo. Talvez ela tenha ficado irritada com isso, foda-se também, que se exploda. Se eu tenho que escutar esse tipo de comentário e ficar de boas então ela vai sobreviver por não ter recebido uma resposta. Além do mais, o que eu poderia dizer? Não é como se ela ligasse e, sendo sincero, eu ligo muito menos.
Coloco meu fone de novo e aumento o volume da música enquanto saio da livraria. Eu não ia encontrar nada de especial ali e dar um livro para o Jungwon soa meio clichê mesmo, então tanto faz, é melhor que eu procure em outro lugar.
...
Abro a porta do Sweet Home e suspiro, uma nuvem de fumaça branca aparece na frente da minha boca enquanto a sensação de alívio se espalha pelo meu corpo. É tipo quando você está operando no automático, o cansaço não parece te afetar tanto assim e você consegue continuar as tarefas normalmente, mas quando vai chegando perto de casa parece que tudo te atinge como se fosse um tijolo, uma loucura! Eu mal posso esperar até o inverno acabar, esse clima frio e escuro só faz com que as energias de todo mundo acabem indo para o brejo mais rápido que o normal, ou pelo menos é isso que faz comigo. Quem tem vontade de levantar as quatro da manhã para se arrumar para o trabalho no meio de uma nevasca e um frio de dez graus negativos? Devia ser proibido trabalhar no inverno!
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say yes to heaven | sunsun
FanfictionPark SungHoon é um jovem de vinte anos que nunca conheceu nada além da vida numa pacata vila do interior da Jeolla do sul. Sempre os mesmos lugares, as mesmas pessoas e as mesmas expectativas. Até que um dia diante a oportunidade de ir para a tão gr...