No morro da Rocinha

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Malu NARRANDO

Se a Malu não nascesse por conta própria eu iria precisar fazer uma cesárea e mesmo que os hospitais dentro dos morros tenha médicos, ainda não me sentia confiante em passar por uma cirugia onde teria a minha filha.

Então, eu estava fazendo de tudo para que ela nascesse o quanto antes. Perigo tinha me deixado sem celular porque ele sabia que em um momento de surto eu poderia ligar para minha mãe ou ir atrás de Julia e dizer que eu estava viva.

- Você está ai – Marisa fala entrando .

- Oi – eu falo para ela.

- Acabei de ligar para minha prima a Rosa que mora na rocinha – ela fala – não conheceu ela quando estava lá?

- Não, não lembro – eu falo

- Ela não deveria ainda está – ela fala – ela é filha do seu Carlos da venda.

- Ah, sim sei quem é ele – eu falo – mas o que tem ela?

- Ela acabou de me dizer que passou a noite junto de Rd – ela fala.

- De Rd? – eu pergunto

- Sim, eu disse a ela que era loucura porque ele era o chef de lá e que não era para ela se meter com ele – ela fala – você acha que Rd faria algum mal a ela?

Eu a encaro ainda entendendo a noticia que ela me deu.

- É – eu falo – ele é traficante, bandido. Ela vai ter que aprender a lidar assim como aprendemos também – dou leve sorriso e ela apenas assente com a cabeça.

Confesso que o fato de saber que Rd estava se relacionando com outras pessoas me deixou impactada, mas eu queria o que? Ele não poderia ficar o resto da vida me esperando ou dizendo que me ama, era um amor impossível de acontecer.

- Eu vou falar com ela para ela se afastar – Marisa fala.

- Não – eu respondo a ela – Rd é uma pessoa legal, não vai machucar sua prima. Se ela está disposta a se envolver com ele, deixa ela. Você não está com Bn? Então. Olha eu feliz da vida com Perigo a anos e vamos ter uma filha – eu abro o sorriso mais falso do mundo e ela me encara.

- É – ela fala – eu sou feliz com Bn.

- Então – eu falo para ela segurando as minhas lagrimas que eu nem sabia porque estava acumulada em meus olhos.

Eu vou até a costureira do morro para pegar algumas coisas que tinha mandado fazer para Joana, quando eu volto vejo Miguel na cozinha.

- Já está em casa? – eu pergunto.

- A ronda a noite está com Bn até Joana nascer – ele fala.

- A ronda deveria está com ele depois que a Joana nascer – eu falo e ele me encara – como vou fazer? Cuidarei sozinha? Não. O traficante ai vai fazer nenê embalar, sim senhor.

- Nada? – ele pergunta

- Do que? – eu pergunto

- Sinal dela nascer – ele fala.

- Não – eu falo – já pulei até amarelinha, dancei até o chão, desci e subi as escadarias do morro 50x e nada – eu me sento no chão.

- Bom – ele fala – se você precisar fazer uma cesárea,você vai sair do morro.

- Ela vai nascer de parto normal, nem que eu tenha que colocar a mão e puxar ela para fora – ele me encara

- Não quero imaginar – ele fala