Casinha na Árvore

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Uma semana em que estamos em Seattle, uma semana em que Cris e Andy voltaram do Brasil, uma semana que eu deveria ter voltado do Brasil. Meu pai ainda está estranho comigo, mas minha mãe entendeu a situação o lado bom de ter uma mãe viciada em trabalho.

No momento a mesa está posta, todo mundo toma seu café, observo minha xícara com o achocolatado, aproveitando para inalar o aroma do cacau, a mesa está em partes dividida em dois tipos diferentes, Mia está tagarelando em uma ponta, ao lado do pai e da mãe, que conversam animadamente com Kamala, Elliot e Joon-Ho, enquanto eu, Serah, Andy, Cris, Agatha, Christoffer, Shivani estamos em silencio, provavelmente terminando de fazer o download da alma.

Estamos na casa de Christoffer e Amanda, uma linda casa a beira do mar, tão grande que da para se perder, e acredite, eu já me perdi. Pelo que entendi, eles fazem essas reuniões esporadicamente, para que a família esteja sempre unida, ou algo assim, Serah e Emma não costumam participar, por estar morando do outro lado do país. De repente o assunto muda, ouço por cima, mas estão falando sobre o futuro de Emma e Serah.

— E você irmãzinha, quando volta para casa? — Joon-Ho questiona e sei que é para Emma que mantém um semblante sério.

— Eu estou em casa. — Ela levanta o olhar e encara o irmão ao meu lado, seus olhos estão em um tom intenso de verde, e ele revira os olhos.

— Digo, voltar a morar em Seattle, largar essa vida de suburbana.

— Estou bem assim.

— Ah, vamos lá, vai dizer que você não sente saudades da mamãe?

— Joon-Hoo, nem todos gostam de ficar na asa da mamãe até a morte.

— Vamos lá irmãzinha, — ok, eu devo admitir, odeio ele, ele é a típica velinha que deu a maçã envenenada para a Branca de Neve, — agora que você se formou, pode abandonar essa ideia hedionda de fotografia e tocar o hospital comigo, você voltará para Seattle que é a sua casa.

— Joon-Hoo...

— Defina casa. — Emma parece surpresa, e eu também, o que estou fazendo? Eu não sei, mas não gosto do jeito venenoso que ele se refere a ela. — Quero dizer casa remete a lar, que é um lugar onde membros da família querem estar, onde se renova energia, e se encontra afeto, acolhimento e conforto, logo lar ou casa pode ser em qualquer lugar, até mesmo na fotografia. — Todos pararam para prestar atenção, o que me deixa desconfortável, pois não pensei antes de agir e só falei, — acho que falei de mais, — me afundo na cadeira e Emma abaixa a cabeça, contendo um riso, — quero dizer, tanto faz, o café está delicioso.

— Joon-Ho, deixe sua irmã em paz — John intervém e internamente agradeço.

— Ei? — Serah sussurra ao meu ouvido, — que história é essa? Você defendendo minha prima.

— Não da para conversar agora, precisamos de um lugar mais isolado. — Sussurro de volta.

— Tá. — É tudo que Serah diz antes de se levantar da mesa, — eu e as meninas lembramos que precisamos resolver uns assuntos da faculdade, Chris vamos usar sua casa na árvore, tá? — Ele concorda e Serah começa a me puxar quintal a fora, enquanto Cris e Andy nos seguem.

...

A casa na árvore é para os filhos de Christoffer, que estão viajando com a mãe, então esse final de semana a casa está inabitada, ela é tão pequena que mal cabe nós quatro sentadas no chão, Andy está sentada no colo de Cris, eu estou de frente apoiada na porta e Serah ao lado delas, elas me analisam com cautela até obter alguma informação minha.

— Então?

—  O que foi aquilo?— Serah começa, — você está devendo explicações.

— Eu não gosto da forma como ele fala com ela.

12 ENCONTROS ATÉ VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora