Capítulo 4 - Nervous

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Já é quarta - feira novamente. Meus últimos dias foram todos dedicados ao museu. Com a data de exposição se aproximando parecia que o trabalho tinha dobrado, mesmo com todos trabalhando a todo vapor parecia que as coisas a serem feitas só aumentavam.

Desde domingo não vi mais Cecília e confesso estar sentindo bastante falta dela, mais do que eu deveria. Eu não sabia nada sobre ela, isso me deixou pensativa. Naquele jogo de perguntas ela conseguiu tirar de mim muita coisa, mas a única coisa realmente relevante que eu consegui tirar dela foi o seu livro favorito. Para alguém tão apaixonada quanto livros como sou, essa era uma pergunta muito importante. Mas de todas as outras ela se esquivava. E mesmo depois de horas com ela ainda não sei sua idade, sua profissão, sua família... enquanto ela conseguiu arrancar de mim até o local do corpo onde eu sentia mais cócegas.

Tento, em vão, não pensar muito nisso enquanto corro pela orla da praia. Desde segunda venho acordando mais cedo, muitas vezes o sol nem nasceu ainda quando termino minha corrida. Tem algo inconsciente que não me deixa ter mais do que 6 horas de sono.

Não é saudável essa minha rotina. Muito trabalho, poucas horas de sono e má alimentação é um combo de coisas que não deveriam acontecer. Presa aos meus pensamentos não percebi uma pessoa vindo em minha direção e me choquei contra ela indo direto para o chão.

- Oh minha nossa, me desculpe. Eu não te vi. - Observei duas mãos se esticando em minha direção para me ajudar a levantar - Manu?

- Patrick! Não esperava te encontrar a essa hora - Aceitei sua ajuda para me levantar. Sabia que Patrick tinha os mesmos hábitos que eu de tanto que ouvi Ana reclamar das vezes em que ele implorava para que ela o acompanhasse.

- Também não - ele apoia as duas mãos em sua cintura tentando recuperar o folego, assim como eu - Me desculpe por ter te atropelado.

- Que isso. Também tive culpa. Está vindo do hotel de Ana? - Pelo que Ana havia me falado, o apartamento de Patrick ficava do outro lado da cidade.

- Sim, tentei a acordar para corrermos mas estou começando a perceber que ela não é uma pessoa muito matutina - Dou uma risada contida.

- Pois é. Ano passado tivemos uma corrida para arrecadar fundos para algumas escavações, todos da equipe iriam participar mas Ana se recusou - Agora é ele quem ri - Estou indo até meu hotel, fica do lado do de Ana.

- Eu também já ia voltar. Se importa se eu for junto?

Nego com a cabeça e voltamos a correr, em um ritmo menor da que estávamos 5 minutos atrás. Começamos a conversar, ele realmente se mostrou um cara muito legal e que parecia gostar muito de Ana, apesar do pouco tempo que se conheciam. Depois de um tempo ele começou a falar sobre o seu trabalho e que teria uma reunião por vídeo chamada em poucos minutos.

- E o que você faz? - pergunto deixando minha curiosidade tomar conta. - Ana me falou que você tinha seu próprio negócio mas não me contou o que era.

- Na verdade Maria e eu temos nosso próprio negócio. Maria é a minha melhor amiga solteira que Ana quer tanto te apresentar - Dou uma risada acenando com a cabeça. Ana nunca esqueceria essa história e pelo visto está arrastando Patrick junto. - Nos conhecemos desde a infância e sempre fomos muito criativos. Conforme fomos crescendo, Maria tinha várias ideias doidas de negócios e confesso que em algumas eu não botava muita fé não. Mas durante a faculdade, eu fazia administração e Maria fazia ciência da computação, ela veio me mostrar um ideia de aplicativo. Achei que seria só mais uma ideia mirabolante dela mas conforme foi me mostrando eu vi que tinha muito futuro ali. Eu tinha algumas economias, então entrei com o dinheiro e ela com a ideia. Acontece que o aplicativo foi um estouro e quando vimos, estávamos com uma marca grande em mãos e alguns milhões na conta.

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