32 - Até breve.

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🖇 | Boa leitura!

Achei que o momento fosse ser de felicidade quando eu visse essa imagem de novo

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Achei que o momento fosse ser de felicidade quando eu visse essa imagem de novo. Achei que o motivo de isso estar acontecendo fosse ser porque poderíamos respirar aliviados, parar de temer o futuro e de esperar pelo pior. Mas agora enquanto vejo a minha mãe ser recebida por Merci tão carinhosamente, ajoelhada no carpete da nossa sala de estar, rindo enquanto recebe várias lambidas no rosto e ouve latidos de alegria, a única coisa que eu sou capaz de sentir é uma profunda solidão.

Em dois dias estaremos voando com destino a Paris e essa é a última vez que a minha mãe vai estar nessa casa. Pergunto-me se ela também está revivendo as memórias do meu crescimento nesse lugar desde que passou pela porta da frente. Pela forma como a vi olhar para as fotos penduradas nas paredes do hall, tenho certeza que essas lembranças foram acessadas.

Ela ergue os olhos para mim enquanto acomoda Merci em seu colo. Seu sorriso é sereno e parece tentar me trazer um pouco de conformidade. Ela me olha como se sentisse saudade, me olha quase da mesma forma que olha a casa que não verá mais, nosso lar de uma vida toda. E é estranho que eu também esteja com essa sensação de que também estou me despedindo definitivamente desse lugar. É claro que voltarei, mas ele nunca mais será o mesmo. Não foi o mesmo desde que ela saiu para ser internada no hospital e com certeza vai mudar de novo com a premissa de que ela nunca mais poderá estar aqui.

O meu lar, aquele onde cresci com uma mãe amorosa e cheia de vida, aquele que parecia trazer o sol para dentro de cada cômodo a cada novo dia, esse lar nunca mais poderá ser visto. Acabou. Tenho que me despedir dele.

Começamos a caminhar pela casa até chegarmos ao último lugar: o quintal. Fico parado observando ela caminhar pela lateral da piscina, olhando tudo em volta, avaliando cada espaço. Merci a segue em seus calcanhares, aceitando com muito prazer quando minha mãe pega um brinquedo em formato de osso do chão e o oferece. Ela para perto da cerca que separa o quintal do jardim dos fundos da Lili. Quando move a tábua solta, olha para trás por cima do ombro e sorri para mim.

— Você não consertou. — comenta.

— É, eu prometi isso há anos. — rio brevemente. — Até tentei pregar de volta, mas acho que a madeira está ruim e sempre solta de novo. Teria que comprar uma nova.

— Mas você não comprou. — ela move a tábua para o lado, abrindo espaço para o jardim da Lili. — Ah, Merci! — ela exclama quando o yorkshire passa pelo vão direto para o outro lado.

— Ele sempre faz isso. A Lili não se importa. Na verdade ela adora receber a visita do Merci. — me aproximo até parar ao lado dela e também observo Merci do outro lado como se aquele jardim também fosse seu.

Minha mãe me olha de relance com um sorriso que diz tudo. Eu poderia ter trocado a madeira, não iria demorar e seria fácil. Mas não fiz isso, mesmo para um cachorro que eu costumava detestar e que me detestava de volta.

Beautiful Girl ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora