Termino o nó da gravata e desço as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho.
É inútil, já que todos estão na cozinha; Averil já em seu uniforme idêntico ao meu exceto pela saia plissada e os sapatos, Isaiah em um terno cinza engomado e Daisy usando óculos escuros na ponte do nariz. Eles levavam uma vida mediana, com condições de pagar uma boa escola para Averil e uma casa simpática em um dos bairros mais seguros de Boston
—Bom dia. — cumprimento, embora não receba uma resposta.
Passo os olhos pelas tarefas e penso em algo para o café, optando por panquecas de banana e bacon.
"Como diabos alguém come bacon no café da manhã?" É meu pensamento recorrente enquanto o bacon chia na frigideira e eu bato a massa, cortando a banana em rodelas.
Me abaixo o procuro por outra panela e começo a fazer as panquecas, com uma pilha de quatro para cada um e deixo o mel perto dos pratos, colocando o bacon em todos, exceto no meu prato. Me sento na mesa ao lado de Averil e ela me estende o mel, ainda focada em seu celular.
—Obrigada. — suspiro e pego um pedaço, levando aos lábios e mastigando vagarosamente.
—Gabriel, — a voz de Daisy é calma e acolhedora e seus olhos enrugaram quando encontrei seu olhar; posso notar uma tentativa falha de corretivo e base para cobrir suas olheiras. —É o seu primeiro dia de aula.
Contenho uma resposta sarcástica.
—E com certeza deve se sentir nervoso, certo? País novo e escola nova.
Lambo os lábios e engulo antes de responder. —É apenas uma escola, vou ficar bem. — certamente não era o que minhas entranhas nervosas diziam.
Ela sorri calorosamente. —Claro. De qualquer forma, caso queira nos ligar para vir para casa, ou sofrer alguma discriminação, se sinta à vontade para compartilhar. Averil vai se esforçar para estar sempre com você.
—É muito atencioso da sua parte, senhora Daisy. — meu sotaque corrói, quase dizendo dona Daisy, o que é um pouco engraçado.
Ela sorri e assente, se levantando e deixando um beijo na cabeça de Averil e passa a mão pelos meus cabelos. Agora, fica silencioso, exceto pelo diálogo que Isaiah tem ao telefone.
Isaiah nos leva ao colégio e é uma surpresa que Averil se sente no banco traseiro. Penso que talvez seja para me fazer companhia? De qualquer forma, diferentemente da noite anterior, os portões abertos revelam vários alunos em panelinhas ou duplas, conversando e rindo.
Caso estivesse no Brasil, iria correr para gritar e fazer alguma coisa com os meus amigos, mas aqui, com todos os americanos evitando ao máximo se tocarem, me sinto intimidado.
—Eu busco vocês às três horas. — diz.
Averil murmura em concordância e eu a sigo, os ombros encolhidos enquanto vejo os adolescentes confraternizando e se cumprimentando com high-five.
—Qual a sua primeira aula? — Averil pergunta e se encolhe mais no casaco do colégio.
Usávamos o mesmo padrão de casaco, que chegava até os joelhos e por dentro eram revestidos de pelúcia; a maioria também, exceto os garotos e garotas que usavam a jaqueta de algum time interescolar.
Abro meu celular e entro no e-mail, deslizando até achar o endereço da escola e clicar na tabela, vendo que é física.
Deixo minha cabeça cair. —Droga é física.
Averil ri. —Que merda. Eu tenho orientação.
Coloco o celular no bolso e olho para a construção imponente e moderna enquanto entramos no colégio.
![](https://img.wattpad.com/cover/345360066-288-k314458.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
MADE IN ̶B̶R̶A̶Z̶I̶L̶ USA
Teen FictionAdeline e Gabriel. Adeline Belmodeur Ricco é uma típica adolescente norte-americana que pertence à uma classe mais elevada, com uma vida perfeita em sua bolha cor-de-rosa, mas Gabriel Alves Bernaddes, um intercambista brasileiro trás o caos em sua v...