CAPÍTULO XXI - FIM

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{CLARICE} [TRÊS ANOS DEPOIS]

- Ufa, acabamos. - Bea suspirou, se jogando no sofá da nossa nova casa. Nós duas agora estávamos morando juntas, após longos anos de namoro, e eu estava pronta para pedi-la em casamento.

A banda fez um grande sucesso nesse meio tempo, o que nos rendeu um bom dinheiro.

Eu sorri, vendo aquela figura loira com agora mechas rosas no cabelo jogada no sofá do apartamento, cansada depois de carregar tantas caixas.

Eu não podia estar mais feliz do que eu estou, estava fazendo faculdade e morando com o amor da minha vida, o que mais poderia melhorar?

Se eu estava nervosa? Sim, para caralho! Eu me sinto nervosa até hoje quando vou beija-la, imagina se ela descobre que no bolso da minha calça tem duas alianças douradas, só esperando dar o horário do sol se pôr.

Lotus e Garden, nosso novo gatinho, pularam em cima de Bea, a atacando com carinhos.

- Amor, vou tomar um banho, tudo bem? - Disse, indo em direção ao banheiro que finalmente estava pronto.

- Ei, me espera! - Correu e segurou meu braço, me fazendo virar para trás - Tá tudo bem?

- Tá tudo ótimo. - Fui um pouco seca, mas Bea não pareceu ficar chateada.

- Você nunca toma banho sozinha, tá me odiando agora? - Ri e dei um selinho em seus lábios.

- Então a senhorita quer tomar um banho comigo? - Bea assentiu, feliz - Então vem cá. - A segurei pelas pernas, fazendo Bea deitar como um saco de batatas no meu ombro. Ela ria enquanto eu a levava para o banheiro.

Ligamos o chuveiro e foi aquela briga de sempre, ela adorava banho fervendo e eu amava água fria, foi uma luta para acharmos uma temperatura boa para nós duas.

Ela gostava que eu lavasse seu cabelo, aqueles fios loiros que iam até depois da cintura cheiravam tão bem e o mérito era meu.

Depois de três anos de namoro, nada era muito íntimo para nós. Eu conhecia cada parte de Beatrice, cada detalhe, e eu nunca me cansava.

Ao sairmos do banho, disfarcei a caixa de veludo no meu amontoado de roupas e joguei direto na cesta. Sequei os cabelos de Bea, depois eu vi a noite chegando e então me preparei.

Enquanto ela organizava as tralhas na penteadeira, peguei a carta que escrevi, as alianças e a chamei na sacada.

Me apoiei no batente, tremendo como se estivesse em um terremoto próprio. Quando Beatrice chegou, usando um roupão de estrelas igual ao meu, todo meu nervosismo foi tirado com a mão.

Após seu sorriso, eu tinha uma certeza: Bea vai se casar comigo.

- Tenho um presente para você. - Disse, acariciando sua bochecha, meu dedo saiu melado de hidratante ou algo assim.

- Sério? - Arqueou as sobrancelhas. Eu a entreguei a carta primeiro, me esforcei muito naquela letra e esperava que ela entendesse tudo.

"Querida Beatrice Woodsen,

Em primeiro lugar, quero ressaltar o quanto você está linda hoje. Eu sei, provavelmente disse isso na hora em que acordamos, mas você sempre está linda. Hoje, mais do que nunca, eu percebo o quanto sou abençoada por sua presença.

Você é como uma alvorada, o primeiro raio de Sol do dia, uma faísca de esperança, o amor incandescente. Afinal, o Sol há de raiar, o meu raia todos os dias ao meu lado.

Eu amo você, sei que é clichê dizer isso em cartas, mas o amor é a palavra mais próxima do que eu sinto de verdade por ti. Eu não te amo, porque esse sentimento é minúsculo comparado com o que eu sinto, porém nunca vai existir palavra grande o suficiente que englobe isso.

Não sei como eu passei dezessete anos da minha vida sem você. Eu era cega, surda, e de repente eu via tudo.

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez em que te olhei e descobri que te amava, foi na formatura. Não dá para esquecer aquele dia, você parecia uma princesa naquele vestido dourado, e ali eu soube que você me tinha nas suas mãos para sempre.

Você é muito mais do que uma mulher, amor. Você é a paixão em pele e osso, você é o sangue que corre em minhas veias e pulsa dentro do meu coração.

Agora estamos em uma fase nova na nossa vida, estamos em Oxford cursando a faculdade juntas, temos um gatinho novo, deixamos Ropewalks para trás, mas não por muito tempo.

Ainda temos 23 anos, somos jovens. Mas já imagino nós daqui cinquenta anos contando de como nos conhecemos para os nossos netos, porque é isso que eu quero. Eu quero uma família com você, Beatrice, filhos e netos.

Eu não acredito em reencarnação, logo aquela frase de nada ser eterno é real, exceto o meu amor por você. As músicas, os poemas, as cartas, as fotos da sua Polaroid, cada gravação é uma prova eterna de que existe sim amor. Tudo isso não pode ser desfeito, e com certeza jamais será esquecido (até porque a humanidade não vai durar tudo isso de tempo).

Pode me achar louca, você já disse isso um milhão de vezes, mas eu sou a pessoa mais apaixonada do planeta, vou ser até morrer.

Todo segundo que passo com você é um segundo que valeu a pena, e os que não passo, você sempre está em mim.

Hoje eu não comprei flores, nem vinho branco, nem risoto de frutos do mar e nem vou te levar no ponto mais alto da cidade, achei bem mais simbólico fazer isso na nossa varanda, vestindo pijamas com a luz do pôr do Sol nos iluminando.

Beatrice, você aceita se casar comigo?"

Eu me ajoelhei no chão, quando seus olhos castanhos e marejados se encontraram com os meus. Nunca esperei me agachar na frente de ninguém, mas cá estava eu, ansiosa por seu sim.

- Claro, idiota, sim! - Riu, secando as lágrimas. Me levantei e beijei todo o seu rosto, a abraçando com força, prestes a explodir de felicidade - Eu amo você, muito.

- Eu também te amo muito. - Tomei seus lábios para mim em um beijo lento e apaixonado, bem diferente do nosso primeiro beijo.

Beatrice Woodsen, a minha noiva e futura esposa, e também uma divindade na Terra.

Ao nos separarmos, colocamos as alianças e, por mais incrível que pareça, coube certinho.

Eu me sentia feliz e completa, nada poderia me abalar naquele momento. Pelo resto da vida, acordava todos os dias ao lado da minha alvorada e adormecia ao seu lado também.

Para os curiosos, nos casamos dois anos depois, nos formamos e tivemos dois filhos lindos, Max e Emily, e um peixinho beta chamado Louis.

A gata Lotus faleceu cinco anos após meu casamento, quando Bea estava grávida de Max. A banda Lotus se separou dez anos após, quando decidimos seguir nossos próprios trilhos, após lançarmos dez álbuns, e deu tudo certo.

Os anos se passaram, eu fiquei idosa, e ela estava cada dia mais linda. Reclamava das rugas no espelho e do cabelo grisalho, mas para mim esses pequenos detalhes da idade apenas a deixava mais sexy e bela.

Após uma longa vida feliz, faleci aos 73 anos ao lado da mulher que amava por conta do fumo excessivo. E após isso, não tem mais história, meus filhos já eram crescidos e Bea também já estava "no bico do corvo".

Bea faleceu aos 74 anos, sem motivo específico, enterrando assim a nossa história em um cemitério, mas amores são eternos e tocam nas rádios até hoje.










FIM

Flor De Lotus: A Bandinha De Garagem. (og version)Onde histórias criam vida. Descubra agora