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Dezenove

"eu sou apenas uma linha sem gancho. Oh baby, eu sou um desastre" - Song: Line Without a Hook.

- Allysson -

Segunda-feira.
Odeio os inícios de semana. Bocejo saindo do meu carro e caminho até às porta da escola.

- você chegou, ainda bem. Sabia que você mora no meu coração? - indagou Jordan, sorrindo.

- o que você quer, Powell? - cerrei os olhos.

- estou com um problema - disse.

- o seu problema me afeta? - indaguei.

- não - ele respondeu.

- então, sofra em silêncio - soltei uma piscadela.

- preciso do seu questionário de química, não consegui de responder o meu - disse Jordan, e dei de ombros.

- por favor, porra - ele juntou as mãos, pedindo.

- e o que eu ganho em troca? - abri meu armário.

- eu sou uma ótima recompensa, baby - ele sorriu malicioso. E revirei os olhos.

- toma enjôo. Mas, eu quero sorvete - falei entregando o questionário.

- tudo que você quiser, rolinho - exclamou deixando um beijo em minha bochecha. E se afastou.

Terminei de pegar os livros, dando de cara com Jacob. Já fazia uma semana que eu não o via.

Suas pupilas dilatadas e o cheiro de entorpecente estava impregnado em seu corpo. Jacob era legal, mas, depois que começou a fazer o uso dos entorpecentes ficou agressivo e descontrolado, então, me afastei totalmente dele.

- Jacob... Oi - falei um tanto sem graça.

- temos pendências para resolver - falou em tom de ameaça.

Ele começou a me cobrar coisas, como se fosse meu dono, falava comigo de forma agressiva, e estava me assustando.

- você tá me machucando - choraminguei, enquanto Jacob me puxava querendo me levar para fora da escola.

- foda-se - ele rosnou, ainda me puxando.

- você é surdo? Ela já mandou soltar - exclamou Jordan, seus olhos estavam escuros e maxilar travado.

- e se eu não quiser? Você vai fazer o que? - zombou Jacob, o desafiando

Soltei um pequeno grito, quando Jordan empurrou Jacob contra os armários, fazendo ele me soltar. Jordan o esmurrava como fosse um saco de pancadas qualquer.

Logo uma multidão de alunos ficou ao redor deles, incentivando mais a briga.

- Jonathan, faz alguma coisa, porra - falei nervosa.

- mano, chega - Jonathan tentava me puxar Jordan, que com relutância saiu de cima de Jacob.

Sua respiração estava ofegante, os punhos tinham sangue, que era resultado do nariz quebrado de Jacob.

- agora a vadia tem um namoradinho. Tá comendo ela Powell? Faça bom proveito dos meus restos - disse Jacob colocando a mão no nariz que sangrava.

Antes que eu pudesse calcular as ações de Jordan, ele acertou outro soco em Jacob, fazendo ele cambalear e segurou o colarinho se sua camisa, trazendo o garoto para perto.

- dá próxima vez, só vou parar quando precisar você precisar de uma ambulância para se locomover - ele falava entre dentes e o soltou.

- Jordan, deixa isso quieto - falei entrando na frente dele.

- ele estava te machucando, Ally - ele passou as mãos nervosamente pelos seus cabelos.

- mas, eu tô bem agora - sorri tentando acalmar ele. E o mesmo assentiu respirando calmamente.

Antes que pudéssemos pensar em qualquer coisa ouvimos a voz estridente da diretora.

- os três para minha sala, agora! - esbravejou a diretora.

Após ouvir o sermão da diretora. Jordan e eu caminhamos em silêncio total até a enfermeira que se encontrava vazia.

Procurei pela maleta de primeiros socorros e fui em até Jordan. Me colocando entre suas pernas.

- obrigada por me defender - abri um sorrisinho pequeno, limpando o machucado de seu rosto.

- eu nunca deixaria ninguém te tratar daquela forma e não fazer nada - ele disse gentilmente.

Como não sei lidar com demonstração de afeto apenas sorri sem mostrar os dentes. E voltei minha atenção ao machucado de seu rosto.

Seu olhar atento em mim estava me deixando desconcertada.

- acabei - falei saindo do meio de suas pernas.

- como vou ficar bem, se você não me deu nem um beijo para eu melhorar? - ele segurou minha cintura, formando um biquinho ligeiramente fofo nos lábios.

- se orienta, tá carente? - zombei.

- talvez - ele fitou meus olhos e desceu da maca, apertando minha cintura.

° ° °

- e foi por isso que cheguei mais tarde. Estava de detenção - expliquei.

- ele te defendeu e você não teve a decência de dar um beijinho de agradecimento nele? - indagou Pâmela, fingindo estar indignada.

- claro que não. Que horror - falei olhando as unhas.

- essa implicância de vocês é sentimento reprimido. No fim, estarão apaixonados - disse a senhora, gesticulando com as mãos.

- sem chances - soltei um riso zombeteiro - Somos tão opostos com água e o óleo - completei.

- como tem tanta certeza? - Pâmela me encarou.

- eu sou um oceano de problemas. E o Jordan é como a luz da manhã - falei voltando encarar as unhas.

- está dizendo que ele é bom demais pra você? - a senhora cerrou os olhos.

- claro que não. Só disse que eu não me apaixonaria por um cara como ele, não faz meu tipo - falei por fim. E comecei a mexer em meu celular.

Eu me proibia de pensar em Jordan. Em pensar na forma que me senti confortável e em paz quando ele me abraçou. Ou como me senti protegida, quando ele enfrentou Jacob.

Eu não gostava de Jordan, mas não poderia negar. Ele merecia alguém incrível, incrível como ele.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐈𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊 ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora