Caipira | Hyunho

Recomeçar com o pé direito

Quando chegaram na casa de Minho, ele adentrou sem muitas cerimônias, assustando dois homens que se beijavam no sofá, que se separaram rapidamente com a porta batendo repentinamente.

— Desculpa incomodar o casalzinho aí — Minho disse assim que abriu a porta da sua casa.

Na sala, Hyunjin viu uma pessoa que conhecia, mas que nunca havia se aproximado o suficiente. Era Bang Chan, irmão paterno de Minho que morou boa parte da sua adolescência em Daejeon.

O Bang soltou uma exclamação alta como reclamação, revirando os olhos antes de olhar para o irmão.

— Sinceramente, você gosta de atrapalhar meu momentos com Seungmin, não é? Me disse que ia pescar hoje e a casa seria toda minha, pirralho. — mesmo parecendo que estava dando uma bronca no irmão mais novo, ele acabou por deixar um sorriso escapar — Não é sempre que podemos ter essa oportunidade, sabia?

— Desculpa aí mais uma vez, mas aconteceu uma emergência e temos uma doninha encharcada.

Com isso, o Bang olhou para Hyunjin, abrindo a boca levemente e balançando a cabeça, como se tivesse entendido.

— Ah, entendi! Eu tinha esquecido que você tinha voltado para cá! Tudo bem, Hyunjin? — dizia enquanto se aproximava do mais alto com a mão estendida.

— Sim... Tudo bem... - apertou a mão do Bang — Mas como assim "doninha"?

— Não é nada, é só um apelido que Minho deu a você.

Aquele então era só mais um dos apelidos que Minho havia lhe dado, não entendia bem o porquê, mas também não iria perguntar.

— Enfim, vamos logo para o quarto, deixa esses dois pombinhos aproveitando a tarde enquanto podem. — Minho disse, colocando a mão no ombro do Hwang e o guiando até seu quarto, enquanto os outros meninos do grupo ficavam fora da casa, os esperando. O Lee foi diretamente para seu armário, tirando uma toalha branca e um par de roupas simples — Aqui, pode se enxugar com isso e trocar de roupa, vou arrumar algo para você colocar as roupas molhadas.

Hyunjin pegou as roupas com receio, desconfiado pela gentileza do mais velho, não era como ele se lembrava de Minho na infância. Se bem que as pessoas podem mudar, principalmente quando chegam na fase adulta da vida.

— Obrigado — ele agradeceu, fazendo uma reverência bem vaga.

— Então vou sair para que você possa se trocar. — Minho disse, andando até a porta do cômodo, mas antes que pudesse sair, virou-se novamente — Só gostaria de falar algo com você antes. Sabe, já fazia anos que eu não o via, e eu diria que foi bom vê-lo de novo aqui, mas percebo que você não gostou nem um pouco. Por isso eu gostaria de tentar recomeçar com o pé direito agora que já somos adultos.

Hyunjin assentiu com a cabeça enquanto escutava o mais velho, com as roupas e a toalha em seus braços. Ele estava percebendo até onde essa conversa estava indo e não iria interromper.

— Gostaria que pelo menos tentássemos ser amigos e passar essas férias de boa, quem sabe você não volta nas próximas férias também?

— Eu não pretendo passar outras férias aqui... — o Hwang respondeu baixinho — mas de qualquer forma, eu acho melhor tentarmos, não quero acabar deixando essas férias chatas para meu amigo por causa dos meus próprios problemas.

Minho deu um sorriso para o Hwang, que retribuiu um pouco acanhado.

— Ah, Jeongin já ia falar isso para você, mas vou aproveitar e dizer eu mesmo. Meu avô pediu para você ir jantar com a gente amanhã...

— Ah, sério? Claro que eu vou! Bom, agora vou deixar que você se troque — o mais velho falou, abrindo a porta do quarto e saindo, encostando ela após sua saída.

Talvez as férias não fossem tão ruins se fizesse uma trégua com Minho, querendo ou não, ele passaria vários dias lá e se não quisesse morrer de tédio, teria que arranjar alguma coisa para fazer durante aquelas semanas e o Lee e seu grupo de amigos parecia uma boa opção naquela cidade minúscula.

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Hyunjin preferia se manter longe daquela plataforma de madeira, deixando Minho sentado na borda dela, mas acabou por ter que se juntar ao Lee no final. Perdeu as contas de quantos mosquitos tinham no local, só sabia que estava louco para estar em um local protegido dos diversos insetos que tinham naquele lugar.

Nunca achou que veria seu amigo se divertindo tanto por causa de algo como pesca, mas nem deveria ser pela atividade em si, mas sim porque poderia dar em cima de Changbin livremente estando sentado ao lado dele.

Jisung e Felix também não ajudavam muito no sentimento do Hwang de estar de vela naquele lugar.

— Você já tentou conhecer a cidade? — Minho perguntou.

— Ainda não... Estava um pouco ocupado arrumando minhas malas. Por quê?

— Estava pensando se você gostaria que eu o acompanhasse. É só por causa daquilo que conversamos, começar com o pé direito.

Hyunjin encarou Minho, que tinha seus olhos fixos a água abaixo deles. O Lee realmente não era como o Hwang lembrava, ele ainda tinha algumas manias da época, mas ao todo parecia uma pessoa até mesmo diferente. Não podia achar aquilo estranho, pois já fazia dez anos que não o via, pessoas mudavam com o tempo.

— Pode ser amanhã de tarde? Daí já podemos ir direto para a casa do meu avô.

— Está bem. Venha para a minha casa lá pelas três.

Estava na hora de abandonar um pouco daquela raiva infantil.