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Um

" Talvez seja hora de dizer adeus
Pois estou ficando cansada pra caralho " - Song Tired.

- Allyson -

Manhã desastrosa, isso que estou tendo.

- acordei atrasada;
- problemas com uniforme;
- quase atropelei uma mulher;

Que porra, mais pode acontecer nessa desgraça de dia?

- vai tiazinha - murmuro para a senhorinha que estava atravessando a rua.

Assim que chego na escola, quase sou barrada, por estar sem parte do uniforme, a bendita meia até o joelho.

Ando em passos largos indo para a sala, preciso apresentar meu trabalho. Bato na porta e coloco a cabeça para dentro da sala. Vendo o primeiro grupo apresentar seu trabalho.

- atrasada Nieves - a voz irritante da professora ecoa pela sala vazia.

- não vai mais acontecer - digo baixo - posso entrar? - pergunto sem paciência e ela assente.

Meus olhos vasculharam a sala, em busca de uma mesa vazia, a maioria estavam ocupadas. Logo vejo uma com a cadeira vazia e vou em direção a mesma.

- da licença, Jordan- pedi exasperada.

- bom dia pra você também Allyzinha, agora pede com carinho - falou em deboche e senti o olhar da professora queimar sobre mim.

- vai tomar no cu, deixa eu passar logo antes que eu não te dê um sopapo - ele ergue as mãos em rendição.

- pensei que não viria - disse Dix, em tom de preocupação.

- problemas, muitos problemas - expliquei sussurando de volta.

Ouço sem muita animação os primeiros grupos apresentarem o trabalho de literatura, e logo Dix e eu somos chamadas.

- vamos meninas, é a vez de vocês - a voz rude da professora preencheu meus ouvidos.

- aqui está - entreguei meu pendrive a ela.

- podem começar - disse a professora.

Nosso trabalho consistia em falar de um autor da literatura brasileira. Carlos Drummond de Andrade, agradeci aos céus, por ser fácil e o que Dix e eu mais gostamos.

Começamos a apresentar o seminário, era a única coisas que estava seguindo em perfeita ordem, na minha manhã desastrosa.

- eu tenho uma pergunta, para Dixie - Liya, ergueu a mão.

- diga - Dix disse tranquila.

- que tipo de texto escreveu Machado de Assis no começo da sua carreira? - indagou.

Dixie me lançou um olhar um tanto perdido, mas logo sorriu aliviada e percebi que já sabia o que falar.

- no começo, apostou em textos conservadores com influência romântica - respondeu minha amiga, sorriu vitoriosa e ouvi seu resmungo.

Ela continuou sua parte e logo iniciei a minha, Liya me interrompia para fazer perguntas fora do tema, além de conversar demais, e estava me tirando a total concentração, mas o auge foi quando me disse que eu estava errada.

- tá querendo meu irritar, caralho? Atrapalha a porra da apresentação pra dizer o que eu já tinha falado, quer vir apresentar essa buceta no meu lugar? - a professora arregalou os olhos e ela riu falsamente.

- Allyson, isso são modos? Pare já! - minha professora disse exasperada. Era nítida sua irritação.

- o comportamento dela está terrível, professora, até parece que não tem educação - falou.

- educação? Se fode, você e quem me acha se educação - rebati.

- CHEGA, AS DUAS PARA DIRETORIA AGORA! - gritou Rosália e saímos.

- mas, eu não fiz nada, Rosália - protestou Liya e sorri tranquila.

° ° °

- e o seu castigo? - indagou Dix.

- dar aula de reforço o período da tarde todos os dias, por um mês na biblioteca. Tirando que tô de recuperação em literatura - bufo.

- que merda - Dixie diz e dei de ombros.

Literatura é minha matéria favorita, então tiraria de letra, e sobre a aula de reforço, eu realmente não ligava, acredito que ninguém irá querer.

- vai na cafeteria hoje? - perguntei.

- sim, vou encontrar o Jonathan - abriu um sorriso bobo.

- tu não disse que seria umas bucetadas sem compromisso? - arquei a sobrancelha.

- qual é? É o Jonathan. Além de gato, um grande gostoso. Uma pessoa incrível - disse suspirando.

- toda boiolinha pelo Miller, chega a manteiga derrete - ri dela.

- não vou falar nada porque ele é uma excessão. Só podia ser meu amigo - me gabei jogando o cabelo.

Chegamos na cafeteria, cumprimentei Jonathan, e os deixei sozinhos e fiz meu pedido, observando o céu em tom acinzentado. Saio de meus pensamentos com a garçonete me entregando meu café, pago. Me despeço de meus amigos e vou para casa.

- pai? Pâmela? - chamei e não ouvi nada.

- sozinha, de novo - suspirei.

Após um banho rápido e quentinho, coloco um moletom sento na varanda observando a chuva e retiro um maço de cigarro do bolso.

Eu não deveria continuar fumando, havia prometido meu pai que pararia, mas era mais forte que eu.

- me desculpa por isso - olhei para o cigarro entre meus dedos, acendi e pus em meus lábios. Logo coloquei meus fones, dando play na música.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐈𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊 ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora