Adeus, primavera.

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— Ei! Choi Soobin, espere por mim.

Esse é Choi Yeonjun, minha espécie de melhor amigo - se é que podemos dizer assim - tentando acompanhar meus passos durante o caminho. Apesar de não termos uma diferença de altura considerável, Yeonjun era como uma criança que aprendeu a andar, e isso era meio fofo - bem fofo na verdade - e pensando bem, prefiro dias como este. Sem brincadeiras, quando acordava mal-humorado o garoto nos fazia correr de casa até a escola sem nenhum tipo de pena sequer, pelo que percebo hoje não é um desses dias; respiro aliviado.

— "Ei! Choi Yeonjun", não tomou café da manhã hoje? Devia comer mais, assim pode até crescer como eu. - respondo de longe, mas perto o suficiente para ter o sorriso sarcástico retirado do rosto assim que ele se aproxima - seus quase dois anos e meio de academia fizeram efeito, sua força era muita para um garoto de apenas dezenove anos - ou talvez eu que fosse fraco demais para a idade, mas isso realmente importa? Yeonjun é o foco aqui.

Sorri sem graça e lancei um olhar silencioso de desculpas; ele realmente odiava quando alguém destacava o fato de ser mais alto, Yeonjun tem um certo espírito competitivo em seu interior.

— Se não fôssemos amigos há tanto tempo, você nem estaria mais aqui para contar piada! - ele cerra os punhos para afirmar sua frase e sai andando na frente em passos apressados, o que faz a alça de sua mochila falhar com sua saída dramática, deslizando de seu braço direito. Ouço seu longo suspiro enquanto fico parado terminando de beber o restante do café cappuccino que segurava, só processei as informações completamente quando o som irritante do canudo invadiu meus pensamentos - odeio esse barulho.

— Espera aí! - como um bom exemplo de cidadão, joguei o copo descartável no lixo e andei até ele - algumas vezes tropeçando em pedras muito pequenas para serem vistas.

Em algum tempo - aproximadamente meia hora - chegamos em minha casa, sem nem pensar me atirei no sofá e fechei os olhos - se não fosse pela dor insistente na coluna ou o inchaço nos pés, não teria percebido que, de fato, precisamos nos mudar; minha mãe ainda é um tanto apegada com a casa em que cresceu, talvez não seja tão fácil assim ir embora. Ônibus ou qualquer outro automóvel eram totalmente lotados nos dias de semana, e estações de trem eram perigosas pela manhã - sem saída - era como estávamos na cidade de Busan - só nos restava fôlego e os pés.

(.  .  .)

— Hyung, isso também? - Hyung: forma como os mais novos chamam os mais velhos na Coréia. - Soobin apontou para a prateleira dos cereais; ele e Yeonjun foram ao supermercado.

— Hm... Não, você come cereal todos os dias! Escolhe outras coisas também, vamos. - Sem direito à respostas, o loiro se vai com o carrinho até o caixa que já os aguardava com um olhar surpreso...

— S-Sunoo? Por que está aqui? - O Choi mais velho pergunta como se já não fosse óbvio, e Sunoo faz sua pausa dramática de sempre para revirar os olhos.

— Trabalhando de caixa, o que mais seria?

— A-Ah, sim... Haha. - Ele ri sem graça e leva as mãos para os bolsos da calça, sempre faz isso quando está envergonhado com algo.

Kim Sunoo não só é um colega de classe dos dois como também é o vice-presidente da turma... Espera aí, por que temos isso na escola? Ninguém sabe, só sabem que ele está lá e vai permanecer por muito mais tempo; tudo pela insistência de Nishimura Ni-ki, o "parzinho" do Sunoo, como dizem os rumores da escola, mais conhecido como o Presidente do grêmio estudantil, e vale ressaltar que também o mais jovem entre eles.

— Por que está parado aí, idiota? Ah, oi Sunoo. - Soobin surgiu com duas latas de energético em uma mão e o cereal na outra, indo contra o pedido (mais como ordem) do amigo.

Cruel Summer (soogyu ver.)Onde histórias criam vida. Descubra agora