PÔR DO SOL

Capítulo 6 - Beija eu

Mais uma vez ela teve que ir embora, mas não sem antes me pedir milhões de desculpas e pedindo para assistir o pôr do sol com ela no outro dia. Suspirei decepcionada, mas concordei. 

Subi para meu quarto com a garrafa de vinho em mãos. Tomei um banho quente e me joguei apenas de roupão na cama. Estávamos tão próximas, eu podia sentir sua respiração quente batendo contra meu rosto, os lábios a milímetros de distância e sua mão firme em minha nuca. Se fechasse meus olhos poderia trazer os mínimos detalhes sobre aquele momento tão rudemente quebrado.

A garrafa tinha bem mais que a metade, acabo por resolvendo não tomá-la. Amanhã ainda trabalho e vinho, mesmo em pequenas quantidades, sempre me rende ressacas estrondosas. Me levanto em direção ao frigobar do quarto, a guardando lá. Volto para a cama e me jogo no sono profundo.

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Acordo com o despertador do celular. Coloco minhas roupas de corrida e checo minhas notificações, tem uma mensagem de Patrick que chegou a 5 minutos, avisando que ele estava a minha espera na frente do hotel. Desço rapidamente e encontro com ele do outro lado da rua.

- Bom dia, Patrick

- Bom dia! Então esse é mesmo seu horário de sempre de corrida? - afirmo com a cabeça - o sol nem nasceu ainda - dou risada. Ainda parecia noite, o sol não nasceria por mais 40 minutos pelo menos.

- Bom que consigo assistir enquanto corro - ele concorda.

- Eu quero trazer esse assunto logo, antes que ele me coma vivo - ele começa enquanto nos alongamos - Eu me apaixonei por Ana e eu sei que não deveria.

- Porque? 

- Vamos começar a correr? - eu assinto e logo estamos correndo em um ritmo calmo - Quando nos conhecemos, Ana me disse que era nova na cidade e ficaria por pouco tempo, já que o trabalho dela exigia muitas mudanças. Ela deixou bem claro que se fossemos ter algo no tempo em que ela estivesse aqui, seria puramente casual - Ana tem esse hábito, ela sempre é sincera sobre sua condição, mas isso não impede as outras pessoas de criarem sentimentos.

- Ana é muito honesta sobre isso. Ela é muito intensa em qualquer relação em que esteja, por isso entendo de você se apaixonar. Mas conheço Ana, ela nunca se envolveu com alguém a longo prazo - ele parece pensar um pouco sobre o que eu disse - E sinto muito te passar isso assim, mas não creio que os sentimentos que você tem por ela seja recíproco. Porém essa é uma visão minha de fora, eu não sei como são os momentos que vocês partilham ou as coisas que dizem um para o outro. Por mais que eu seja sua melhor amiga e que a gente converse sobre tudo, ainda tem coisas que ela guarda para si. O conselho que posso te dar agora é ser sincero com ela, diga a ela que se apaixonou, que quer discutir sobre um relacionamento e veja o que ela tem a dizer sobre isso.

- Você acha que ela pode mudar de ideia? digo, sobre passar de algo casual para um relacionamento? Queria tanto a pedir em namoro.

- Minha opinião não é muito válida aqui, Patrick. Eu posso dizer somente a minha visão sobre o rolo de vocês, mas não posso te dizer o que ela pensa ou sente quando está perto de ti. É uma conversa que você tem que ter com ela. Só pensa que quanto mais você adiar essa conversa, mais você vai se apegar. - ele parece incrivelmente triste. Depois que terminei de falar, ele não me pergunta ou diz nada, só continua a correr ao meu lado. - Desculpe se eu disse algo que te magoou - falo não aguentando mais aquele silêncio.

- Não, não, você foi sincera comigo e agradeço muito. - ele suspira - Só estou tentando decidir o que fazer - concordo com a cabeça - Mas cansei de pensar sobre isso, me conte sobre você. Ana disse que você conheceu uma pessoa mas que não pegou o número dela - ele ri e eu o acompanho.