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"Ela é dura consigo mesma
Ela está destruída, mas não pede ajuda
Ela é confusa, mas é gentil
Ela é solitária na maior parte do tempo
Ela é isso tudo misturado"- Song: she used to be mine.

- Allysson -

Por fim era 01:46 da madrugada e minha pouca bateria social ja tinha acabado.
De repente começo sentir o ar faltar em meus pulmões, a enorme casa de Chris parece ser miúda, e uma dor insuportável no peito começa a se instalar.

De novo não... Agora não.

A dor se torna mais forte, passo correndo e empurrando os corpos suados a minha frente, mas pareço estar num labirinto sem saída. Consigo sair da casa, e vou em direção a meu carro e esbarro em alguém.

- Allysson? O que houve? - indaga Jordan assustado.

- nada - digo sem fôlego, chorando.

- alguém fez alguma coisa com você? - segurou meus ombros olhando em meus olhos e neguei - responde! - falou nervoso.

- você não tá bem. O que eu faço pra ajudar? - perguntou preocupado.

- me deixa, porra - falo tentando respirar e entro em meu carro.

- para de ser teimosa - ele se aproxima do carro e iria entrar, mas arranquei com o carro e corri para casa, sentindo a dor apertar e ficar insuportável.

Ligei para meu pai, o avisando da minha situação. Assim que cheguei em casa, ele veio em minha direção, seus olhos transmitiam desespero e em suas mãos meus remédios.

Quando dei por mim já estava na clínica, mais precisamente no oxigênio que estava me ajudando a respirar. Na verdade não faço ideia de como cheguei aqui.

Minha médica entrou no quarto e como eu já estava respirando melhor, retirou a máscara de meu rosto.

- bom, precisamos conversar, mocinha - disse a médica sentando ao meu lado.

- ok - digo baixo.

- você tem fumado? - indagou direita e virei o rosto.

- Ally, por favor... - suspirou.

- eu tô parando, Ellen. Eu juro - disse rápido e meu pai me olhou decepcionado.

- eu não tenho boas notícias - disse minha médica e meu pai passou a mão pelo rosto de forma nervosa.

- Ally, o câncer no seu pulmão está num estágio mais avançado. Vem progredindo perigosamente, você precisa de mais cuidados, a quantidade de remédios vai aumentar. E você precisa parar de fumar definitivamente - falou.

- ok, mas ela vai ficar bem. Não vai, Ellen? - indagou meu pai desesperado com os olhos marejados.

- claro que vai. Vaso ruim não quebra atoa - brincou, quebrando o clima tenso e meu pai assentiu aliviado.

Eu sabia que era mentira, Ellen também sabia. Faço tratamento contra a doença à três anos, as melhoras sempre foram insignificantes. Eu queria parar o tratamento, era cansativo e doloroso, mas a esperança nos olhos do meu pai me faziam continuar.

- já está liberada, se cuida em - beijou minha testa e saiu.

- pai, eu vou ficar bem, não se preocupa - falei.

- você é minha princesinha. Meu orgulho, é impossível não ficar preocupado - falou e me abraçou.

- chega de choro. Estou ótima, já consigo correr uma maratona se bobear - brinquei e ele sorriu fraquinho.

Fomos pra casa, e meu pai estava quase caindo de sono. Ele é cientista forense trabalha em um laboratório policial fazendo análises de vestígios criminais entre outros. Sempre chega de noite e extremamente cansado.

Mas, mesmo assim procura saber sobre meu dia.

- e então, conheceu alguém mais interessante do que o besta do Jacob na festa do Chris? - indagou curioso.

As lembranças da noite vieram a minha mente... A aproximação de Jordan, a forma que me senti balançada por tê-lo tão perto, senti meu corpo incendiar. Além de sua preocupação estampada no rosto.

- não, não conheci ninguém - disse afastando meus pensamentos.

° ° °

- papai, por Deus. Eu vou ficar bem - insisto. Depois de ontem meu pai não quer deixar eu ir para escola.

- você precisa descansar, Ally- falou Pâmela a senhora de 60 anos que é a governanta de minha casa.

- já falei isso - disse meu pai.

- quando eu morrer vou descansar. Talvez meu descanso esteja próximo - soltei uma risadinha.

- Allyson Nieves, vira essa boca pra lá! - brigou meu pai.

- tá, tá. Já disse que eu vou, não sou nenhuma inválida, eu tenho uma vida, apresar de tudo - falei e me despedi deles.

Cheguei na escola, não estava disposta a fazer nada. Então permaneci calada, apenas ouvindo meus amigos conversarem.

- eu odeio estudar - mumrurou Stella.

- a aula nem começou ainda, hoje é o primeiro dia que você vem essa semana. E olha que já é sexta-feira - disse Jonathan.

- não sei como tira notas boas - disse Dix rindo.

Todos conversavam animadamente, animados até demais, olhando pelo lado que beberam excessivamente na noite passada.

Olho para Jordan que me encara sério, como se estivesse procurando algo. Desvio o olhar, voltando a atenção para meu celular.

- bro, tá tudo bem? - indagou Vinnie.

- aham, porque? - perguntou de volta.

- tá calado demais. Na verdade você e a Ally- olhou para ele e pra mim com os olhos cerrados.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐈𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊 ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora