Capítulo 5 - Anestesia

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Depois do por do sol, pedi um táxi pra irmos até o restaurante. Cecília estava maravilhosa, não cansava de olhar para ela. Fomos o caminho todo em silêncio, apenas trocando olhares. Eu poderia jurar que podíamos ter conversas inteiras apenas por eles. Se fechasse meus olhos poderia descrever com uma riqueza de detalhes cada parte de seu rosto, cada pequeno detalhe.

O motorista quebra nosso encanto avisando que tínhamos chegado. Entrego a ele o valor da corrida e saímos do carro. Cecília observa o restaurante, percebo seus ombros tensos. Será que fiz uma má escolha?

- Você não gosta daqui? - ela parece se assustar

- Gosto sim - Ela sorri - Vamos entrar?

Ela me estende sua mão direita a qual eu pego e entrelaço nossos dedos. Entramos no restaurante e somos recepcionadas, digo o nome da reserva e logo nos direcionam a uma mesa no canto do salão, onde a luz era mais baixa. Puxo a cadeira para que Cecília se sentasse, ela sorri me agradecendo.

- Já veio aqui? - a pergunto enquanto contorno a mesa me sentando também.

- Algumas vezes. Gosto muito daqui, você acertou em cheio - Fico feliz de ter a agradado.

- Boa noite, Manuela - Ricardo diz me olhando, quando olha para Cecília seu sorriso aumenta - Boa noit...

- Cecília - ela diz  - Boa noite - Ricardo a olha um pouco antes de voltar sua atenção a mim.

- Bom - ele junta as duas mãos a frente de seu corpo - Como é sua primeira vez aqui, Manuela, gostaria de alguma sugestão?

- Como Cecília já veio aqui, vou deixar que ela escolha. Mas agradeço, Ricardo - Ele estende o menu para Cecília e se retira. - Então, o que sugere para mim? - pego o pano que estava sobre a mesa, tirando o pequeno adorno que o mantinha enrolado, o colocando em minhas coxas.

- Vejamos o que temos aqui - ela abre o cardápio - Sem nada apimentado e com órgãos estranhos, certo? - ela me olha divertida e eu concordo com a cabeça. - Já sei então o que pedir.

Ela levanta a mão, chamando um garçom. Mostra os itens no cardápio que iriamos querer e o jovem se retira dizendo que demoraria de 15 a 20 minutos. Da mesma forma que fez no domingo, ela não me conta o que pediu.

- Você vem sempre aqui?

- Achei que você seria melhor de cantada - ela diz e dou risada. Imita minha ação e coloca o pano em suas coxas.

- Não foi uma cantada - ela ri - Mas realmente estou curiosa. Você parece bem familiarizada com o espaço.

- Sim, venho bastante aqui. A comida é ótima e o ambiente me traz tranquilidade.

O garçom para quem Cecília fez o pedido retorna com uma garrafa de vinho em suas mãos. Coloca um pouco na taça de Cecília, para que ela provasse. Pega a taça em sua mão, balançando um pouco e a leva em direção ao seu nariz, sem encostar ela fecha os olhos respirando fundo. Leva a taça até sua boca, despejando um pouco do líquido vermelho, seus olhos se abrem e se fixam nos meus. Essa pode ter sido a coisa mais quente que já presenciei.

- Está muito bom, pode servir, Gustavo - Ele completa e taça dela e coloca também na minha - Pode deixar a garrafa, por favor. - Ele se retira, murmurando um "com licença"

- E como foi sua reunião? - levo a taça até meus lábios e poderia revirar os olhos de tão bom que é esse vinho.

- Foi muito boa, consegui aprovar o meu projeto. - antes de poder direcionar outra pergunta a ela, Cecília volta a falar - E seu dia, como foi?

- Foi bom, um pouco burocrático. As últimas peças que estão vindo do Egito chegam essa semana e também vim a esse restaurante fechar o coquetel para a exposição.

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