Street Racer - Malila

15 - o plano

» MARAISA PEREIRA - POV « 

Meu coração estava disparado e minhas mãos tremiam enquanto Gabi jantava tranquilamente, saboreando a comida. A mesa de seu apartamento estava posta como em um jantar romântico. Tinham velas aromáticas, pétalas pelo chão, e uma irritante playlist tocando ao fundo. 

— Não vai jantar, baby? — o tom suave me enojou. 

— Não me chame assim. — respondi ríspida, e ela riu. 

— Pare com isso, amor. Dei o meu melhor para essa noite ser especial para nós duas. — tentou tocar minha mão, mas afastei na mesma hora. Senti meu estômago revirar. — Estava pensando... — voltou a falar, ignorando minha má vontade — Você poderia me levar para conhecer meus sogros. Tenho certeza que eles iriam me adorar. 

— Eu não teria tanta certeza. — respondi baixinho, sem me conter. 

— Não, é? — ela limpou a boca com o guardanapo. — Acha que eles iriam preferir alguém como uma das Mendonça? — perguntou olhando nos meus olhos, com um sorriso sarcástico no canto da boca, como se apreciasse minha expressão de nojo — Quem sabe... Marília Mendonça? 

Observei Gabi levar a taça de vinho à boca, bebendo sem tirar os olhos de mim, enquanto esperava por uma resposta, mas não respondi.  Cerrei meus punhos com toda força por baixo da mesa, tentando segurar toda a raiva, tristeza e culpa que carregava durante todo esse tempo sozinha. Senti a vontade de chorar me invadir pela milésima vez naquela semana. Eu não conseguia mais suportar aquilo.
Ela voltou a encher a taça com vinho. Já estava quase no final da garrafa. 

— Fico pensando o que eles diriam se descobrissem o segredinho delas. — comentou como quem não queria nada — Ou se descobrissem que as filhinhas deles também estão metidas nisso... 

— Você prometeu que deixaria todas em paz! — esbravejei carregada de ódio, tentando não levantar o tom de voz. 

— Me deixa extremamente triste saber que você não confia em mim. — fingiu estar ofendida. Sua voz já soava embolada — A comida estava gostosa, uma pena que não tenha comido. 

— Estou sem fome. — respondi mal humorada. 

— Você não está tornando as coisas fáceis, baby. — ela disse puxando sua cadeira para ficar próxima de mim. — Eu prometi que deixaria suas amigas em paz, mas você não está cumprindo sua parte. —  acariciou meu rosto. Me mantive firme, tentando minimizar o contato, enquanto o seu hálito de vinho batia contra mim — Me dê um beijo. — pediu baixinho puxando meu rosto de leve, me fazendo recuar. — Eu disse pra você me dar um beijo, Maraisa. — ordenou, mudando o tom de voz. Eram poucos os momentos que Gabi me fazia sentir medo, mas aquele definitivamente foi um. 

Enquanto sentia sua língua passear pela minha boca, senti o gosto horrível do vinho barato. Minha cabeça repassava o plano tentando inutilmente me distrair daquela tortura que parecia não ter mais fim. 

— Vamos para o quarto. — ela disse, me puxando pela mão. 

A segui pela casa, sabendo que não tinha nenhuma escolha, até chegarmos no quarto e Gabi me puxar para mais um beijo. Precisava ganhar tempo, então deixei que ela me beijasse. Mesmo assim, meu corpo não conseguia esconder a tensão que sentia naquele momento. 

— Relaxa, baby. — ela disse entre beijos no meu pescoço. — Não vamos fazer absolutamente nada que você não queira. — mordeu o lóbulo da minha orelha — Mas, eu realmente espero que você queira tanto quanto eu. — sussurrou no meu ouvido, me fazendo fechar os olhos com força.

— Posso, pelo menos, tomar um banho primeiro? — tomei coragem para perguntar. 

— Claro. — deu um sorriso se afastando de mim — Vou amar ter você cheirosa na nossa cama. — Ela foi até a mesinha no canto do quarto, e se serviu um copo de whisky como sempre fazia.