Prólogo

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- Faça sua escolha.

Três palavras nunca me assustaram tanto na vida. Enquanto andava pela areia fofinha da praia de Maceió me via presa a somente duas escolhas, algo extremamente novo para mim que sempre viveu a base de diversos caminhos, diversos planos.

Olhando para o horizonte, observava o sol descendo devagar e tentava encontrar nele a resposta para o meu dilema. Qual caminho deveria seguir? Aquele que já conheço e estou acostumada ou mudar completamente minha vida.

Eu amava ter possibilidades. Saber que se não der certo de uma forma eu tenho o plano A, B, C, D... mas se esses últimos meses me ensinaram algo, foi que por mais que eu esteja preparada com mil e um planos, tudo pode dar errado. Uma amiga me deu um conselho uma vez, o único plano que devemos ter é o Plano F, o plano Foda – se.

A algum tempo atrás eu já saberia minha resposta, mas hoje eu vivo de uma incerteza esmagadora. Tantas coisas me faziam sentir medo, tantos sentimentos que me levavam por um caminho, no entanto meu espírito aventureiro queria ir por outro,

Cansada de minha caminhada resolvi ir até o quiosque beira mar. Um lugar simples porém que chamava atenção. Não pretendia ficar mais do que cinco minutos ali, tempo suficiente para comprar duas latas de cerveja, algo para me afundar. Voltei rapidamente para a areia, queria observar o sol se pondo, queria aproveitar os poucos minutos de paz que ainda me restavam.

Em pé, olhando fixamente para aquela paisagem, com minha latinha de cerveja eu me encontrava maravilhada com a perfeição daquela imagem. O tom alaranjado do céu me lembrava da minha época de criança, mal sabia eu que aquele era meu melhor momento. Eu não tinha preocupações a não ser o de decidir se iria assistir TV globinho ou bom dia e companhia.

Finalmente abri uma daquelas latinhas, o gosto amargo que tanto amava se fazia presente em minha boca. O sabor que me levava de volta ao meus 16 anos, onde experimente pela primeira vez aquela sabor amargo que me acompanharia pela minha vida. Estava prestes a levar a latinha mais uma vez aos meus lábios, se não fosse por uma voz rouca chamando minha atenção.

- Bonita, não? – por mais que eu fosse uma pessoa curiosa, não ousei desviar o olhar da vista para a dona da voz ao meu lado.

- Desculpe? – confusa, perguntei à ela.

- A vista, ela é bonita. – sim, tinha de concordar. Aquela vista era de se tirar o fôlego. – você não é muito de falar, não é mesmo? – ainda sem desviar meu olhar do por do sol dei um sorriso enquanto levava a latinha em direção aos meus lábios, era a única resposta que a mulher ao meu lado teria.

Eu não era uma pessoa calada, pelo contrário, eu adorava falar. Mas acontece que naquele momento não fazia sentido eu falar, não havia o porquê de dirigir palavras simplórias a uma pessoas que até cinco minutos atrás eu não sabia da existência. Mas acho que ela era mais teimosa do que o previsto, já que não desistia de manter uma conversa comigo, algo que eu não conseguia entender o porquê.

- Sabe, eu me pergunto o que uma mulher com roupas sociais, bebendo uma cerveja barata, faz parada olhando o pôr do sol em uma plena tarde de quarta – feira. – Ela disse com um tom curioso, como se quisesse desvendar os mais sórdidos segredos de minha vida.

E pela primeira vez desde que eu a notei parada ao meu lado, virei em sua direção, destinada a dar alguma resposta que desse a entender o quanto precisava ficar sozinha naquele momento. Mas perdi totalmente a linha de raciocínio ao me deparar com uma morena dos olhos verdes me encarando, ansiando por sua resposta. Voltei novamente o meu olhar para o horizonte enquanto tentava formar alguma resposta coerente e enquanto não a achava, estendi a outra latinha de cerveja em sua direção. Ela aceitou e a abriu quase que instantaneamente.

- Eu só estou procurando por respostas. – disse por fim. Sentia seu olhar me queimando, mas não a olhei.

- Uma vez, um certo alguém me disse que quanto mais procuramos por respostas, mais parece que ela foge de nosso alcance. – enquanto tentava decifrar o que aquela frase queria transmitir, ela se posicionou um pouco mais perto de mim, nossos ombros quase se encostando. E depois do que pareceu uma eternidade, ela voltou a falar. – quanto mais você procurar por respostas, mais vai ser difícil para você a encontrar. Apenas deixe que tudo se ajeite, pode não ser da forma que você esperava, mas as vezes deixar tudo na mão do destino é a melhor escolha a se fazer.

E enquanto observava os últimos resquícios do sol e apreciava a companhia da mulher que até a pouco não conhecia, via que talvez minha resposta não deveria ser tomada agora, afinal, ainda tinha algum tempo para me decidir. Então resolvi fazer conforme a linha mulher de olhos verdes me aconselhou. Eu entregaria tudo nas mãos do destino.



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Olá gente, tenho alguns capítulos prontos dessa história a anos. Ficou perdido nas minhas pastas mas resolvi me aventurar.

Vou dar um tempo antes de postar o primeiro capítulo. Me digam o que acharam.

OBS: o texto não foi revisado.

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