Manhã na Escola: Bem Vindos à ESDM!

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A luz do sol filtrava-se pelas cortinas empoeiradas dos quartos, dando um ar de nostalgia ao ambiente, como se cada canto desse internato guardasse segredos. O eco do sino ainda ressoava nas paredes, seguido pelo barulho de pés arrastando-se pelo chão de madeira. A rotina da escola era como uma máquina bem azeitada, mas com algumas peças desgastadas — principalmente entre os alunos.

Finalmente ao começar a rotina rigorosa, passos de uma sapatilha podem ser ouvidos como terremotos ao chão. Era uma das tias da limpeza que passara por lá para acordar os alunos.

Sons de porta sendo aberta com agressividade podem ser ouvidos.

— ACORDA PIRRALHA! — diz a tia raivosa expressando seu amor pela a aluna.

Maria, com um semblante ainda sonolento, vestiu-se apressadamente. Sua cabeça doía e a última coisa que queria era encarar mais um dia naquelas quatro paredes. Buscou seu uniforme, que consistia em uma blusa branca e uma saia xadrez, itens que nunca pareciam confortáveis, mas que deviam ser usados com rigor.

Quando finalmente conseguiu se aprontar, olhou-se no espelho. Seu reflexo parecia tão cansado quanto ela. O espelho devolveu uma expressão de indignação, que ela não conseguiu ignorar.

— Não é possível que eu tenha que passar mais cinco anos aqui! — resmungou, enquanto descia apressada pela escada em espiral do dormitório. O cheiro de café e pão fresco invadia o ar, mas a ideia de um café da manhã apressado não a animava.

Ao chegar à sala de refeições, a cena era a mesma de sempre: alunos enfileirados, cada um em seu lugar, sem uma palavra a mais do que o necessário para se alimentar. As mesas eram longas, e o espaço havia sido montado de maneira a evitar conversas. Assim que a Tiazinha da Limpeza havia dado o último aviso, um silêncio quase sepulcral dominava o ambiente.

— Bombom! Vem aqui apanhar sua comida — gritou um dos funcionários, identificando um aluno que havia cochilado na mesa.

Maria se sentou e começou a mastigar o pão sem saber que seu dia começara, na verdade, muito antes — e com uma determinação que poucos entendiam. A rotina de regras sempre trazia à tona uma insatisfação latente nos alunos. Não era apenas a rigidez das normas, mas a sensação de não possuírem liberdade.

— Você ouviu o que aconteceu semana passada? — perguntou Clara, sua colega de mesa, quebrando o silêncio. Os olhos de Maria brilharam com a curiosidade.

— Não, o que foi? — sussurrou Maria, com um misto de emoção e medo.

— Dizem que a Ana e o Carlos foram pegos conversando depois das 8:37. A penalidade... Ninguém sabe o que aconteceu, mas eles não estão aqui hoje.

Um arrepio percorreu a espinha de Maria. Aquela penalidade desconhecida pairava sobre todos como uma sombra ameaçadora. Era essa a razão pela qual muitos ficavam em silêncio, por medo do que poderia acontecer.

O sino tocou novamente, e os alunos levantaram-se rapidamente, como se uma corrente invisível os estivesse puxando para fora da sala. Cientes do que a manhã havia reservado, seguiram em filas, cada um com seu uniforme arrumado e suas expressões inexpressivas. Era tudo parte do jogo.

Ao chegarem às salas de aula, os alunos sentavam-se em suas cadeiras, as regras ecoando em suas mentes. O professor de ciências entrou, arrumando os óculos na ponta do nariz, sem se importar com os rostos pálidos e cansados dos alunos.

— Bom dia, turma. Espero que estejam prontos, pois o conteúdo de hoje é essencial — disse ele, sem nem ao menos um olhar para o restante da sala. As palavras eram como uma abordagem automática.

Maria olhou para o relógio.

— Se eu não conseguir sobreviver a este dia, espero poder me lembrar da liberdade.

Mas no fundo, ela sabia que a liberdade não era algo que a escola prometia. Aquilo era apenas o início de mais um dia cheio de regras e barreiras. E ela ainda não tinha ideia das repercussões que os segredos daquela escola guardavam.

O Transtornado, Psicótico e Sobrenatural...NICO! (Em Construção E Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora