Chaos Theory

capítulo 02

Sentada no balcão de mármore em sua cozinha iluminada apenas pelas luzes amareladas penduradas por um lustre simples, Carrie devorava seu pão com ovos e fatias de abacate, uma mistura nova na qual ela tinha se arriscado a provar e desde então se tornou um vício. Era a sua comida "bizarra" mais gostosa, pois estava acostumada a comer tal fruta apenas em vitaminas doces.

Ela se cobria com um enorme moletom branco com a logo da Off-White nele, e  seu celular estava em suas mãos aberto em um aplicativo de relacionamento.

— Que vida miserável... — reclamou com a boca cheia, saindo de cima do balcão e indo até a geladeira pegar  sua garrafa de vinho que estava pela metade a dois dias atrás. A jovem adulta era uma grande apreciadora desse magnifico líquido  que lhe transformava em uma chorona sentimental sozinha ou em uma predadora com os hormônios a flor da pele perto de seus amigos.. — Ok, lá vamos nós, ainda está cedo para ficar apenas assistindo serie. "let's go para mais uma aventura romântica, parte... meia nove! Há-há.

Matthews riu de sua própria piadinha autodepreciativa com o seu humor da quinta série. Passou da sala para cozinha equilibrando a garrafa de vinho, o prato com o pão pela metade e o celular. Sentou-se no chão com as pernas cruzadas e em um contorcionismo ela colocou a garrafa ao lado do corpo para depois pôr o prato em suas coxas. Buscou pelo controle de sua televisão e então colocou música na TV para ter um ar mais agradável e descontraído enquanto empurrava o polegar para a direita ou esquerda na foto de desconhecidos.

— Feio...  Muito jovem... Meu deus com certeza esse homem tem cinco filhos e uma esposa... — ela encarou mais de perto a foto do tal homem, lendo a bio que tinha "sigilo" escrito logo após de "solteiro". Definitivamente não.

Não chegava a ser muito exigente em relação a seus parceiros, e talvez esse fosse realmente seu problema. Cafajeste seria pouco para descreve-los, eram superficiais ao ponto de sequer pensarem em esconder isso, Carrie se perguntava como tinha sido tão ingênua no nível de pensar que não lhe prejudicaria em nada caras assim pois ela "sabia onde estava se metendo". Bom, aparentemente você ainda consegue se queimar com a água quente mesmo vendo as bolhas pulando da panela. "Mas é obvio" seria o que qualquer pessoa sensata lhe responderia, mas Carrie era bastante cabeça dura consigo mesma, ela parecia gostar de não se dar valor, como uma de suas melhores amigas sempre lhe jogava na cara.

Ela não era fútil, longe disso, tinha suas paixões, suas vontades, sonhos, medos e gostos..., mas não pareciam interessar a ninguém que fosse para ficar do seu lado. "Você quer meu corpo? Tudo bem, também quero o seu" ela passou a pensar assim para suprir uma carência em sua vida. Mal estava com tempo para se decepcionar de partir o coração, preferia o estresse de mais uma vez se negar a sair de casa as três da manhã para transar do que ficar acordada até as três da manhã chorando com o coração partido.

E nessa brincadeira de ir descartando seus possíveis futuros rolos, Carrie, no impulso e emburrada por estar detestando todos, passou para o lado contrário a foto de uma pessoa na qual o rosto não lhe era nem um pouco estranho.

— PORRA! PORRA! BILL KAU.. KAULITZ??? — Sua perna inquieta com a afobação bateu no vinho ao lado do corpo que tilintou a garrafa no chão. Não a quebrou, e por não está cheia também não sujou o chão, rapidamente ela a pegou e colocou na mesinha de centro junto ao prato que ainda chegou a bambear ao perder a sustentação de suas coxas. — Nem fodendo... porra, eu passei? Merda! Eu passei! — Colocou a mão livre na cabeça, olhando desesperada para a tela do celular. Tinha descartado a  possibilidade de ter um match, mas logo começou a rir, envergonhada e nervosa.

— Que desespero, Carrie.. Não deveria ser ele... ou será que era... — a própria passou a mão pelos cabelos enormes e apertou o lábio inferior com os dedos. Quais eram as possibilidades de realmente ser o estilista ali, em um aplicativo tão triste para os mais desesperados por um parceiro na vida? Tinha que ser racional também.

— Pior que... argh, tem que pagar para ver quem eu já descartei... — falou como se aquilo fosse uma opção. Veja só, estava cogitando pagar dez dólares em um aplicativo apenas para conferir um fake de Bill Kaulitz. — Bom... São só dez dólares, né.... tsc, maldito dia que cadastrei meu cartão de credito nesse celular! — Praguejou a si mesma, indo na opção Premium do aplicativo e preenchendo o básico de informações para comprar o pacote de um mês.

"Que vergonha" ela pensou, lembrando que quem era Premium tinha um símbolo ao lado do nome, todos pensariam que ela era uma jogadora profissional, uma desesperada.
Mas que se dane, se realmente era o perfil de Bill ali, ela iria tentar a sorte como um milhão de homens e mulheres também tentavam.

Quem a visse ficaria curioso para saber  quem era esse rapaz que tinha feito Carrie perder o fôlego e pagar para tentar ganhar um like na foto. Ele era simplesmente um dos melhores estilistas da atualidade, e também modelo.  Matthews tinha se interessado por sua vida quando ingressou na faculdade de moda, e em suas pesquisas para as inspirações na sua área ela viu fotos de um rapaz com os cabelos arrebitados e roupas curtas. "Uau" ela pensou, a androgenia da pessoa na foto lhe despertou a vontade de buscar saber quem era, ficando ainda mais surpresa de como ele estava hoje em dia. Um sentimento frustrante de não tê-lo conhecido antes lhe atingiu, ela teria adorado ter pôster de Bill espalhados pelo quarto na sua era emo. Não que ela estivesse totalmente afastada dela, haviam dias que my chemical romance estraçalhava o som de sua casa durante uma faxina. 

Pessoas andrógenas realmente lhe era um ponto fraco, atualmente Bill não tinha mais aquele visual, obviamente pessoas cresciam e mudavam seus gostos, essa era a graça da vida. Mas ele ainda tinha o mesmo brilho no olhar, e sua autenticidade, essa jamais morreria.
Seus detalhes em relação ao gosto pela moda quando dava entrevistas,  deixavam Matt com os olhos totalmente pregados na tela para não perder nada que ele falava. Sinceramente? O considerava uma de suas maiores inspirações, mas não apenas na moda, já tinha iniciado um pouco a leitura sobre sua biografia e, caramba! Como ele era forte, e um ser humano iluminado por assim dizer. Ela adoraria se sentar em uma mesa com ele para partilharem uma margarita  enquanto conversavam sem compromisso algum.

Esse era o máximo que se permitia sonhar deitada em sua cama, por que, bem, se tratava de uma celebridade com a vida bem mais interessante e importante que a sua.

E enquanto isso, horas antes, os irmãos kaulitz estavam entregando entretenimento para quem que estivesse partilhando o mesmo iate que eles.