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PERIGO NARRANDO

- Você não vai – ele fala.

- Eu vou – ela fala – minha mãe está aqui, você não pode me impedir de ir ver ela.

- A sua mãe está aqui atrás do seu pai, vai saber se isso não é uma armadilha do Kaio e de mais alguém. – eu falo.

- Eu estou grávida e você não pode me negar isso – ela fala.

- Se eu precisar te trancar em algum lugar Malu, sim eu faço – eu falo – você não vai e ponto final, eu já decidi isso. Vão colocar sua mãe para fora.

- Não, por favor – ela começa a chorar – deixa a minha mãe subir, ficar comigo. Eu estou na reta de uma gestação e tudo que eu preciso é ver a minha mãe Perigo.

- E se a sua mãe estiver a mando de alguém? Ai vão saber que você está viva e grávida – eu falo – vai colocar a vida da Joana em risco.

- Eu quero a minha mãe – ela fala nervosa e chorando muito – por favor, deixa ela entrar. Mantém ela aqui presa.

- Se ela tiver a mando de alguém, vão entrar atrás dela – eu falo – tudo que a gente não precisa é de alguém vindo aqui querendo nos matar. Ainda mais com você quase ganhando a Joana, precisamos ainda mais de proteção.

- Mas é minha mãe – ela fala.

- Eu sei que é difícil Malu – eu falo secando suas lagrimas – mas é para a nossa segurança, a proteção da nossa filha. – ela meio que assente.

- Não machuca ela – ela pede.

- Eu não vou machucar sua mãe – eu falo.

Ela fica em silêncio.

- Perigo, o que fazemos? – Bn pergunta no rádio para mim.

Malu apenas se levanta e vai em direção a sala, eu passo a mão pelo meu rosto.

- Perigo? – Bn chama no rádio.

- Não – Malu dar um grito e eu corro até ela

- o que foi? – eu pergunto vendo um liquido descendo pelo meio das suas pernas e empoçado no chão.

Eu me afasto.

- Leva ela para algum lugar quero saber porque ela está atrás do Antonio – eu falo.

E me aproximo dela.

- Está doendo – Malu fala.

- A nossa filha vai nascer – eu falo para ela – vamos para o hospital.

- Nem pensar, eu vou para o quarto – ela fala nervosa.

- Para de besteira, precisamos descer até o posto – eu falo para ela.

- Não – ela fala me encarando – você não vai decidir onde eu vou ter a minha filha – eu respiro fundo. – eu vou parir no meu quarto e eu quero a minha mãe.

- Eu não vou chamar sua mãe – eu falo.

- Chama a minha mãe agora! – ela fala me encarando – não queira brincar comigo Miguel, estou parindo uma criança e estou com muita dor. Eu tenho nojo de você, nojo de você – eu a encaro – eu não quero que só você esteja do meu lado, porque por mais que você diga que me ama, diga que mudou, peça para tentar, que eu tente ficar com você, as lembranças do passado volta o tempo todo. Então eu quero a minha mãe é a única coisa que você precisa fazer para se redimir por tudo.

Ela sobe as escadas gemendo de dor.

- Eu te ajudo – eu falo

-Eu não quero sua ajuda! – ela grita.

No morro da RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora