Capítulo 2

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Assim que acordei liguei para seus pais e contei sobre o que tinha acontecido. Não pensaram duas vezes em virem vê-la. Aproveitei enquanto eles não chegavam para pentear seus cabelos e deixá-la arrumada para receber visita.

— Como ela está? – perguntou seu pai enquanto entravam no quarto.

— Ainda na mesma. Não paro de olhar para ela na esperança de ver alguma mudança. O doutor disse que isso pode ser um sinal, ou nada demais. – disse enquanto me virava de frente para eles.

— Minha filha tem muita sorte de ter encontrado você. Tenho certeza de que ela está lutando para sair dessa e poder ficar ao nosso lado. – falou sua mãe enquanto passava por mim e ia ao seu lado segurar sua mão.

—Você sabe que não te culpamos por nada, você não poderia ter feito nada para impedir isso. – disse sua mãe enquanto olhava para ela.

— Mas talvez se eu estivesse lá, poderia ter ajudado até eles chegarem. – disse a ela enquanto me viro para a vista da janela.

—Foi um acidente, Scott, não tinha como você saber que iria acontecer! – afirmou em tom alto.

— Mas eu prometi estar ao lado dela sempre, e eu não estava lá quando ela mais precisou! — exclamei com a voz embargada.

— Você não tinha como saber, e você está aqui ao lado dela, sem sair sequer um segundo, isso é a maior demonstração de amor que você poderia dar à ela. –disse ela enquanto me abraça como forma de apoio.

— Você deveria ir tomar um café, aproveitar que estamos aqui, podemos ficar com ela até você voltar – disse o pai dela enquanto caminhava até mim.

— Tudo bem, vou aproveitar para comer algo e comprar algumas coisas para ela que estão acabando. Mas caso tenha qualquer mudança me chamem. Eu prometo que venho o mais rápido possível! – disse a eles logo após dar um beijo na testa de Brooklyn para me despedir.

— Cuidamos dela para você, pode ficar tranquilo. – disseram eles enquanto eu saía do quarto.

Enquanto descia pelo elevador não conseguia parar de pensar naquilo que eles me falaram, eu sabia que o acidente não tinha sido minha culpa, mas ao mesmo tempo aquilo estava me consumindo por dentro.

Tínhamos feito uma promessa quando fomos ao parque juntos pela primeira vez. Enquanto estávamos apoiados na beira do píer e a brisa do mar batia em nossos rostos, nos olhamos nos olhos e prometemos reciprocamente, que sempre estaríamos lá quando o outro precisasse, não importando para o que fosse, estaríamos juntos.

Sempre que me deito essa cena vem em minha mente junto com ela me dizendo que eu não estava lá quando precisou, me fazendo acordar assustado e remoer aquilo a madrugada inteira, não sei porquê, mas sempre acabo sentindo como se isso fosse minha culpa.

Assim que cheguei na lanchonete senti o cheiro do café e me lembrei do dia que nos conhecemos, já estava a tanto tempo naquele quarto que nem me lembrava mais como o cheiro das coisas é bom. Aproveitei para pegar um café e algo para comer, me sentei na frente do hospital e comi enquanto sentia o vento batendo em meu rosto, fazia tanto tempo que não sentia aquilo.

Não demorou muito tempo senti meu celular vibrar em meu bolso, assim que olhei era a mãe de Brooklyn, senti meu coração acelerar e sem perder mais nenhum segundo atendi.

— Alô, o que aconteceu? — disse em voz alta.

— Onde você está? – me perguntou a mãe dela com uma voz embargada.

— Estou aqui embaixo, o que aconteceu? Você estava chorando? Sua voz está diferente. – perguntei preocupado.

— Sobe aqui rápido, Scott! Ela acabou de acordar! Mas tenha calma quando chegar, pois ela... – a mãe dela estava falando quando desliguei e sai correndo sem deixar sequer ela terminar.

Enquanto o elevador subia sentia a ansiedade surgindo no meu corpo, só queria chegar logo no quarto e vê-la. Assim que ele parou, saí correndo, batendo em todos que estavam à minha frente.

Assim que cheguei na porta e vi seus olhos abertos e seu sorriso não aguentei, fui logo correndo em sua direção e a abracei o mais forte que podia, logo em seguida lhe dando um beijo, mas não demorou nem alguns segundos para que sentisse sua mão me empurrar.

— O que você está fazendo? Porque está me beijando? Quem é você garoto? – Perguntou ela enquanto olhava para mim com uma cara de espanto, o que me fez ficar sem entender nada.

— Como assim porque estou te beijando? Sou eu, Scott, o seu namorado! – lhe disse enquanto sentia toda aquela ansiedade se transformar em tristeza.

— Como assim namorado? Eu nem sei quem você é! Na verdade, não sei nem o que está fazendo aqui no meu quarto! – exclamou enquanto virava o olhar em direção a seus pais.

— Como assim o que estou fazendo no seu quarto? Eu estava aqui esse tempo todo cuidando de você! Nós namoramos há um ano, Brooklyn! – lhe disse enquanto me virava em direção ao médico que estava ao lado dos pais dela. — O que está acontecendo aqui? – perguntei, já com a voz embargada.

— Scott, acho melhor sairmos e conversarmos um pouco, eu posso te explicar melhor. – disse o doutor enquanto olhava para mim.

— Eu não quero sair daqui, eu quero saber o que aconteceu e porque minha namorada não se lembra de mim, que estava aqui com ela esse tempo todo.

— Eu não sou sua namorada! Já não disse? Será que você não consegue entender? Por favor, mãe, tira esse garoto daqui! – exclamou ela enquanto me olhava furiosa e irreconhecível.

— Olha Scott, eu acho melhor você sair e conversar com o doutor, deixa ele te explicar o que está acontecendo, depois vemos o que fazer. O mais importante é que ela está bem e acordada. – me disse o pai dela.

— Você só pode estar de sacanagem me mandando sair! Era eu quem estava aqui o tempo todo! Até mesmo quando vocês não estavam! Vocês já tinham desistido! Eu estava aqui fazendo de tudo para que ela se sentisse melhor e fosse capaz de acordar, eu estava aqui lutando com ela, agora vocês querem que eu simplesmente saia? Não é possível! – falei em tom de voz alto enquanto ia na direção dele.

— Scott, se acalma, a situação é delicada. – me disse o doutor enquanto se colocava em minha frente. — Vamos conversar lá fora, eu te explicarei tudo, assim pensamos numa forma de reverter isso. – continuou dizendo enquanto me levava para fora do quarto.

Assim que cheguei do lado de fora me sentei no banco e não consegui segurar mais as lágrimas, elas apenas escorreram no meu rosto sem que ao menos eu percebesse.

Estava há tanto tempo esperando por esse momento, que ela acordasse e eu pudesse ver seu sorriso, lhe abraçar novamente, agora que aconteceu ela nem sequer se lembra de mim. Apenas conseguia sentir um aperto no peito, pois tinha acabado de perder meu amor pela segunda vez.

— Scott, eu sei que isso é difícil, mas não tem o que fazer. Isso é uma sequela do que aconteceu. Já é um milagre ela ter acordado depois de tanto tempo. – explicou ele enquanto apoiava seu braço sobre meu ombro me consolando.

— Mas e agora doutor, o que posso fazer? Ela nunca mais vai lembrar de mim, nem do que éramos? — lhe perguntei enquanto ainda limpava as lágrimas do meu rosto.

— Olha é uma situação delicada, não posso dar certeza, mas, pode ser que com o tempo ela possa ir se lembrando, ou talvez tendo alguns flashes quando estiver fazendo algo que já fazia. – disse ele enquanto olhava afetuosamente para mim.

— Mas tem alguma coisa que eu possa fazer para que ela se lembre de mim mais rápido? – lhe perguntei esperançoso.

— Bom, talvez se reviverem momentos que foram intensos para vocês, pode ser que isso faça com que ela se lembre, mas como eu disse não é certeza. Eu posso te dar um conselho? – perguntou ele.

— Sim, claro! – lhe afirmei.

— Se você a ama como demonstrou durante esses seis meses, não desista dela. Você já a conquistou uma vez, pode conquistá-la de novo. Apenas espere o momento certo. – disse ele enquanto batia no meu ombro e se levantava para ir.

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