🖇 | Boa leitura!
Lili fica em silêncio em determinado momento daquela noite, o que não é nada comum quando ela e a minha mãe estão no mesmo recinto. Pergunto-me se algo aconteceu no tempo que eu saí para ir ao banheiro e fico preocupado quando noto um ar de tristeza no rosto dela.
Quando saímos do hospital, Lili se encolhe em sua jaqueta jeans por causa do vento frio. Não está gélido e o clima segue o fio da estação mais quente, porém está um pouco tarde e costuma ventar mais daquele lado da cidade. Retiro o meu casaco e coloco sobre os ombros dela. Lili sorri fraco para mim a fecha a peça sobre seu corpo, exceto pela barriga, que está se expandindo cada vez mais.
— Tudo bem? — pergunto.
Ela me olha sem erguer tanto a cabeça. Seus olhos estão enormes e brilhantes, a ponta do nariz e as bochechas levemente avermelhados. De repente, acho que ela quer chorar, mas aguardo para me certificar de que não estou enganado.
— Lili... — digo o seu nome com cautela e me aproximo pousando a mão na lateral do seu rosto. — O que houve?
Uma lágrima solitária e silenciosa desce por sua bochecha e eu a limpo com o polegar. Estou preocupado, parece que ela vai desmoronar a qualquer momento. E então Lili fecha os olhos com força e as lágrimas escorrem sem parar. Um soluço escapa dos seus lábios e eu a puxo para um abraço, apoiando meu queixo no topo da sua cabeça enquanto ela enfia o rosto em meu peito. Deixo que ela coloque essa emoção para fora antes de insistir que ela me diga o porquê de estar assim.
Seu choro é falho, não é desesperado, mas reconheço a dor em cada arfada e cada mover dos seus ombros quando uma nova onda de lágrimas vem. Passo as mãos em suas costas, afagando-a carinhosamente. Quero tirar isso dela, mas no momento tudo o que eu posso fazer é continuar segurando-a.
Quando seus soluços param, esquivo a cabeça para olhar em seu rosto. Ela parou de chorar, mas a tristeza ainda está colada em sua expressão. Seguro a sua mão e a guio até um dos bancos que fica na entrada do hospital de frente para o estacionamento. Sentamos lado a lado sem soltar a mão um do outro.
— Quer me contar o que aconteceu? — pergunto.
— Não aconteceu nada. — respira fundo. — Eu só... São só umas coisas que estão acontecendo há muito tempo. Às vezes elas me fazem chorar.
— E você já contou elas para mim?
Lili me olha de relance e balança a cabeça negativamente. Aproximo-me mais, a abraço de lado e ela deita a cabeça em meu peito.
— Eu posso te ajudar. Por favor, me diga.
— Ver você com a sua mãe me fez pensar nos meus pais. Não falo com eles desde que saí de casa há três meses. Parece uma eternidade.
— Você tentou procurá-los?
— Não. As coisas acabaram com um clima estranho entre nós, eu não sabia o que diria se fosse ligar. "Oi, sou eu, a filha com quem vocês mal falam, aquela que vocês não olham mais nos olhos".
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Beautiful Girl ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanfictionRecém saída da faculdade, Lili se vê enfrentando um grande dilema quando por um descuido acaba engravidando. Sem ter qualquer apoio da família ou do pai da criança, ela decide recomeçar sozinha e planejar uma vida onde possa ser uma boa mãe mesmo qu...