Capítulo 10

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Quando percebi já era de noite. Eu ainda estava ali deitado observando o céu e pensando no que poderia fazer para que ela entendesse que independente de tudo eu ainda a amaria.

Peguei a garrafa, entrei e fui tomar um banho. Já tinha passado da hora de voltar para ficar com ela. Mesmo tudo isso acontecendo, com essas dúvidas em minha mente, não podia e nem queria deixá-la sozinha lá.

Saí do banheiro, parei na frente do espelho e fiquei me observando e então reparei em uma cicatriz que eu tinha na barriga que por muito tempo me deixou envergonhado. Mas quando ela a viu ela apenas me olhou e disse que era perfeita e que eu não deveria ter vergonha dela.

Então me vesti de forma rápida, peguei minhas coisas e saí em direção ao hospital. Antes de chegar lá, parei em uma loja de produtos e comprei um espelho para levar até ela. Pedi para que embrulhasse mesmo sendo um espelho grande, o que dificultou para eu conseguir transportar, mas não desisti.

Assim que passei pela recepção, vi o olhar de Cloe para o que eu estava segurando. Não precisei dizer nada. ela já sabia o que estava naquele embrulho e o que estava por vir, então nem me perguntou nada. Uma enfermeira veio me perguntar o que estava levando, Cloe apenas pediu que a deixasse, pois ela sabia que aquilo era importante para nós dois.

Cheguei no quarto e ela estava sentada na cama, lendo o livro que lhe dei no primeiro dia que nos conhecemos. Olhando para ela, senti meu coração se completar, apesar de tudo aquela garota ali parada era o grande amor da minha vida, achei que já tinha te perdido uma vez, não iria a perder de novo.

— Onde você estava? A Cloe me disse que você teve que sair rápido. Teve que resolver alguma coisa? – me perguntou assim que me viu, colocando seu livro de lado e me encarando parado lhe observando.

— Eu tive que ir resolver algumas coisas sim. Aproveitei para dar uma esfriada na cabeça também. – disse enquanto colocava o espelho no canto indo em direção à sua cama e me sentando ao seu lado.

— E por causa daquilo ainda? – indagou ela enquanto me olhava nos olhos com aqueles seus olhos perfeitos que me encantavam sempre que eu os via.

— Sim, é por causa daquilo, mas eu não quero que você pense que o problema e sobre tocar você, ou termos algo mais íntimo, mas sim a confiança. – estava lhe dizendo até que fui interrompido por sua voz.

— Eu sei, mas... – lhe interrompi colocando meu dedo em sua boca, como um gesto para que esperasse.

— Por favor, me deixe terminar. Eu sempre estive aqui, porque eu confio em você, mais que tudo nesse mundo. Eu sabia que você nunca iria desistir, e eu sei que você se esqueceu de tudo, que você precisa aprender a confiar em mim da forma que confiava. Eu quero que você confie em mim, a ponto de me dizer o que está te fazendo mal, o que você está precisando, quero que me diga o que te incomoda. Não importa o que for. Eu estou aqui para você, sempre. – desabafei enquanto via seus olhos se encherem de lágrimas. Sua expressão tentando segurá-las para que não pudessem cair fizeram com que meus olhos ficassem marejados.

— Me desculpa por não falar com você. Eu só não sabia o que dizer. Estava com vergonha. Você esteve comigo esse tempo todo, vendo sua vida passar na sua frente. Agora o que você tem é uma garota cheia de cicatrizes pelo corpo, que não lembra nem a sua comida preferida. Que precisa de ajuda até para sair da cama. Fazer isso com você me machuca. – confessou ela enquanto colocava sua mão no rosto para tampar as lágrimas que estavam caindo. Aquilo fez meu coração doer como se tivesse tomado um soco no peito.

Levantei-me, fui até o espelho que tinha colocado ali no canto, desembrulhei e fiquei parado em frente dele.

— Brooklyn!! – lhe chamei.

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