Capítulo 4 - POV Lilith Von Baer

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Explosões de perfumes. Aromas de legumes, temperos, bolos e... Meu deus do céu, isto foi o barulhinho de um champanhe sendo aberto? Ah, não. Era só vinho mesmo, mas isto já me satisfaria.

Tirei meu avental, sujo de molho e sorvete, cujo qual uma criança - pestinha, quis dizer - irritante tacou propositalmente em mim. Mas claro, eu tive que abrir um enorme sorriso e dizer para aqueles pais desnaturados na minha voz mais doce Foi só um acidente.

"Tchau, pai! Vejo vocês depois!" Gritei já do lado de fora da cozinha, e sem esperar respostas, corri para a porta. Os sininhos em cima do batente soou, anunciando minha chegada a rua, que me recebeu de braços abertos. Literalmente.

"Lilica, minha pimentinha favorita," disse Gustav, as mãos grandes passeando nas minhas coxas. "Estava com saudades!".

"É mesmo?" Perguntei, distraída, meu corpo já separado do dele, o vento gélido acertando minhas costas despidas como uma faca cortando um pedaço de carne crua.

"Mas é claro! Eu sou louco por você, Lilica."

Deveria ter trazido meu casaco, pensei. Mesmo que isto custasse o meu desfile particular pelas ruas, o meu vestido novo de alcinhas com abertura nas costas, totalmente sexy e muito estiloso. Obrigada.

"É mesmo?" Repeti, minha atenção agora voltada a minha bolsa, procurando meu batom vermelho entre as maquiagens e papeis de notinhas fiscais.

"Que pergunta! Tem como um cara não ficar louco pela garota mais linda de toda a Illéa?"

"É, não tem mesmo. E, sabe, é exatamente por isto que vou ir me inscrever, agorinha mesmo".

"Se inscrever aonde?" Ele perguntou, me fazendo parar na beirada da rua para lhe encarar.

"Para a Seleção, é claro."

"Mas, Lilica," Sua voz falhava, os olhos e a boca escancaradas, como uma criança faz quando está prestes a chorar "nós estamos juntos! Eu pensei que nosso lance era sério!" Meu Deus, ele realmente estava prestes a chorar!

"Ah, Gustav," Dei tapinhas em uma de suas bochechas, meus pés já subindo a escadinha e passando as pernas para o lado de dentro da casa. "Nós nunca tivemos um lance. Eu te mandarei lembranças lá no castelo. E, ah! Nunca mais me chame de Lilica."

E fechei a porta. Assim, simples, o mundo entre duas pessoas dividido apenas por um pedaço de madeira.

Subi os degraus lentamente, vangloriando meus sapatos pretos para as pinturas de flores pendurados perfeitamente na parede.

Tudo o que eu precisava era ficar linda, irresistível. E isto não é muito difícil, claro.

Abri as sacolas empilhadas no tapete central e estendi o vestido que continha em uma delas, este mais formal, pedrinhas brancas iluminado e chamando atenção para o decote, o tecido de um azul muito escuro.

Alguns cachos presos, alguns cachos soltos, o penteado dando a impressão de ser um chanel, a maquiagem ressaltando meus olhos castanhos e minha boca carnuda.

Você está perfeita, disse para mim mesma, encarando meu reflexo no espelho. Agora, vá lá e arrase.

E eu fui. Desci a escada, desta vez rápido, ansiosa para chegar lá, ansiosa para ver a cara de todas, provavelmente pobres coitadas que não puderam nem colocar um blush para melhorar a aparência.

Liguei o carro de mamãe e fui, não me importando com mais nada.

Uma música começou a tocar pelo radinho - A minha favorita! Cantarolei, berrei, assassinei cada nota, batucando os dedos no volante e acelerando o motor, deixando o vendo invadir a frestinha da janela e balançando meus cachos.

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