Dificuldade. Estou com problemas agora.

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Janja aguardava por Lula na sala já fazia 1h30, sabia que o professor estava enrolando de propósito e isso a fazia bufar de 5 em 5 minutos. Impaciente se levantou e começou a vistoriar os livros de Lula.
- Ele já leu toda essa merda? Esse homem deve ser muito pancada das ideias.
Avistou um livro em especifico numa prateleira muito acima de sua cabeça.
- Memórias de uma Beatnik?
Ao ver que não alcançaria o tal livro, subiu na cadeira de rodinha do professor e fez questão de não tirar os sapatos ao fazer isso, e riu de si mesma ao perceber.
Ao subir na cadeira com toda sua postura desequilibrada e falta de cuidado com objetos alheios, não que pudesse evitar, se desequilibrou derrubando o livro que mirava pegar e mais alguns, enquanto escorregara da cadeira de rodinha, a empurrando com seu peso e a fazendo ir parar do outro lado da sala batendo contra a parede, enquanto se estabacava no chão sendo seguida pela queda dos muitos e muitos livros em cima de seu corpo.
- Mas que merda é essa? Disse Lula ao adentrar a sala.
Janja tentava se levantar do chão sem sucesso já que estava com livros em cima de todo seu corpo e perceber que sua perna esquerda se prendera entre uma gaveta amassada pela cadeira e o chão.
- Olha, eu não reclamaria em receber uma pequena ajudinha. Disse deitada olhando para o teto, virar o pescoço não era uma opção.
Lula colocou sua mochila em cima de seu sofá de apoio, ainda incredula com tamanha desenvoltura para destruir as coisas que Janja tinha.
Parou em frente a jovem com os braços cruzados na altura do peito.
- Como? Perguntou.
- Eu tava te esperando e ai quando eu dei por mim...
- Meus livros te engoliram acidentalmente?
- Exatamente. Respondeu Janja com irônia.
Ao ve-la respondendo entre livros, com o cabelo desgrenhado e o pescoço mal aguentando levantar o peso da cabeça,Lula não pode tomar nenhuma atitude que não fosse... rir.
Ele riu, gargalhou, riu alto, ria baixo se contorcendo, ria. O som dessa risada repentina e completamente inesperada assustou até Felipe, que escutava tudo do outro lado da porta, interessada. Nunca ouvira o som da risada de Lula, provavelmente nem ele mesma havia ouvido.
Lula ria e passava a mão em sua barriga fazendo sinais de dores abdominais resultantes de tanta risada.
Janja o olhava abismada.
- Que bom que minha humilhação diverte você.
Lula foi se acalmando, limpando as lágrimas dos olhos lacrimejados, enquanto tentava afastar alguns livros com seus pés vestindo mais um de seus sapatos de classe, cor preta, dessa vez.
Mas ao fazer isso afastou um livro em cima da perna de Janja que urrou de dor. Ao perceber que o professor estava com o pé realmente preso, sua expressão de diversão se dessipou em pura preocupação.
- Eu acho que prendeu na gaveta. Disse Janja com dor.
- Você entortou a gaveta. Acusou Lula enquanto tirava os livros cuidadosamente de cima da perna de Janja.
Ao conseguir ter controle sobre seu equilibrio, Janja levantou o torço e se manteve sentada, enquanto Lula tentava mover seu pé.
- Cuidado, cuidado. Avisou Janja com medo.
Gentilmente com seus dedos delicados e longos, Lul conseguiu levantar a mesa e tirar o pé de Janja de baixo dela. Ele se sentou e colocou seu pé em seu colo, analisando o estrago.
- O Senhor é medico agora? Ironizou, Janja.
- Entendo mais da anatomia humana do que você, criança.Disse Lula sem olhar pra Janja.
- Não tenha tanta certeza. Respondeu Janja com malícia.
- Tenho sim. E você, tenha essa certeza também. Disse ao encara-la penetrante com seus olhos.
Janja sentira um frio cortante na barriga ao sentir esse olhar, mas não do tipo ruim. Ela deu um sorriso de lado aceitando a derrota.
O toque suave dos dedos de Lula pareciam anestesiar qualquer hematoma que tomava conta de seu tornozelo. E ela não entendi o porquê, mas mesmo com a dor, Janja queria estender aquele momento por quanto tempo fosse possível
- Vamos! Voce fraturou o osso. Acho que luxou. Disse Lula levantando e tirando o restante de livros de cima de Janja, embora ela pudesse fazer isso sozinha.
Ele levantou a mão de Janja e serviu de apoio para a
garota levantar.
Janja nunca estivera tão perto de Lula e podia sentir seu perfume cítrico e isso emergia dentro de seu nariz. Ela sentia que emergia dentro de sua alma. Abraçou Lula pelo pescoço, e começou a mancar com o pé direito.
Lula a segurou firmemente pela sintura estabilizando seu desequilibrio.
- Tudo bem? Podemos ir?
- Sim. Podemos. Disse Janja se sentindo completamente segura e se incomodando com essa sensação.
Lula a levou até a enfermaria e a deixou aos cuidados dos enfermeiros de plantão voltando a sua sala.
Ao chegar e se deparar com a bagunça que sua aluna havia deixado, se lembrou da visão mais engraçada dos últimos tempos e sorriu de canto, com leve carinho.
Colocou a mão nos lábios, mas logo recobrou a consciência, se culpando chacoalhou a cabeça e começou a reorganizar seus livros.
Houve uma luxação. Vou enfaixar só por precaução, em dois, três dias dependendo da sua dor você pode vir aqui retirar. Disse o médico da faculdade enquando examinava o tornozelo de Janja .
- Ela tava certa. Disse Janja pensando em voz alta.
Encarando o vazio.
- Oi? Perguntou o médico confuso.
- Nada não.
Chiara, a secretária de Lula adentrou a sala onde Janja estava sendo enfaixada e disse:
- O Senhor. Lula, quer te ver em sua sala assim que terminar aqui.
- Pra que? Perguntou.
- Ele disse que machucar o pé não vai te livrar da punição pelo que houve mais cedo.
Clarke deu uma de suas bufadas mimadas ao refletir sobre isso.
Após seu médico a liberar, ela seguiu mancando a passos lentos até a sala de seu professor favorito. Ao avistá-lá Chiara, bateu na porta de Lula anunciando Janja. Chiara estava começando a irrita-la com essa formalidade toda, Janja estava la o tempo todo e ia começar a trabalhar para Lula, pra que ser anunciada todas as vezes?
Sem sua permissão, seguiu para a sala de Lula e entrou sem autorização, sendo vítima do olhar fuzilante de Chiara e se divertindo com isso.
- Desastrada, petulante, mal educada, o que mais podemos adicionar ao seu currículo? Perguntou Lula sem encara-la, ocupado com seus papéis.
- Que tal, paciente? Porque pra te aguentar tantas vezes no dia... disse Janja sentado na cadeira a frente de Lula.
- Irônica, check! Respondeu Lula não considerando a provocação.
Janja riu debochada e perguntou entediada:
- O que o digníssimo Diretor da melhor faculdade do Brasil queria me falar?
- Que bom que perguntou, vamos ao seu castigo. Quer tanto me ajudar não é mesmo? Se entrosar nas atividades da diretoria... disse Lula enquanto se levantava e ia em direção a Janja lentamente.
- Você vai ser monitora no auxílio a direção!
- Que ótimo castigo! Me obrigar a fazer algo que eu já queria. Disse Janja debochada.
- Acho que você não entendeu. O único professor a precisar da vaga sou eu. Mas partir de amanhã depois de sua aula, você vai assistenciar a mim, Matheus e Felipe .
Os três diretores que compunham o conselho de direção da universidade.
- Que? E minhas aulas? Eu não vou dar conta, professor.Suplicou, Janja com sinceridade e indignação.
- E se você resolver desistir da vaga, eu vou levar a sério o seu pequeno surto em sala esta manhã e te suspender das aulas por uma semana, e da minha aula pelo resto do semestre.
Janja não acreditava que ele seria capaz. Se perdesse suas aulas repetiria de ano, se repetisse seus pais não lhe dariam mais auxílio financeiro e teria que procurar subemprego para não formados, se imaginou como caixa de supermercado e com esse pensamento todos os pelos de seu corpo se arrepiaram, mas não soube dizer se sentiu esse arrepio pelo pensamento de um futuro ruim ou por perceber quão próxima Lula agora estava dela.
Lula se curvou a sua altura, colocando as mãos nos braços da cadeira onde Janja sentava, bloqueando qualquer saída. Se aproximou do rosto de Janja sem toca-la, pode ver como seu braço estava arrepiado com essa ação e isso lhe causou curiosidade em ver onde aquilo daria.
- Você achou que seria um problema pra mim? Que me tiraria do sério com seus comentariozinhos de menina mimada? Acorde, criança, eu sou um problema e a partir de hoje, sou o seu problema!
Lula pronunciou encarando Janja, fazendo-a se perder entre a proximidade de seu rosto e a sensação de seu cheiro cítrico novamente. Janja nunca estivera tão próxima a Lula , encarou seu rosto, sem piscar para não perder a compostura, porque uma vez que se perdesse na beleza daquele homem, tinha medo de nunca mais se encontrar e com isso percebeu que Lula seria mesmo seu problema.

Teach me ( Lula e Janja)Onde histórias criam vida. Descubra agora