Capítulo 7

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Não demorou muito para que eu me ambientasse ao lugar e a minha nova rotina. Deixei várias mensagens para o meu irmão, contando a ele que acabei sendo a escolhida e que por conta disso, ficaria uns dias sem ir para casa.

O irresponsável só me respondeu um dia depois. Fiquei aliviada por saber que ele estava bem e, mais ainda, por não ter que pedir ao meu chefe, para sair por um instante, para que pudesse ir atrás do meu irmão.

Depois de três dias vivendo na casa de Eric, eu já me sentia bastante à vontade. Eu tinha um quarto maior que o meu e muito aconchegante, além de uma estante cheia de livros. O quarto de Eric ficava no mesmo corredor que o meu, mas devido a sua lesão, ele ficava em um quarto no primeiro andar, que ficava do lado de seu escritório. Era temporário, apenas para ele não forçar subindo os inúmeros degraus.

Diferente do restante da casa, meu quarto tinha móveis mais claros e a parede tinha um tom de branco gelo. Para melhorar a minha situação, ainda havia uma varanda, que era simplesmente maravilhosa. Quase todas as noites, eu me sentava na cadeira acolchoada com uma manta que colocava em meus ombros e ficava observando a lua e as estrelas.

Pela manhã, acordava cedo para ficar no quintal da casa e me esquentar sob o sol. Era tranquilo e lindo. As diversas flores davam a impressão de que eu estava dentro de um quadro de pintura.

Eram 9h da manhã, quando Eric apareceu na cozinha. Ele já estava andando bem melhor sozinho, apesar de ainda usar as paredes e os móveis para um breve apoio. O fisioterapeuta vinha duas vezes ao dia, e na maioria das vezes, Eric preferia que Peter o ajudasse com as caminhadas, que o fisioterapeuta deixava como lição.

Eu me sentia uma completa inútil. Era mais cozinheira do que uma cuidadora. Na verdade, só não estava limpando a casa, porque Peter me falou que uma equipe de limpeza vinha duas vezes na semana.

O ponto era que eu só me dirigia ao Eric quando levava suas refeições, seus remédios ou quando aferia sua pressão e seu peso. Ele estava indo bem e estava recuperando os poucos quilos que perdeu. Eu, no entanto, não estava fazendo muita coisa.

— Espero que goste de panquecas de mirtilo, senhor Parker – falo gentil tentando esconder minha surpresa por vê-lo. – Eu saí hoje de manhã bem cedo para comprar algumas coisas que estavam faltando e vi essas frutinhas frescas. Sente-se, vou servir para você.

Eric apenas seguiu para a cadeira que existia na ilha da cozinha, onde eu estava e se sentou. Era um homem de poucas palavras, a não ser claro, quando estava com Peter. Busquei uma xícara e servi café e panquecas. Virei-me para buscar o açúcar e quando voltei ele já estava dando um gole no café.

— Não vai querer açúcar? – pergunto curiosa.

— Não – murmura monossílabo e deixo o pote de lado.

Depois ele não sabe por que a vida é amarga. Penso e me sento de frente para ele, mas do outro lado da bancada.

Observei enquanto ele comia. Ele havia tomado banho. Podia sentir o cheiro de sabonete e os cabelos estavam molhados e levemente bagunçados. Seu rosto, assim como seu corpo, já não demonstrava tanta magreza.

Ele havia tirado a barba assim que chegou, mas agora estava ralinha. Ele tinha aquela famosa barba "por fazer" o que me tirava dos eixos quando o via. Só de imaginar aquela barba roçando em meu pescoço e descendo pelo corpo... Opa!

Balanço a cabeça espantando os pensamentos. Eric tinha o poder de fazer o coração de uma mulher bater o mais rápido quanto possível, provocando calafrios em um dia quente. Ah! E os olhos... Misteriosos como sempre. Eu nunca sabia o que ele estava pensando, o que só fazia atiçar minha curiosidade por ele.

Despertando Para o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora