Capítulo 1 - eu quero esse homem.

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Você se encontrava com um copo de bebida na mão esquerda, enquanto a outra segurava a barra de metal à sua frente.

Sua camisa estava completamente desabotoada, sendo segurada apenas pelas mangas compridas sobre os ombros.

Seu corpo fazia movimentos como ondas, os quadris acompanhando o ritmo da música enquanto você dançava no pole.

Sua perna entrelaçada ao metal te fazia girar no eixo daquilo, com uma certa dificuldade por conta da roupa e da bebida, que fazia seu corpo amolecer.

As pessoas abaixo do palco aplaudiam e davam risadas, alguns comentavam sobre a beleza do corpo, outros faziam piadas pela dança desengonçada, mas pareciam gostar.

Você se colocou de frente para o público, a respiração ofegante e o abdômen completamente suado, seu braço se elevou acima da cabeça, agarrando a coisa cinza, as costas grudadas naquilo deslizavam com facilidade até o chão.

Mas então, antes que pudesse terminar o movimento, você sente braços fortes te pegarem no ar e colocar suas pernas ao redor daquele corpo musculoso.

# Y: ei! me solta! quem é você?!

Você se debatia, batendo os pés nas costas do desconhecido. Sua visão estava embaçada, te impedindo de ver claramente o rosto do indivíduo.

Ele desceu do palco com você no colo, sendo vaiado pelas demais pessoas que queriam te ver dançando mais.

# A: fique quieto.

A voz grossa e, ao mesmo tempo, suave, ecoaram por todo o seu corpo, te fazendo ter algum tipo de choque de realidade; já que antes, todas as vozes estavam misturadas na sua cabeça.

Você observou as pessoas atrás, ficando cada vez mais longe de toda aquela música e barulho, escutou o “click” de uma porta sendo aberta e logo em seguida fechada.

# Y: que lugar é esse?!

As palavras saíam emboladas da sua boca, você piscava várias vezes tentando recobrar a visão.

# A: uma sala privada, com isolamento acústico.

Você ergueu as sobrancelhas e deu uma risada alta.

# Y: se quer transar comigo era só ter pedido, não precisava me sequestrar, bonitão.

Sua visão já estava mais amena e agora era possível ver o rosto do rapaz. Ele era alto, cabelos rosados, um rosto pálido com listras, os olhos mais frios - porém, brilhantes - que você já havia visto.

# A: se liga, garoto. não quero. e você está bêbado, caso não tenha percebido.

Você nem estava ligando para as palavras dele, seus olhos estavam completamente perdidos naquele corpo tatuado. Ele trajava algum tipo de uniforme e seu nome estava pendurado num broche ao lado direito do terno sem mangas.

# Y: A-Ak..o que? que nome esquisito é esse?

Você o viu revirar os olhos e andar alguns passos até um frigobar ao lado.

# A: é Akaza. A-ka-za.

Ele pronunciou o próprio nome, como se você fosse um bebê aprendendo a falar.

Vocês ficaram em um silêncio constrangedor enquanto ele pegava alguma coisa dentro daquilo, em um piscar de olhos você sentiu uma garrafada na sua cabeça, te fazendo soltar um ruído de dor.

# Y: caralho! tá cego?!

# A: foi mal.

Isso foi tudo que ele disse. Você pegou a garrafa, era água, provavelmente ele tinha te dado aquilo para amenizar os efeitos do álcool.

Em uma golada você tomou metade da garrafa.

# Y: hm, fala aí, por que me tirou de lá? tava divertido, cara!

Ele se recostou na poltrona que havia lá, você estava sentado no pequeno sofá.

# A: você estava sendo visto como atração sexual e, pela seu rostinho, você não deve ter nem 25 anos.

Uma das suas sobrancelhas se ergueram, um pouco confuso pela suposição certa.

# Y: e..?

Uma risada anasalada saiu dele.

# A: olha, além de barmen desse lugar, eu também sou dono.

Ele falou, pairando sobre você com as mãos no joelho para alcançar o seu olhar.

# A: e, particularmente, eu odiaria ver um garotinho ser devorado por marmanjos que não valem nada no meu trabalho. aqui não é motel ou puteiro.

Você engoliu seco, levando a cabeça para trás, como se estivesse tentando fugir do olhar metralhador que ele estava te dando.

Percebendo que havia te assustado, ele levou a mão até seus cabelos, acariciando o lugar com um sorriso curto e quase forçado.

# A: você precisa de juízo antes de sair dando pra qualquer um.

# Y: qual é! você nem me conhece e já está presumindo que sou gay e que dou?!

Sua fala irritada o fez rir alto; ele se afastou e parou na porta, antes de sair, virou para você mais uma vez e disse:

# A: foi só uma piada, mas parece que acertei na mosca. fique o tempo que precisar aqui, preciso voltar ao trabalho, garotinho.

Antes que você pudesse reclamar do apelido inapropriado para um rapaz adulto, ele saiu, fechando a porta.

Você conseguiu ver o último olhar que ele te deu, com uma piscadela suave e um sorrisinho travesso.

# Y: Puta que pariu. Eu quero esse homem.

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