Ah, como eu odeio os domingos. É um dia totalmente apático que parece infinito.
Ainda estou em minha cama, esparramada. No relógio já marcava 10:17. O único dia que me permitia ficar um tempo a mais na cama. Como sempre era um dia que se arrastava, preferia ficar dormindo do que morrer de tédio.
Depois de passar meu dia com Ana e Patrick, neguei o convite deles para irmos a algum bar e fui direto para o hotel. A verdade é que após uma noite de bebedeira irresponsável e um dia cheio, meu corpo já estava clamando por descanso. Tinha apenas um plano em mente: um longo banho relaxante e cair na cama para um longo e merecido sono.
Me levanto da cama indo em direção ao banheiro. Tomo um banho rápido e escolho mais alguns de meus vestidos soltos para ir em busca de algum lugar para tomar café. Como ainda sou nova na cidade, pergunto ao recepcionista do hotel se teria alguma padaria próxima o suficiente para ir a pé. Seguindo a informação que recebi, encontrei uma à no máximo 5 minutos de caminhada. Assim que chego me permito absorver um pouco do espaço e me dou de cara com a última pessoa que queria ver nesse fim de semana, penso em dar meia volta e sair pela porta antes que ele me veja, mas percebo ser tarde demais quando ele me nota e começa a andar em minha direção.
- Manuela - aquela voz irritante disse meu nome.
- Fernando! Como vai? – não consegui disfarçar o tom claro de tédio
- Muito bem, muito bem! Já que está aqui, podemos conversar um pouco sobre a proposta que te fiz, o que acha? – suspiro pesadamente. Esse era justamente o último assunto que tentava pensar nos últimos dias.
- Em uma padaria, Fernando? Não é melhor conversamos sobre isso no museu?
- Não pode fugir muito tempo desse assunto, Manuela. – seu tom já demonstrava uma clara irritação – Se não quiser essa oportunidade preciso saber logo, para procurar outra pessoa. Não pode ficar em cima do muro para sempre.
- Estou interessada na proposta, okay? Porém é uma mudança muito drástica de vida, preciso de um tempo para considerar minhas opções. – toco minha tempora a massageando enquanto falo. – Vamos fazer o seguinte. Esses próximos dias estarei trabalhando o dobro com a data da exposição chegando. No dia da exposição estarei mais tranquila, podemos conversar e terei a reposta para você. – proponho a ele.
- Tudo bem, Manuela. Te dou até o dia da exposição para me dar sua resposta. – ele finalmente se dá por vencido – te vejo amanhã no Museu. – nos despedimos com um acenar e solto o ar que nem percebi estar prendendo.
Com esse breve encontro toda a fome que estava sentindo some. Acabo pedindo apenas um café preto para a viagem. Saio caminhando pela orla enquanto tomo meu café, até que avisto uma figura conhecida parada conversando com o senhor da banca de jornal. Quando ia me aproximando dela, um nervosismo que nunca senti tomou conta de meu corpo. Meu coração começou a bater mais rápido e minha respiração se tornou mais curta e pesada como se estivesse correndo uma maratona. O que diabos está acontecendo comigo?
Respiro fundo uma três vezes, tentando normalizar minha respiração e percorro o caminho que falta até a banca de jornal.
- Cecília, bom dia! – digo chamando sua atenção. Ela parece procurar pela fonte da voz e quando me encontra, abre um sorriso lindo fazendo com que seus olhos ficassem a ponto de se fechar.
- Manuela! Que bom te encontrar – ela se aproxima de mim e deixa um beijo em minha bochecha – Estava achando que para te encontrar novamente teria que levantar acampamento na praia.
Sua brincadeira arrancou uma risada sincera de mim. Percebi quando se afastou de mim o suficiente para poder olhar por meu corpo. Seus olhos pareciam fazer um trabalho minucioso tomando para si todos os detalhes que sempre ficavam escondidos, mas que agora estavam expostos.
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PÔR DO SOL
RomanceDuas mulheres totalmente diferentes se encontram e assistem juntas ao pôr do sol. Elas não conseguem evitar de se perder no olhar da outra. Cecília é misteriosa. Manuela é naturalmente curiosa e deseja desvendar Cecília por completo.