Condenação

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   Acordei envolta em algo quente e suave, como se estivesse sendo abraçada por uma nuvem macia. Abri os olhos lentamente, a luz suave filtrando-se através das cortinas, banhando o quarto em um tom dourado. O cheiro de algo familiar e acolhedor pairava no ar, como se um abraço tivesse sido trazido para o espaço ao meu redor.

   Estava deitada em uma cama confortável, com lençóis de seda que acariciavam minha pele. O travesseiro, um pouco mais firme, parecia ter sido moldado exatamente para mim, como se tivesse sido criado com o único propósito de me proporcionar um descanso perfeito. Por um momento, tudo parecia certo, como se eu tivesse sido transportada para um lugar seguro, longe de pesadelos e das sombras que costumavam me perseguir.

   Levantei a cabeça um pouco, tentando entender onde estava. A luz da manhã dançava suavemente sobre as paredes escuras do quarto, e eu percebi que o espaço tinha um toque de aconchego, apesar da sua opressão habitual. O Cobertor enrolado aos meus pés era macio, acolhendo cada movimento que eu fazia. E havia algo a mais — um animal felpudo aconchegado ao meu lado, um pequeno gato com pelos dourados, que se espreguiçava e começava a ronronar, como se soubesse que eu precisava daquela companhia.

   Senti uma onda de calor e conforto me envolver. Poderia me perder naquele instante, no doce aroma da sua presença e na sensação de estar segura. Mas, mesmo assim, uma parte de mim ainda estava alerta, lembrando-se das sombras que poderiam se esconder à espreita. Respirei fundo, tentando absorver a tranquilidade que me cercava, esperando que essa sensação ficasse por perto por mais um momento, como um refúgio do caos que costumava dominar meus dias.

   Só então consegui prestar atenção em Carla e Shin discutindo em voz baixa ao meu lado. O tom deles era tenso, como se as palavras que trocavam fossem lâminas afiadas.

— O que você fez, Shin? Ela estava à beira da morte.

— Eu apenas estava... testando os limites dela. Um pouco de pressão nunca fez mal a ninguém.

   As palavras dele soaram como uma lâmina afiada, cortando o ar. Um frio na barriga me invadiu, como se a dor que eu tentava escapar estivesse sendo alimentada novamente, ressurgindo em um turbilhão de sentimentos. A ideia de que ele poderia ver minha dor como uma mera forma de entretenimento era aterrorizante.

— Isso não é um jogo! Ela não é sua marionete. Cada vez que você brinca com a dor dela, você arrisca tudo.

   Carla estava visivelmente agitado, seu tom de voz subindo em intensidade. Eu podia ver a raiva em seus olhos, cada movimento dele transparecendo uma força contida, como uma tempestade prestes a eclodir. Sua preocupação por mim era palpável.

— Ah, comece a relaxar, Carla. Você sabe que ela sempre se recupera. Além do mais, a dor dela é fascinante. É quase como arte.

   Eu podia sentir a tensão no ar. O contraste entre a calma de Shin e a indignação de Carla criava uma atmosfera elétrica, como se o ambiente estivesse prestes a explodir.

— O que você acha que vai conseguir com isso? Acha que está sendo esperto? Você só a está empurrando para mais longe de nós.

   Fiquei em silêncio, absorvendo a troca entre eles. Meu coração batia acelerado, e meus pensamentos estavam confusos. O que estava acontecendo comigo? Por que tudo isso parecia tão distante e surreal, como um pesadelo do qual eu não conseguia despertar?

— Ah, finalmente acordou! Estávamos apenas discutindo sobre seu... estado. Não se preocupe, está tudo sob controle.

   A voz de Carla mudou de tom, tornando-se suave, quase carinhosa, um contraste com a frieza de Shin. Olhei para eles, tentando compreender a dinâmica que se desenrolava diante de mim.

Diabolik lovers: Dark fateOnde histórias criam vida. Descubra agora