SEATTLE

2 0 0
                                    

Sinto os braços de Agatha me envolverem, em um abraço apertado, ela realmente sentiu a nossa falta, ela volta a abraçar Serah que retribui na mesma intensidade. Estamos em Seattle, para ver a família de Serah, eles estavam animados pela nossa chegada.

— Vamos meninas? — Agatha mantém os braços envolta dos ombros de Serah, — tenho um almoço aguardando vocês.

...

Agatha está na cozinha, estou tentando ajuda-la na medida do possível, quando ela disse que tinha preparado um almoço para a gente, não estava brincando, tinha tanta comida, que me deixou tonta, agora estamos limpando tudo, para podermos descansar.

— Athena, consegue pegar a garrafa de vinho na adega? — Ela levanta o rosto, olhando para mim, as linhas de expressões a mostra, — pega um tinto, como o qual a gente tomou no almoço.

Aceno com a cabeça em concordância e me dirijo a adega que tem na sala de jantar, encontro uma e sigo em direção a cozinha, parando para olhar as fotos que tem espalhada pela casa.

As fotos mostram uma época em que Serah era um neném, em sua maioria seu pai está nelas, algumas contém todos os cinco, Agatha com Kamala ao seu colo, Shivani ao seu lado segurando na mão da mãe e de Cássio, que tinha a neném Serah no colo, eles eram uma família linda.

Até onde eu sei, Cássio morreu num acidente de carro quando Serah tinha apenas 2 anos, isso foi um trauma para a família inteira, que desde então vem cada vez mais unida. Agatha criou as 3 meninas com auxílio dos pais de Emma, que por sua vez tem uma família bem grande. As filhas puxaram os olhos e o sorriso do pai, o que é de dar inveja, Cássio tinha um belo sorriso, com exceção de Shivani, todas tem os cabelos crespos e volumosos como os de Agatha, elas também são altas, assim como ambos os pais, a mistura de ambas as belezas dos dois trouxeram três deusas da perdição.

Volto a cozinha pensando em como deve ter sido difícil para todas, Serah ama o pai mais que tudo e nutri um amor enorme por ele, assim como Shivani, que não gosta nem de tocar no assunto, as lembranças do pai ainda a machucam, e isso faz mais de 20 anos. Ao contrário de Emma, que é órfã, não conheceu os pais biológicos e foi adotada quando era um bebê por Grace e John, ela é a mais nova de cinco filhos e pelo que entendi, a mais distante de todos, inclusive, ela está na casa dos pais e isso é um alívio não ter que olhar para a cara dela.

Lembro-me dos meus pais, e o quanto o divórcio deles foi conturbado, não me leve a mal, eu amo eles, mas eles são no mínimos imaturos demais para serem pais, não é fácil crescer em um ambiente onde se tem brigas e discussões todos os dias, um pai ausente e uma mãe agressiva, não sei como eu e minha irmã sobrevivemos.

Sento-me a cadeira da ilha central da cozinha, faz alguns dias que não falo com o meu pai, a última vez, ele me disse coisas horríveis, Agatha me serve uma taça de vinho, minha mãe também está distante, isso não é novidade, para nenhum dos lados, já minha irmã está concorrendo a uma bolsa para a universidade da Califórnia, minha família é uma família de cabeçudos, inspiro fundo e solto o ar pela boca, meu coração está pesado, e não sei o porquê.

— Está tudo bem? — Agatha me tira de meus pensamentos.

— Está sim, são só... problemas com os meus pais.

— Eles estão te tratando mal de novo? — Ela solta os cabelos fazendo com o que os cachos grisalhos balancem até chegar ao seu formato, beleza é realmente algo que essa família tem de sobra.

— Não sei bem, meu pai não responde minhas mensagens, e minha mãe só sabe falar o quanto está orgulhosa da minha irmã.

— Escuta meu bem, é normal, as vezes só precisamos de um tempo, seus pais não souberam lidar bem com a sua mudança, e olha só, você está aqui, e está linda.

12 ENCONTROS ATÉ VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora