O que eu estou fazendo

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   Gleisi corria em disparada para qualquer canto. Ela se apegara a Lindbergh depois que ele a ajudara com tarefas extra curriculares, e ver Janja desrespeitando essa paixonite que ela desenvolvera por ele a fez perder o chão e jogar fora toda admiração e respeito que tinha pela amiga.
   Correndo desgovernada esbarrara em uma menina, isso a fez diminuir sua velocidade.
- Me desculpa. Disse desatenciosa.
- Tudo bem. Respondera a garota com a cabeça baixa.
   Gleisi percebera que não era a única a ter uma noite difícil e com todo coração mole que tinha, não pode recusar sua natureza amigável.
- Você está bem? Está tremendo. Perguntou.
Estava quente, o verão tinha terminado a menos de um mês e aquele ano a primavera estava muito acolhedora, mas a garota de cabelos escuros usava uma jaqueta, transpirava e tremia ao mesmo tempo.
- Estou bem. com licenca. Disse empurrando Gleisi.
- Espera. Disse segurando seu braço. - O que você tem? Eu posso ajudar?
- NÃO! NINGUÉM PODE. E com isso Gleisi percebera que a garota chorava e não era pouco.
- Calma. Qual seu nome?
- Lua. Respondeu tremendo, desviando seu olhar.
- Ok, Lua, vamos até a enfermaria, eu acho que você precisa de cuidados médicos. Disse preocupada.
- Não, não preciso, com licença. Saiu correndo longe do alcance de Gleisi.
   Gleisi achara aquilo muito estranho, diminuiu seus passos e fora até seu dormitório pensativa. Queria tanto dividir aquilo com Janja, mas lembrara quão magoada estava com a morena.
   ((POV JANJA))
   Passei algumas horas beijando Lingbergh e sinceramente, foi o beijo mais tedioso de toda minha vida, mas espero de coração que aquele soberba prepotente, arrogante tenha visto e percebido que aquela porcaria que chama de beijo não significou merda nenhuma pra mim e sua bronquinha sobre os cabos tão pouco me abalou.
   Eu queria saber onde está a Gleisi, não a vi a festa inteira.
   Não que desse, Lingbergh não largara de mim um minuto. Me abraçara e me mostrara para cada amigo seu que aparecia, achei divertido ser um pequeno troféu, embora extremamente machista.
Machista? Merda, estou soando como aquele professorzinho.
   Depois de aguentar o máximo que pude daquela festinha medíocre e cheio de pós adolescentes, resolvi ir pro meu dormitório, o dia fora muito cansativo e amanhã ainda teria aula.
   Cheguei em meu dormitório e me deparei com Gleisi já dormindo, sem entender a acordei, porque eu sou dessas.
-Amiga? Gleisi, acorda.
- Me deixa dormir. Ela disse isso num tom ríspido que não levei a sério devido ao seu sono. Gleisi podia ser bem mal humorada com sono.
   Me deitei e esperei minha recente dor de cabeça sumir junto com as lembranças dessa porcaria de dia.
   Esse despertador ainda vai me matar ou eu ainda vou quebra-lo em pedacinhos.
   Acordei e levantei imediatamente antes que o sono me derrubasse novamente e pra minha surpresa, ué, onde estava Gleisi? Será que saira mais cedo? Mas pra que?
   Estava bem quente, vesti um vestido leve com decote e uma alpagartas, peguei minhas coisas e fui pra aula. E qual a primeira aula? Claro, economia. Bufei irritada por saber que encontraria o Senhor Lula.
   Assim que cheguei na sala, vi Gleisi sentada sozinha, parecia estudar, estranhei e fui conversar com ela.
- Nossa, caiu da cama hoje heim?
Gleisi me respondeu sem levantar o rosto:
- É.
- Eu não te vi na festa ontem, onde você estava Perguntei curiosa.
- Como você me veria, tava com a boca tão ocupada e os olhos tão fechados.
-Você viu aquilo? Tenho tanta coisa pra te contar, ontem foi uma loucura.
- Você não enxerga um palmo do seu nariz, é impressionante.
O que ela queria dizer com aquilo?
- Hã? Perguntei. - Gleisi, o que está acontecendo?
Não obtive resposta porque chegou uma garota qualquer e Gleisi não parava de olhar pra ela, fiquei bem irritada com isso. O que diabos tinha dado nessa menina pra me ignorar dessa forma? Já comecei o dia nervosa, mas claro que era só o começo.
- Oi princesa. Disse Lindbergh ao se aproximar de mim.
Dei um sorriso de canto pra manter a educação.
-Quer almoçar comigo hoje? Ele perguntou já sentado ao meu lado.
- Eu trabalho, Lind, faço monitoria na diretoria se você não se lembra.
- Ué, mas você tem que comer em algum momento não tem?
- Não! Eu vivo de fotosintese. Falei sorrindo.
   O Senhor. Lula  entrou na sala e eu juro, a cada dia que a via achava mais motivos para acha-lo bonito.     Ele usava um calça social azul e um tênis preto e até seu andar encantava qualquer ser humano que conseguisse ve-lo. Ele tinha os cabelos cortados em um corte social mas ao mesmo sexy, deixando seu pescoço a mostra, o que por algum motivo me incomodou profundamente. Fiquei inquieta e precisei tomar uma atitude, não dava pra ficar me sentindo daquela forma. Desde ontem em sua sala toda vez que eu pensava nesse professorzinho  arrogante, começava a transpirar sem motivo algum, me sentia nervosa. Me levantei por um momento lembrando de seus braços enroscados em minha cintura e fiquei com medo de desmaiar pelas batidas exageradamente fortes de meu coração. Eu não havia parado de pensar nele mas consegui esconder qualquer incomodo de mim, o problema era ve-lo assim tão perto, era pedir demais. Não sou obrigada a me sentir dessa forma.
Desci as escadas ouvindo os gritos da Senhor. Silva:
-  Rosângela , onde pensa que vai? Rosângela, volte aqui imediatamente.
   Sai e fui em direção ao banheiro feminino, precisava jogar uma água no rosto, me sentia vulnerável e exposta e por alguma razão essa sensação sempre me fazia passar muito mal. Olhei no espelho, eu estava vermelha pelas esfregadas que dei com a água no rosto, minha respiração estava ofegante.
A porta do banheiro se abriu. Não pude ver quem estava entrando, tão pouco me importava, até que reconheci sua voz rouca e imponente.
- Na minha aula você precisa pedir permissão para sair, sabia? Disse a senhor Silva.
   Eu não o respondi, ouvir sua voz me dava nos nervos e eu era capaz de soca-lo no rosto se tentasse alguma interação.
   Ele percebera meu estado e pude ver por minha visão periférica, que sua guarda baixou completamente. A expressão no seu rosto fora de desafiador para preocupado em questão de segundos. Ele se aproximou, o que voltou a me deixar nervosa.
- O que você está sentindo? Perguntou colocando a mão sobre meu ombro, ele me olhava através do espelho agora.
- Sai de perto de mim. Disse me afastando.
   Ele se assustou com isso, mas se aproximou novamente, segurou meu braço com força e me encarou, se aproximou com pressa de meu rosto, parecia não saber o que estava fazendo ou porque estava fazendo, mas tão pouco eu soubera. Encostou sua testa na minha. Eu não pude ver mais nada pois fechei meus olhos, eu não conseguia processar aquele momento. Conseguia sentir o calor que sua testa passava, seu cheiro me corroia, seu cheiro cítrico que combinava tanto com toda sua personalidade agredoce, estava tudo tão perto, tão alcançável. Ele não me soltou e eu me deixei ser segurada.
   O que era aquilo? Eu odiava aquele homem, mas porque sentia que eu só desgrudaria dele se ele quisesse?
   Senti sua respiração ficar uniformemente pesada e acelerada como a minha, como? Também lhe faltava o ar?
   Ele também estava assustada? Ele não parecia o tipo de pessoa que se assustaria com tanta facilidade.
- O que você ta fazendo comigo, Rosângela? Ele perguntou ofegante.
   Isso deveria ser um jogo divertido pra mim, mas não era divertido estar exposta assim, estar com medo assim, me sentir insegura e querer tanto saber como ele se sentia.
   Nunca me vi tão assustada na presença de alguém. Sou Rosângela Silva, quem vai me assustar? Mas, Lula... só de pensar nele como Lula e não Senhor Silva, sentia um fio quente percorrer toda minha espinha.
- Eu não consigo respirar. Eu disse, sem perceber. - Me ajuda a respirar, Lula. Supliquei.
   Pude sentir como seus pelos se arrepiaram e como seus músculos se intensificaram ao me ouvir chama-la de Lula, ao me ouvir precisar dele. De repente percebi essa necessidade, essa necessidade dele, de seu cheiro perto de mim, embreagando minha mente, do calor do seu toque, seus dedos longos e delicados. E ele percebera isso, percebera porque ao ouvir minha suplica, fui invadida por sua boca em um movimento acelerado, com urgencia e pressa em me ter. Eu não tive dificuldade em acompanhar seus movimentos, pois meu corpo pedia o mesmo que ele.
   Eu estava encostada na parede e seu corpo me prensava cada vez mais, sua língua dançava ferozmente dentro da minha boca. Ele segurava minha nuca enquanto me engolia com aqueles lábios maravilhosos, como eram macios, melhor do que qualquer um que eu já experimentara. Eu o puxava cada vez mais perto de mim, com uma necessidade de entrar dentro dele de qualquer forma possível, de todas as formas possíveis. Suas mãos nada tímidas percorriam por meu corpo, minha cintura, minha barriga, com força.
   Meu coração queria explodir, em ansiedade, em medo, em tesão, em vontade daquele homem. Daquela nojento, arrogante, daquele prepotente, como eu o odiava.
   Eu o segurei pela nuca e puxei seu cabeça com força fazendo-a estremecer no beijo, mas senti que elenão deixaria por menos e assim o fez. Ele desceu seus lábios pro meu pescoço e o mordeu. Dolorosamente, maravilhosamente. Me senti umidecer diante daquela ardencia que agora sentia.
Senti sua mão tentando encontrar o final de meu vestido, ele queria me invadir e eu queria deixá-lo, mas graças aos deuses, alguem ameaçou entrar no banheiro. Num pulo, eu o empurrei pra longe. Nos olhamos assustados, ele tinha os lábios vermelhos resultantes da força de nosso beijo. Meu coração agora batia desesperado. O que foi que eu fiz? Que porcaria foi essa? Me atracar com essa presunçoso no meio do banheiro. Eu sou melhor que isso.        Ninguém entrou no banheiro, ele se virou e saiu irritado batendo a porta, parecia tão arrependido quanto eu. Melhor, não quero ninguém se apaixonando por mim e me enchendo o saco, não ia conseguir lidar com isso.

Teach me ( Lula e Janja)Onde histórias criam vida. Descubra agora